quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Governo guineense admite saída do país de Aristides Gomes mediante consentimento da justiça


O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau admitiu hoje que o antigo primeiro-ministro, Aristides Gomes, refugiado na sede da ONU em Bissau, poderá sair do país assim que tiver um despacho nesse sentido do procurador-geral da República.

Em comunicado, a que a Lusa teve acesso, o ministério liderado por Suzi Barbosa afirmou que Aristides Gomes, "que por livre vontade, se encontrava albergado" nas instalações da Organização das Nações Unidas (ONU), deverá deslocar-se ao estrangeiro, por razões de saúde.

Poucos dias depois de o atual Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, ter assumido o poder em 27 de fevereiro de 2020, Aristides Gomes, cujo Governo foi demitido pelo novo chefe de Estado, refugiou-se na sede da ONU, invocando razões de segurança.

Umaro Sissoco Embaló sempre considerou que Aristides Gomes se encontrava naquelas instalações diplomáticas por vontade própria e que se tivesse algo a esclarecer terá que o fazer perante a justiça.

Em outubro, gerou-se uma polémica na Guiné-Bissau à volta do ex-primeiro-ministro, com o procurador-geral da República, Fernando Gomes, a anunciar a existência de dois processos-crime contra Aristides Gomes e o presidente do Tribunal da Relação, Tidjane a Djaló, a afirmar que desconhecia quaisquer processos contra o político.

De acordo com a Procuradoria-Geral da República, Aristides Gomes é suspeito de crimes de peculato e participação económica em negócio, daí que estava sujeito à obrigatoriedade de permanência no país.

O comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros realça o facto de a saída de Aristides Gomes do país ter sido possível na sequência de contactos diplomáticos, "sob a égide e magistratura de influência" do Presidente da Guiné-Bissau.

Dos contactos, "foram criadas as condições diplomáticas para um acordo" entre a representação das Nações Unidas em Bissau e o Ministério Público, mas dentro do espírito de separação de poderes e interdependência dos órgãos de soberania, referiu o comunicado.

Conosaba/Lusa

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