sábado, 1 de janeiro de 2022

LÍDER DO PAIGC CONSIDERA 2021 COMO ANO DE “MUITA TURBULÊNCIA” E INCERTEZA

 

O Presidente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, considera 2021 um ano de “muita turbulência, agitação e incertezas”, afirmando que o país carece de uma “liderança lúcida, esclarecida, comprometida e virada para o atendimento e satisfação das necessidades da população”.

“Infelizmente, seguimos o rumo da autodestruição, promovendo uma degradação acelerada de todos os indicadores da nossa vida económica, política, securitária e especialmente a social”, disse Pereira, esta sexta-feira, 31 de dezembro de 2021, em uma mensagem dirigida aos dirigentes e militantes do PAIGC, a partir da sua residência, em Bissau.

Simões Pereira argumentou que se registou uma ostentação pública da compra de consciência e instrumentalização de estruturas completas da sociedade guineense, sequestros, abstração à luz do dia, espancamentos de pessoas inocentes, humilhação pública de comunidades inteiras, prisões arbitrárias, “tudo com o fito de amedrontar e levar o povo à submissão à vontade e interesses de uma pessoa ou de um grupo de indivíduos”, assim como os serviços públicos degradam a uma velocidade incrível, ao ponto de os guineenses testemunharem uma paralisia sem precedentes na saúde e na educação, com reflexos terríveis na vida da população, na mesma altura em que se multiplicam a contratação de grandes créditos e a alimentação de uma vida de “abastança, luxo e turismo para uns quantos, em redor do regime”.

Simões Pereira afirmou ainda que o património público é dilapidado à frente de todos, para atender a interesses particulares e por conveniência, seja por via de compensações fraudulentas de terrenos públicos, seja por alienação indevida de edifícios de utilidade pública seja mesmo pela afetação direta do dinheiro dos contribuintes.

Para o líder do PAIGC, o atual regime não se coibiu de criar e multiplicar impostos, que chegaram à aberração de taxar o pensionista, de sancionar o pequeno produtor para aumentar a abastança dos privilegiados e de mais posse.

Pereira disse que a justiça vai sendo silenciada, dominada e paulatinamente convertida em um instrumento ao serviço dos “poderosos, para fabricar e implementar leis por encomenda e em função dos interesses do dito soberano”.

“A vergonha em que se converteu o processo de preenchimento da vaga do Presidente do Supremo Tribunal e Justiça é mesmo de bradar aos céus, constituindo um gravíssimo precedente no controlo e submissão de agentes judiciais com a vocação de servir a verdade e a justiça” disse, afirmando que o Ministério do Interior transformou-se “num bastião da ilegalidade e do crime organizado, reunindo condições para precipitar e fazer implodir um conflito de dimensões e consequências imprevisíveis”.

“A proclamada diplomacia agressiva e que se iniciara com a distribuição de postos internacionais a agentes da propaganda do regime, ganhou novos contornos por via de negócios obscuros para a alienação dos recursos naturais do país, chegando ao ponto de pretender a venda de partes do território nacional à socapa do povo guineense e em claro atentado à nossa soberania” denunciou, acusando as atuais autoridades de assumirem publicamente a intenção de “atacar e se possível destruir” o seu partido, ou então controlar as suas ações, estando disposto a ir a todos os extremos.

“Num momento em que o país assiste a uma acentuada tribalização das organizações políticas e a tentativa de instrumentalização de importantes grupos étnicos, com o envolvimento de titulares de órgãos da soberania, que incluso mobilizam para o efeito uma participação internacional, aumenta a responsabilidade do PAIGC em garantir e expandir o seu caráter plural, multiétnico, inclusivo, laico, e absolutamente não segregacionista” disse, sublinhando que o partido deve produzir e favorecer novas adesões, de novos líderes, de gente de todos os estratos, de todas as proveniências, assim como se reconciliarem com as bases que sustentaram o processo de luta e com todos os que construíram a longa e rica história do PAIGC.

Simões Pereira desafiou os dirigentes e militantes do PAIGC a resgatarem o poder, para salvar o Terra Ranka e relançar o processo de desenvolvimento do país, em todas as suas vertentes, “pois para além de provar o seu desinteresse e falta de vocação, o atual regime já provou a sua absoluta incapacidade em conceber e implementar um programa sério e de progresso”.

“Por isso, o recurso a ilusões através de cheques imaginários, cosméticas de obras simplesmente para iludir a atenção dos menos prevenidos e muito barulho para absolutamente nada” insistiu, exortando às suas estruturas, Comissões politicas, secretariados, coordenações desde a base às regiões, a aprofundarem o seu contacto e diálogo com as populações, para elucidar sobre a realidade que se vive no momento e no país e os riscos reais que existem para um “derrapar do equilíbrio social, bancarrota económica e financeira e o arrastar desta sociedade para a miséria e conflito”.

Por: Tiago Seide

Conosaba/odemocratagb

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