domingo, 22 de junho de 2025

Empantcha de abraços com lixos: MORADORES SENTEM-SE ABANDONADOS PELA CÂMARA MUNICIPAL E EXIGEM SOLUÇÕES SOBRE A CRISE DE LIXO


Os moradores do bairro de Empantcha, nas periferias de Bissau, estão em apuros com o lixo acumulado em diferentes zonas do bairro e relatam sentirem-se abandonados pela Câmara Municipal de Bissau e criticam a falta de ação daquela instuição, afirmando que não estão a ver sinais de que a remoção do lixo será efectuada, mesmo durante este período de chuvas.

Uma equipa de reportagem investigou a situação do lixo no bairro de Empantcha, ouvindo os moradores e um grupo de mulheres horticultoras que trabalham nas bolanhas daquele bairro. Os moradores abordados expressaram o seu desapontamento com o serviço de saneamento da Câmara Municipal de Bissau, que, segundo eles, nunca disponibilizou um contentor de lixo no bairro, nem indicou um local adequado para o descarte.

POPULARES PREOCUPADOS COM A SITUAÇÃO DO LIXO CRITICAM A AUSÊNCIA DA CMB

Marcelino Nancassa, um dos moradores, afirmou que não consegue explicar o motivo do isolamento do seu bairro por parte da Câmara, mencionando que, sendo nativo da região, nunca viu a Câmara municipal entrar no bairro para remover o lixo, muito menos indicar locais com contentores para a sua disposição. Assim, os moradores são forçados a descartar os resíduos nas correntes ou levá-los diretamente para as bolanhas.

Para Nancassa, a Câmara Municipal de Bissau deve sensibilizar a população sobre a forma correta de lidar com o lixo. A organização adequada do desperdício facilitará a sua remoção. Ele sugeriu que sejam colocados contentores em diferentes bairros, evitando o uso de correntezas, valetas e bolanhas.

Afirmou ainda que a Câmara não prioriza Empantcha como bairro; caso contrário, teria um plano de saneamento para a área.

“A CMB remove o lixo nos bairros vizinhos, mas nós não estamos na lista deles. Prioriza apenas as zonas alcatroadas. Gostaríamos de beneficiar do serviço, ou pelo menos que nos indicasse um espaço onde pudéssemos despejar o lixo de forma organizada, para que depois eles pudessem retirá-lo”, desabafou.

HORTICULTORAS QUEIXAM-SE DE LIXO E SACOS DE PLÁSTICOS QUE INUNDAM OS SEUS CAMPOS

Na mesma ocasião, as mulheres horticultoras aproveitaram os microfones de O Democrata para explicar os danos que o lixo causa nas suas atividades hortícolas. Segundo Muscuta Mancal, o lixo não apenas causa desgaste físico, mas os sacos plásticos também têm um impacto negativo nas suas plantações, pois impedem o desenvolvimento saudável dos legumes. Este é um problema que as obriga a passar quase todo o tempo a remover o lixo, especialmente durante a época chuvosa, levando algumas a abandonarem os seus espaços de cultivo.

Elas pedem a intervenção da Câmara para indicar um local apropriado para o descarte do lixo e para evitar estes comportamentos. Consideram que a intervenção da Câmara no bairro minimizaria a situação: “Certo que ninguém consegue manter o lixo em casa por muito tempo. As pessoas irão procurar uma solução. A intervenção da Câmara fará muita diferença em termos de lidar com o lixo. Embora nunca tenhamos recebido serviços de saneamento da Câmara, estamos a precisar deles porque estamos cansados desta situação”.

Para Carlos Mbana, o problema do saneamento na área é lamentável. Devido à atual situação, os moradores deitam o lixo à porta de suas casas, o que as deixa desconfortáveis. Embora o proprietário do terreno tenha permitido que as pessoas descartem lixo, o cheiro, a fumaça e as moscas, especialmente durante esta época, obrigam-nos a permanecer dentro de casa para evitar a situação.

Apela à Direcção de Saneamento da CMB para que elabore um plano de acção em matéria de saneamento básico em colaboração com a comunidade de Empantcha.

Em resposta a esses apelos dos moradores, a nossa repórter fez questão de ouvir um dos responsáveis do centro de saúde da comunidade, o médico Epifânio Gomes dos Santos, que explicou que o problema mencionado tem um impacto directo na saúde pública, especialmente neste período.

De acordo com Epifânio, os índices de diarreia e paludismo aumentam nesta época no centro de saúde do bairro devido a questões de saneamento (lixo e águas paradas). Ele apontou possíveis soluções, sugerindo a implementação de educação ambiental no currículo escolar para ensinar a gestão do lixo, o que teria um impacto positivo na saúde pública dos habitantes de Empantcha e não só.

Perante esta situação, a nossa repórter tentou contactar a Direcção de Saneamento Básico da CMB, mas não obteve sucesso.

Por: Jacimira Segunda Sia
odemocratagb

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