Os populares das tabancas na linha da fronteira entre a Guiné-Bissau e o Senegal confirmaram a troca de tiros e uso de armas pesadas no conflito que opõe os militares senegaleses e o Movimento das Forças Democráticas da Cassamança (MFDC), que iniciou desde o passado dia 02 de fevereiro.
Em entrevista aos jornalistas das rádios comunitárias da seção de Ingoré, Marcelino Correia, comité da tabanca de Mangomica, explicou que quando começou o conflito, as autoridades nacionais enviaram um contingente de segurança para os proteger, por isso, a comunidade local não foi a nenhum sítio.
Um outro entrevistado, Wuié N’doque, da tabanca de Tarreiro, na seção de Sedengal, disse que foi telefonado por seu colega que esteve na mata para o informar que um “obus” atingiu o seu pomar de caju e o queimou.
“Quando ouvimos os tiroteios, mandamos as mulheres e crianças para as tabancas vizinhas. Voltaram para cá, depois da chegada dos nossos militares. Estamos aqui, estamos a ouvir tiroteios desde terça-feira, mas não temos medo de nada, porque não é na nossa zona [Guiné-Bissau]” disse Alexandre da Silva, comité da aldeia de Brengolom.
Sobre o conflito entre uma fação das forças do MFDC e o exército senegalês, um comunicado na posse do enviado especial do jornal O Democrata à zona fronteiriça, informa que o MFDC reafirma que as forças armadas senegalesas nunca vão conseguir destruir laços multisseculares de sangue que une os dois povos, o de casamance e o da Guiné-Bissau, reafirmando ainda que o Senegal não faz fronteira com a Guiné- Bissau ao sul, mas sim com casamance.
Lê-se no documento, na posse do enviado especial do jornal O DEMOCRATA, que o povo guineense não se deixará cair “por esta aventura louca do Macky Sall” para engajar-se numa guerra que não é sua contra o povo de Cassamança.
O MFDC diz que se regozija por o Senegal lhe ter declarado “oficialmente a guerra”, assegurando que as forças armadas senegalesas “jamais poderão, nem conseguirão” destronar o povo de Cassamança e Attika, por estarem fortemente enraizados no “solo dos seus ancestrais, desde os tempos remotos”.
Por: Tiago Seide/Cesar CAMUCA
Conosaba/odemocratagb
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