domingo, 12 de outubro de 2025

ESTUDO REVELA RISCO CRÍTICO DE EXTINÇÃO DOS CHIMPANZÉS-OCIDENTAIS NA GUINÉ-BISSAU

 

Um novo estudo publicado esta sexta-feira na revista científica Evolutionary Applications alerta para o risco crítico de extinção dos chimpanzés-ocidentais (Pan troglodytes verus) na Guiné-Bissau uma das espécies mais emblemáticas e ameaçadas da África Ocidental.

De acordo com o Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas (IBAP), que partilhou a informação na sua página oficial do Facebook, a investigação contou com o apoio de várias instituições e investigadores nacionais e internacionais. O estudo estimou o tamanho efetivo populacional (Ne) dos chimpanzés no país, com o objetivo de avaliar o impacto da perda de diversidade genética e apoiar estratégias de conservação.
Abrangendo quase toda a área de distribuição da espécie em território guineense, o trabalho utilizou uma abordagem inovadora com dois tipos de dados: genomas completos de chimpanzés nascidos na natureza anteriormente mantidos como animais de estimação e mais tarde resgatados pelo IBAP e amostras de DNA obtidas de forma não invasiva, através de excrementos recolhidos em quatro parques do sul do país.
Os investigadores aplicaram diversos métodos analíticos (PSMC, GONE, MSVAR e NeEstimator) para estimar o número de indivíduos reprodutores e compreender a dinâmica populacional ao longo do tempo. Os resultados revelam uma tendência preocupante:
História antiga: há cerca de 10 a 15 mil anos, o tamanho populacional era elevado, indicando grande conectividade entre populações.
Grande declínio: a população reduziu-se de aproximadamente 10.000 para entre 1.000 e 6.000 indivíduos, resultado da perda de habitat e da fragmentação.
Situação atual: o tamanho efetivo contemporâneo é estimado em apenas 500 indivíduos reprodutores número que coloca a espécie sob elevado risco de extinção sem ações urgentes.
O estudo identifica ainda as populações de Cufada e Cantanhez como pequenas e isoladas, enquanto Dulombi e Boé abrigam os maiores efetivos e são consideradas áreas prioritárias para a conservação.
Segundo o IBAP, a população global do chimpanzé-ocidental diminuiu cerca de 80% entre 1990 e 2014, refletindo a gravidade da crise enfrentada pela espécie em toda a África Ocidental.
Entre as principais recomendações destacam-se a reflorestação e a proteção de corredores ecológicos que promovam a ligação entre áreas protegidas, a sensibilização das comunidades locais para reduzir conflitos com os animais, e o reforço das ações contra a caça e o comércio ilegal de juvenis como animais de estimação.
O artigo é dedicado ao Prof. Michael W. Bruford (Universidade de Cardiff) e à Prof.ª Cláudia Sousa (Universidade Nova de Lisboa), e é descrito como um esforço conjunto entre investigadores e instituições nacionais em prol da conservação da biodiversidade guineense.
RSM: 11-10-2025

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