por: yanick Aerton
A segunda volta das
eleições presidenciais da República do Níger, cujos resultados provisórios
foram anunciados pela Comissão Nacional Independente de Eleições, ontem, dia 23
de Fevereiro de 2021, declarando vitorioso o candidato apoiado pelo partido no poder,
o ex-poderoso ministro de estado, Mohamed Bazoum, é um exemplo de que,
independentemente do score, o candidato que for apoiado
na segunda volta pelos candidatos que ficaram em terceiro e quarto lugares,
ganha sempre as eleições.
Foi exactamente o que aconteceu
na Guiné-Bissau,
no dia 29 de Dezembro de 2019, nas eleições que pôs frente-a-frente o candidato
do MAGEM G15, Umaro Sissoco Embalo e o candidato do PAIGC, Domingos
Simões Pereira. Não era preciso ser um futurologista para saber que a
vitória do USE era inevitável, porque os votos do Jomav, Nuno e Cadogo Jr. eram
mais do que evidente de que seriam automaticamente transferíveis para o
candidato do MADEM G15. Ou seja, os que votaram nesses candidatos nunca
votariam no candidato do PAIGC, porque a governação do AG, tinha provocado uma
revolta tal no Guineense, que a eleição do DSP seria a pior coisa que podia
acontecer a este povo, independentemente de quem fosse o seu concorrente.
O reconhecimento da sua
derrota do seu candidato, como aliás aconteceu, nessas eleições eram uma
soberana oportunidade para o PAIGC se reconstruir e reconciliar-se
internamente, dando assim mostras da sua maturidade, por forma a ganhar maior
credibilidade junto dos Guineenses e da comunidade internacional.
As eleições legislativas
que o PAIGC ganhou em Marco de 2019, de forma democrática, não seriam
beliscadas e continuaria a exercer a governação, se continuasse a garantir a
maioria parlamentar para suportar a sua acção governativa. De forma alguma se
aceitaria que o poder lhe fosse retirado, como aconteceu, porque ao presidente
eleito só a estabilidade e paz lhe interessava e não se deixaria influenciar
por terceiros para caucionar uma engenharia difícil de enquadrar à luz da
Constituição e das leis, e que levou ao afastamento do PAIGC da governação.
O afastamento do ex-PM, A
G, era um imperativo inadiável, para simultaneamente libertá-lo da pressão
psicológica e política de que era alvo, tendo em conta o seu pronunciamento em
que declarava que se o candidato do MADEM G15 fosse eleito, iria demitir-se,
decisão que se concretizou, para permitir ao partido indicar outra figura que o
presidente eleito não recusaria.
Esta análise não tem nada
a ver com o facto de estar a favor ou contra quem quer que seja, porque ambos
são Guineenses e querem o BEM dos Guineenses, sendo a sua única diferença a
forma de encontrar esse BEM para proporcionar ao povo que tanto dele precisa.
As nossas atitudes têm
prejudicado em muito os bons quadros do país, sobretudo quando essas atitudes
são baseadas em preconceitos. Depois do candidato que sabia conscientemente que
tinha perdido as eleições, ter telefonado ao seu concorrente para o felicitar e
declarar-se disponível para servir, por que pressioná-lo para recuar, para pôr
em causa a palava de dada?
Com esse facto,
prestou-se um mau serviço ao PAIGC e à Nação Guineense, porque colocou o DSP
numa posição em que deixou de ser aquela alternativa a qual se poderia
recorrer, caso isto não correspondesse as expectativas.
E agora, com este
desgaste e o estado em que esta o partido, invadido por uma parte de gente que
nunca se identificou com os ideais que ali eram defendidos, e que passavam toda
a sua vida a insultar os dirigentes do PAIGC?
Sabemos todos que Não
havia razão nenhuma para o PAIGC ser afastado e de se formar essa maioria
parlamentar, da forma atípica como foi formada. Passado um ano, pode-se
desclassificar o dossier, sem perigo pabia iagu darma dja.
Não é preciso ser formado
em Direito para saber como é que se formam as maiores parlamentares, mas o que
aconteceu foi possível devido a teimosia da liderança do PAIGC que, apesar de
ter a plena consciência de estar numa posição de fragilidade e conhecendo a
realidade africana, insistiu na via que não era a mais desejável.
Se as eleições foram
organizadas pelo PAIGC, o Ministério da Administração Territorial estava nas
mãos do PAIGC bem como o GTAPE, além de uma estrutura governamental criada
especialmente para supervisar as estruturas encarregues de organizar as
eleições, nomeadamente o GTAPE, como é possível falar de fraude eleitoral?
A democracia constrói-se
com formações políticas fortes, bem organizadas e interventivas, suscetíveis de
constituir-se em alternativa, e que contribuam também para o fortalecimento das
instituições da República, no estrito respeito pela separação dos poderes.
Na verdade, houve falhas
nos procedimentos, tanto na CNE, quanto no STJ, que devia indeferir
liminarmente o recurso apresentado pelo PAIGC, mas essas Não são ao ponto de
influenciar os resultados eleitorais. Por isso é que se repudiou esse ato do
PAIGC de manter a Guiné-Bissau num suspense total, durante tempos, tendo
resultado no empossamento do presidente eleito, na forma como foi.
PODER I DI Allah, ITA DAL
KINKI MISTI.
O Destino quis que o USE
fosse eleito, razão pela qual é nossa obrigação cidadã aceitar essa realidade,
mas controlando a sua presidência para se conformar a CR e às leis.
Faltam dois anos para o
fim da X legislatura e quatro anos para o fim do quinquénio do Presidente da
República, portanto, que os atores políticos arregacem as
mangas e se organizem da melhor forma, para os próximos embates, na disciplina
e no respeito ao próximo, tendo sempre presente o espirito da Guinendade, que e
o nosso valor supremo.
VIVA A GUINE-BISSAU!
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