quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Soldados africanos engrossam linha da frente russa na Ucrânia


Entre os combatentes russos na Ucrânia, há africanos, muitos deles levados com falsos pretextos para a Rússia, segundo apurou a RFI. Camaroneses, malianos, gambianos, egípcios ou centro-africanos são obrigados a combater por Moscovo e uma deserção pode ser punida com tortura e até mesmo a morte.

Samuel - nome fictício -, camaronês, falou ao jornalista da RFI, François Mazet, sobre como foi parar à frente russa de combate na Ucrânia. Após ter concluído os estudos, chegou a trabalhar num ministério nos Camarões, mas rapidamente foi aliciado para emigrar por um amigo, com uma promessa de trabalho como porteiro num campo militar na Rússia.

No entanto, ao chegar ao país, foi encaminhado para uma curta formação e enviado para a frente de combate na Ucrânia. Confessa ter visto atrocidades, centenas de corpos e muitos soldados que se auto-mutilam para não combater. Samuel relata haver malianos, gambianos, egípcios a combater pela Rússia, muitos deles também atraídos por falsas promessas de emprego.

O camaronês fala mesmo em tráfico de seres humanos e decidiu falar para impedir que outros jovens africanos sejam arrastados para o conflito na Ucrânia.

"Decidi falar para eles saibam o que se passa, para que saibam onde vão, porque muita gente vem para aqui sem saber para onde vai. Quero que isto acabe, não quer que mais nenhum africano venha morrer aqui, isto trata-se de tráfico. Vimos morrer para uma guerra que nem percebemos bem como começou", declarou.

Após a descoberta de norte-coreanos, indianos e até nepaleses, os africanos que combatem na Ucrânia estão a chamar as atenções internacionais nas fileiras russas. Segundo Samuel, muitos ficam com medo de represálias, já que uma deserção ou recusa de combate pode levar à tortura ou mesmo à morte às mãos do exército russo.

Por: RFI

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