sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

"𝗢 𝗝𝗼𝗿𝗻𝗮𝗹𝗶𝘀𝗺𝗼 𝗚𝘂𝗶𝗻𝗲𝗲𝗻𝘀𝗲 𝗲 𝗼 𝗣𝗮𝗽𝗲𝗹 𝗱𝗮 𝗩𝗲𝗿𝗱𝗮𝗱𝗲", Domingos Joao Braia

 

O jornalismo é uma profissão nobre e essencial para a construção de uma sociedade justa e informada. No entanto, na Guiné-Bissau, o modo como muitos jornalistas exercem o seu trabalho tem sido, infelizmente, um reflexo da desorganização e da falta de compromisso com a verdade.
Um jornalista tem a obrigação de apurar os factos antes de publicar uma notícia. Não pode ser apenas um mero reprodutor de informações que lhe são ditas ou que lê em documentos sem questionar a sua legitimidade. O jornalismo exige investigação, imparcialidade e responsabilidade.
Há muito tempo leio e ouço nos jornais e rádios guineenses que Lima André é presidente do Supremo Tribunal de Justiça (STJ). No entanto, todos sabemos que esse cargo foi ocupado de forma abusiva. A verdade é que Lima André tomou o STJ de assalto, arrombando a porta do presidente legítimo, tudo a mando de Umaro Sissoco Embaló. Como é possível que jornalistas continuem a tratar os despachos assinados por este senhor como decisões legítimas do STJ, quando sabem que carecem de legalidade e quorum? Quem lê essas notícias no exterior, sem conhecer os factos, toma-as como verdade absoluta, quando, na realidade, são apenas mais um reflexo da crise institucional do país.
O mesmo padrão de desinformação se repete na cobertura das intervenções do regime dentro dos partidos políticos. Todos sabemos que os congressos forçados organizados sob ordens do regime de Sissoco não possuem legitimidade. No entanto, os jornalistas continuam a referir-se a figuras impostas como se fossem líderes legítimos. Chamam Zé Carlos de secretário-geral, quando ele não é. Chamam Satu Camará de coordenadora do MADEM, mas também chamam Braima Camará de coordenador, criando uma contradição absurda. No PRS, insistem em chamar Félix de presidente, quando o verdadeiro presidente é Fernando Dias.
A situação se agrava ainda mais no caso da Assembleia Nacional Popular (ANP). Depois do assalto ao parlamento e da dissolução imposta, o mandato do presidente da ANP não foi automaticamente extinto. No entanto, os jornalistas insistem em referir-se a Satu Camará como presidente da ANP, enquanto, ao mesmo tempo quando falam de Domingos Simões Pereira (DSP), referem-se a ele também como presidente de ANP e outros só como presidente do PAIGC, ignorando a legitimidade do seu mandato na ANP.
Vejam só o caso do tal acórdão sobre a promulgação do mandato de Sissoco. Um documento sem quorum, sem carimbo e, por cima, com a assinatura de um autoproclamado presidente do STJ que assaltou o poder, é considerado nas páginas dos jornais como uma decisão do STJ que se sobrepõe à Lei Eleitoral e à Constituição da República. Desde quando, senhores jornalistas? É assim tão difícil posicionarem-se pela verdade?
Essa incoerência e falta de rigor apenas contribuem para a desinformação e a manipulação da opinião pública. O jornalismo não pode ser um megafone da confusão e da propaganda. Um jornalista não pode ser um papagaio que apenas repete o que lhe dizem. Ele deve pesquisar, questionar e verificar os factos antes de publicar qualquer notícia.
Se o jornalismo guineense quiser recuperar a sua credibilidade, os profissionais da comunicação precisam urgentemente de se posicionar ao lado da verdade. Chega de serem cúmplices da desordem institucional do país!
É o que digo: "𝗦𝗶 𝗯𝘂 𝗰𝗮 𝗽𝘂𝗱𝗶 𝗰𝗼𝗻𝘁𝗮𝗹 𝗰𝘂𝗺𝗮 𝗸𝗶 𝘀𝗲𝗱𝗼, 𝗰𝗮 𝗯𝘂 𝗰𝗼𝗻𝘁𝗮𝗹 𝗰𝘂𝗺𝗮 𝗸𝗶 𝗰𝗮 𝘀𝗲𝗱𝗼. 𝗥𝗲𝘀𝘁𝗼 𝗶 𝗺𝘂𝗻𝘁𝗿𝘂𝗻𝗱𝗮𝗱𝗲."
Domingos João Braia
Cidadão di kil terra lá, pardeus....

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