O ministro da Saúde Pública, Dionísio Cumba, afirmou que falha no sistema de saúde em responder e fornecer um atendimento acessível e de qualidade à saúde materna está a aumentar a prevalência da fístula obstétrica na Guiné-Bissau.
Dionísio Cumba falava nesta quinta-feira, 16 de setembro de 2021, no encerramento da quarta campanha nacional de tratamento de mulheres e meninas vítimas de fístula obstétrica que decorreu de 6 a 16 de setembro de 2021. Na ocasião, o ministro lembrou que a fístula é classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como “consequência de um parto negligenciado”.
“Essa dramática doença se não é tratada a tempo cria complicações e vergonha nas mulheres e meninas e, consequentemente, pode provocar mortes”, alertou e lembrou que é uma doença que pode ser evitada e curada, através de procedimento cirúrgico.
“As vítimas devem ter acesso aos médicos e às instalações médicas que podem intervir quando ocorrem complicações”, precisou.
Por seu turno, o representante do Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP), Cheikh Fall, frisou que a fístula obstétrica além de causar a demora no atendimento ao parto, é também um problema de direitos humanos, de equidade e de igualdade de género, bem como da pobreza de cultura.
Cheikh Fall disse que a fístula obstétrica causa sofrimento físico, psicológico e social que obriga a portadora da doença a não realizar nenhuma atividade económica ou a evoluir com passividade na sua comunidade.
“Para a luta contra a fístula obstétrica na Guiné-Bissau, o FNUAP deu uma atenção e conseguiu tratar 305 mulheres nas diferentes campanhas, de 2009 a esta parte, e apoiou financeiramente outras em número considerável, para realizar atividades geradoras de rendimento.
O ato culminou com a assinatura de um memorando de entendimento entre o Ministério da Economia, Plano e Integração Regional e o Ministério da Mulher, Família e Solidariedade Social, que vai determinar as intervenções das partes envolvidas nesta matéria, neste caso, o FNUAP, o financiador. Para 2021, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) disponibilizou fundos para a luta contra a doença.
Após a assinatura do documento, o ministro da Economia, Plano e Integração Regional, Victor Luís Mandinga, disse esperar que o governo, através do ministério da Saúde Pública e as entidades intervenientes na matéria, possam trabalhar para erradicar a problemática de fístula obstétrica nas mulheres e meninas guineenses.
Mandinga frisou que a iniciativa do executivo relativamente à doença defende que sejam definidos três pilares, nomeadamente, a sensibilização, a assistência médica e a reinserção social.
O governante apelou à CEDEAO e ao FNUAP a investirem mais e aumentar recursos para dar “resposta intransigente à fístula obstétrica, dentro dos limites possíveis”.
A ministra da Mulher, Família e Solidariedade Social, Maria da Conceição Silva Évora, lamentou que muitas mulheres desconheçam o método de tratamento da fístula por via da cirurgia e acabam por ser isoladas das suas comunidades e disse que a fístula ocorre principalmente nas raparigas e mulheres pobres e analfabetas do meio rural.
Para Maria da Conceição Silva Évora, a fístula deve ser considerada um problema da saúde pública na Guiné-Bissau, de igual que a desigualdade de género, pobreza, casamento prematuro e gravidez precoce.
A titular da pasta de Solidariedade Social garantiu que o governo vai envidar esforços para intensificar a componente sensibilização sobre a doença, prevenção de novos casos, identificação de casos existentes, criação de possibilidade de tratamento e reintegrar as mulheres que padecem da doença.
Por: Djamila da Silva
Conosaba/odemocratagb
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