quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Sobre as eleições presidenciais de 2019, na Guiné-Bissau.

 

por: yanick Aerton

A segunda volta das eleições presidenciais da República do Níger, cujos resultados provisórios foram anunciados pela Comissão Nacional Independente de Eleições, ontem, dia 23 de Fevereiro de 2021, declarando vitorioso o candidato apoiado pelo partido no poder, o ex-poderoso ministro de estado, Mohamed Bazoum, é um exemplo de que, independentemente do score, o candidato que for apoiado na segunda volta pelos candidatos que ficaram em terceiro e quarto lugares, ganha sempre as eleições.

Foi exactamente o que aconteceu na Guiné-Bissau, no dia 29 de Dezembro de 2019, nas eleições que pôs frente-a-frente o candidato do MAGEM G15, Umaro Sissoco Embalo e o candidato do PAIGC, Domingos Simões Pereira. Não era preciso ser um futurologista para saber que a vitória do USE era inevitável, porque os votos do Jomav, Nuno e Cadogo Jr. eram mais do que evidente de que seriam automaticamente transferíveis para o candidato do MADEM G15. Ou seja, os que votaram nesses candidatos nunca votariam no candidato do PAIGC, porque a governação do AG, tinha provocado uma revolta tal no Guineense, que a eleição do DSP seria a pior coisa que podia acontecer a este povo, independentemente de quem fosse o seu concorrente. 

O reconhecimento da sua derrota do seu candidato, como aliás aconteceu, nessas eleições eram uma soberana oportunidade para o PAIGC se reconstruir e reconciliar-se internamente, dando assim mostras da sua maturidade, por forma a ganhar maior credibilidade junto dos Guineenses e da comunidade internacional.

As eleições legislativas que o PAIGC ganhou em Marco de 2019, de forma democrática, não seriam beliscadas e continuaria a exercer a governação, se continuasse a garantir a maioria parlamentar para suportar a sua acção governativa. De forma alguma se aceitaria que o poder lhe fosse retirado, como aconteceu, porque ao presidente eleito só a estabilidade e paz lhe interessava e não se deixaria influenciar por terceiros para caucionar uma engenharia difícil de enquadrar à luz da Constituição e das leis, e que levou ao afastamento do PAIGC da governação.

O afastamento do ex-PM, A G, era um imperativo inadiável, para simultaneamente libertá-lo da pressão psicológica e política de que era alvo, tendo em conta o seu pronunciamento em que declarava que se o candidato do MADEM G15 fosse eleito, iria demitir-se, decisão que se concretizou, para permitir ao partido indicar outra figura que o presidente eleito não recusaria.

Esta análise não tem nada a ver com o facto de estar a favor ou contra quem quer que seja, porque ambos são Guineenses e querem o BEM dos Guineenses, sendo a sua única diferença a forma de encontrar esse BEM para proporcionar ao povo que tanto dele precisa.

As nossas atitudes têm prejudicado em muito os bons quadros do país, sobretudo quando essas atitudes são baseadas em preconceitos. Depois do candidato que sabia conscientemente que tinha perdido as eleições, ter telefonado ao seu concorrente para o felicitar e declarar-se disponível para servir, por que pressioná-lo para recuar, para pôr em causa a palava de dada?

Com esse facto, prestou-se um mau serviço ao PAIGC e à Nação Guineense, porque colocou o DSP numa posição em que deixou de ser aquela alternativa a qual se poderia recorrer, caso isto não correspondesse as expectativas.

E agora, com este desgaste e o estado em que esta o partido, invadido por uma parte de gente que nunca se identificou com os ideais que ali eram defendidos, e que passavam toda a sua vida a insultar os dirigentes do PAIGC?

Sabemos todos que Não havia razão nenhuma para o PAIGC ser afastado e de se formar essa maioria parlamentar, da forma atípica como foi formada. Passado um ano, pode-se desclassificar o dossier, sem perigo pabia iagu darma dja.

Não é preciso ser formado em Direito para saber como é que se formam as maiores parlamentares, mas o que aconteceu foi possível devido a teimosia da liderança do PAIGC que, apesar de ter a plena consciência de estar numa posição de fragilidade e conhecendo a realidade africana, insistiu na via que não era a mais desejável.

Se as eleições foram organizadas pelo PAIGC, o Ministério da Administração Territorial estava nas mãos do PAIGC bem como o GTAPE, além de uma estrutura governamental criada especialmente para supervisar as estruturas encarregues de organizar as eleições, nomeadamente o GTAPE, como é possível falar de fraude eleitoral?

A democracia constrói-se com formações políticas fortes, bem organizadas e interventivas, suscetíveis de constituir-se em alternativa, e que contribuam também para o fortalecimento das instituições da República, no estrito respeito pela separação dos poderes.

Na verdade, houve falhas nos procedimentos, tanto na CNE, quanto no STJ, que devia indeferir liminarmente o recurso apresentado pelo PAIGC, mas essas Não são ao ponto de influenciar os resultados eleitorais. Por isso é que se repudiou esse ato do PAIGC de manter a Guiné-Bissau num suspense total, durante tempos, tendo resultado no empossamento do presidente eleito, na forma como foi.

PODER I DI Allah, ITA DAL KINKI MISTI.

O Destino quis que o USE fosse eleito, razão pela qual é nossa obrigação cidadã aceitar essa realidade, mas controlando a sua presidência para se conformar a CR e às leis.

Faltam dois anos para o fim da X legislatura e quatro anos para o fim do quinquénio do Presidente da República, portanto, que os atores políticos arregacem as mangas e se organizem da melhor forma, para os próximos embates, na disciplina e no respeito ao próximo, tendo sempre presente o espirito da Guinendade, que e o nosso valor supremo.

VIVA A GUINE-BISSAU!

 

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