quinta-feira, 5 de junho de 2025

O ESTADO E A RELIGIÃO

É frequente ouvir as pessoas a dizerem ou escreverem o seguinte: "Não, sabem que a religião é sensível, o nosso Estado é laico, etc."

Sem a intenção de ofender ninguém, acho que as pessoas que fazem estes argumentos desconhecem ou não sabem das relações (cumplicidades) históricas que sempre existiram entre qualquer Estado, Nação ou território com os seus praticantes de seitas ou religiões.
Eis os factos:
1. O Império Romano adoptou o Cristianismo depois do século 4;
2. Os descobrimentos decorreram sob às bandeiras da religião cristã ou em nome de uma fé em particular;
3. Durante a época colonial Europeia por todo o mundo, a religião cristã esteve no epicentro de quase todas as decisões. No caso da Guiné-Bissau, basta pesquisar o papel das missões franciscanas não só no processo de evangelização, mas mesmo nas áreas de saúde, educação, e tantas outras estritamente ligadas à administração. Os registos históricos apontam também para os primeiros ensaios que a administração colonial fez para se aproximar e influenciar os "Tidjaniyas" na Guiné Portuguesa. Já agora, sabiam que a administração colonial portuguesa foi a primeira a oferecer bolsas de peregrinação à Meca e à Fátima? (Um texto sobre esta matéria mais tarde);
4. A própria nação norte-americana (Estados Unidos da América), embora proclame o princípio de laicidade, foi fundada em base da teocracia Judeia-Cristã;
5. Na Grécia e na Rússia há uma predominância da Igreja Ortodoxa nos assuntos do Estado;
6. Hoje, muitos estados do mundo são classificados como "Estados Islâmicos" (vide o Médio Oriente, a Ásia, a África);
7. Mesmo muitos estados que reclamam uma certa secularidade têm, infalivelmente, certas tendências confessionais com uma dose de mistura entre a democracia, teocracia, monarquia, etc.
PORTANTO, meus caros amigos e compatriotas...
Não nos deixemos consumir com as contradições e os desafios que a fé e a religião sempre tiveram no homem moderno. Quando esse homem assume o poder político, a sua tendência ou preconceito não se esvanece. Nos EUA, embora não obrigatório, o Presidente da República toma o seu juramento com a Bíblia na mão.
Resumindo: a religião foi (e será sempre) um dos mecanismos/instrumentos do poder político e social.
Agora, o que é desejável é permitir a livre prática e uma sã coexistência entre todas as religiões num determinado espaço geográfico, em prol da paz social, do bem-estar físico e espiritual e do desenvolvimento.
E, dentro desse mesmo espaço -- no espírito da separação de poderes -- respeitar também os que preferem não professar absolutamente nada.
--Umaro Djau
Deputado da Nação
5 de Junho de 2025


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