sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

«Um País, dois Presidentes!» Venâncio Mondlane apresentou o seu programa para os primeiros 100 dias


O candidato presidencial Venâncio Mondlane voltou a 9 de Janeiro, a Maputo depois de dois meses e meio a liderar o protesto contra os resultados das eleições gerais fora do país, 9 de Janeiro de 2025. LUSA - Luisa Nhantumbo

Maputo – Conforme prometido, Venâncio Mondlane, candidato presidencial que não reconhece a vitória de Daniel Chapo, da Frelimo, nas eleições de 9 de Outubro, apresentou um governo sombra e as medidas que considera importantes para os primeiros 100 dias. Mondlane apela ao fim da violência contra a população e diz que os 4 mil moçambicanos detidos durante as manifestações pela verdade eleitoral devem ser soltos.

Numa transmissão nas suas páginas nas redes sociais, Venâncio Mondlane anunciou medidas a serem implementadas nos primeiros 100 dias.

“Exigimos que nestes primeiros três meses, nestes 100 dias, toda a violência contra a população deve cessar, deve acabar com todo o genocídio silencioso deste governo da UIR ( Unidade de Intervenção Rápida). Ponto número 2: a libertação incondicional de todos os cerca de 4 mil moçambicanos, concidadãos nossos que estão detidos no âmbito das manifestações, sem nenhuma justificação, sem culpa formada e muitos deles até sem processos. Todos que foram feridos , todos aqueles , alguns são deficientes de forma temporária ou de forma definitiva por causa da brutalidade do governo da UIR , pela brutalidade das forças de defesa e segurança, estas pessoas devem ter acesso a assistência médica e medicamentosa gratuita”, disse Venâncio Mondlane.

O autoproclamado vencedor das eleições gerais de 9 de Outubro, diz ainda entre várias medidas ser necessário a "despartidarização do Estado", uma mudança de bandeira para o país ou ainda a isenção do Imposto do Valor Sobre o Imposto Acrescentado IVA, nos produtos de primeira necessidade.

As declarações de Venâncio Mondlane foram proferidas dois dias depois da investidura pela Presidente do Conselho Constitucional, Lúcia Ribeiro, de Daniel Chapo da Frelimo como quinto Presidente eleito de Moçambique e cuja cerimónia teve lugar na Praça da Independência em Maputo.

Durante essa cerimónia, Daniel Chapo também prometeu reformas profundas no Estado, nomeadamente a redução do número de ministérios e secretais de Estado, de forma a reduzir os custos de funcionamento. Uma promessa que colocou em prática ontem com a extinção por decreto de determinadas entidades e criação de novas ministérios concentrando diversos pelouros.

Paralelamente, numa altura em que continuam muito vivos os questionamentos em torno do processo eleitoral, nesta sexta-feira, o Tribunal Administrativo Central moçambicano autorizou a destruição dos boletins de voto das eleições gerais de 9 de Outubro, apesar de uma providência cautelar ter sido interposta pela sociedade civil para impedir essa perspectiva.

Entretanto, ao divulgar hoje um novo balanço sobre as violências pós-eleitorais, a plataforma eleitoral Decide informou que pelo menos 14 pessoas morreram em dois dias de manifestações, elevando para 314 os óbitos desde 21 de Outubro e 633 baleados.

De acordo com esta organização da sociedade civil que acompanhou a totalidade do processo eleitoral, das 14 pessoas que morreram nos protestos organizados nestes dias 15 e 16 de Janeiro, três pessoas morreram na província de Maputo e três na cidade, sul do país, duas na Zambézia, no centro, bem como cinco em Nampula, no norte.

Por: Orfeu Lisboa/rfi.fr/pt

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