terça-feira, 4 de janeiro de 2022

QUEM É O BISPO?

 

Por:  Padre Augusto Mutna Tamba

Acordei esta manhã entre tantas mensagens de votos de um feliz ano 2022, constatei uma que atirou minha atenção por ser a mesma pessoa a mandar mensagem mais de dez vezes. A minha curiosidade foi logo ouvir o áudio e repetir por mais dez, no total vinte vezes.
Depois desta sessão, decidi partilhar connosco o meu ponto de vista sobre esse infeliz áudio sem uma sequência lógica. Infeliz, porque, pelos vistos o “autor infeliz”, nem conhece Dom Lampra. Infelizmente, a civilização concebe aos tolos o principio da libertinagem e a liberdade nos deixa e abre a possibilidade de especular, podendo, inclusive, falar de alguém que não conhecemos.
Entretanto, para a maior instituição mundial - igreja católica -, quem tocar na reputação de um bispo, seu embaixador, está a mexer com o mundo, afinal somos mais de 1 bilhão, 345 milhões de fiéis em todo o mundo e com uma taxa de crescimento anual de 1,12%, ou seja 16 milhões de pessoas.
Mas afinal quem é bispo?
Os bispos católicos são os sucessores dos apóstolos, recebendo com a ordenação episcopal a missão de santificar, ensinar e fazer a gestão de governativa, a eles confiada no âmbito de uma circunscrição definida (diocese, arquidiocese ou prelazia).
O bispo é também a autoridade máxima da igreja particular, local em jurisdição e magistério.
Para abertura da mente e do conhecimento geral informo que no Código de Direito Canônico por "Ordinário" designam-se, além do Romano Pontífice (o papa), os Bispos diocesanos e os outros que - mesmo só interinamente - são colocados à frente de uma Diocese ou de uma comunidade equiparada ou superior; e ainda os Vigários gerais e episcopais; do mesmo modo, para com os seus súditos.
O que é preciso para ser um bispo?
Para ser um bispo é preciso que tenha sido ordenado presbítero pelo menos há cinco anos; tenha adquirido o grau de doutor ou ao menos a licenciatura em sagrada Escritura, teologia ou direito canônico, num instituto de estudos superiores aprovado pela Sé Apostólica, ou ao menos seja verdadeiramente perito nestas disciplinas.
Dito isto eu penso que é preciso dizer que é hora de recuperarmos um grande ativo da nossa cultura – O RESPEITO -, Sim, respeitar o outro como gostaríamos que todos respeitassem nossas mães, nossas irmãs, pais, tios, ao nosso povo, à humanidade e a nós mesmos. Aliás, manda o principio da boa EDUCAÇÃO, respeitar mesmo uma criança em todos seus direitos, incluindo religião em obediência ao principio constitucional que reconhece a Guiné-Bissau como Estado laico.
E Mexer com o líder, neste caso, o nosso Bispo, é um atentado a nossa liderança consequentemente a nossa religião e à nossa constituição. Permitir uma afronta a este nível, seria abrir um precedente grave, que pode comprometer as excelentes relações conquistadas entre os diferentes sectores da nossa sociedade com esta instituição Nobre , que não nos vemos disponíveis a permitir nem hoje e nem amanhã. Se for um teste, que fique pela tentativa, porquê nunca haveremos de permitir que seu avanço e muito menos que se repita.
Aos senhores conselheiros da Presidência da República, os encorajamos à uma assessoria pacifica e ponderada, ajudarem ao Sr presidente no exercício de pensar e refletir múltiplas vezes nas suas declarações sobretudo públicas. Se país já está entalado em problemas que nem sabe ou não é capaz de ter uma solução, como seria capaz de orientar o Reverendíssimo;
O sentido de equilíbrio e a necessidade de gerar PAZ institucional e interpessoal, nos interpela: É hora de travar com discursos incendiários . Porque se não mudar a linguagem o próprio universo se encarregará de obriga-lo a fazê-lo, um dia. E a história não nos deixa equivocar.

Se alguém quer ignorar, quero simplesmente refrescar a memoria, de que Dom Lampra Cá é um cidadão Guineenses que votou quase em todas as eleições realizadas no país. Quem pensa que com ameaças pode silenciar a igreja católica na Guiné-Bissau, essa pessoa está enganada e a verdade não está do seu lado : “KA NO KORDA LION KI NA DURMI.”
Todo cidadão que decidir por livre vontade entrar para a politica, deve saber que a palavra “política” vem do grego Politikè, que significa o ato de organizar a cidade ou estado. Ora se a intervenção do bispo é política então alguém vai continuar a sofrer porque Dom Lampra está a cumprir uma missão que envolve muito mais do que mesquinhices, arrogância e interesses de homens. Nós tratamos assuntos de carater divino, trabalhamos com almas e intermediamos o homem com Deus. Longe de nos fazer frete para satisfazer os caprichos de alguém ou de grupos de interesse de qualquer sorte.
Infelizmente na Guiné-Bissau apenas aos médicos e advogados é-lhes pedido carteira de profissional. Mas, no dia em que as regras forem estendidas a outras áreas profissionais ou do poder político, muitos sairão por aí a montar bancas de vender jornal ou a graxear sapatos. Aliás, se sois tão bons, porque não desenvolvem e implementam um programa de construção de um país sério e seguro?

Pois, se agora nos encontramos aqui a sacrificar nosso tempo para vos ajudar a pensar, é porque estamos preocupados com o estado do país e com as necessidades do Povo… e porque é que o Bispo não pode ajudar ou apontar caminhos?
Sejam inteligentes e aprendam a captar as mensagens que lhes vêm de Deus através de seus escolhidos, Excelência!
Por inerência de função o bispo não faz politica ativa e nunca o fará. Felizmente pela sua missão é ainda e continua a ser autoridade moral. Pode intervir a qualquer momento no que lhe parecer justo dar uma palavra de orientação a propósito de “Res Pública” - coisas Pública.
A Igreja Católica não indigita o Bispo mas o elege passando por etapas e o papa o nomeia. Nós não escolhemos por medo ou por fraudes e imposição, coação ou conivência de qualquer espécie.
Que fique claro na mente de todos que se o bispo se se candidatar hoje nas eleições presidenciais não vejo um potencial vencedor senão ele. E ganharia com 100% dos votos, se estas mesmas forem justas, transparentes e livres e senão houver intervenção de uma força.
Hora ainda, de cada um começar a fazer o seu trabalho e deixar o principio da intercolaboração funcional e fluir deixar que o outro, em paz, possa existir. É hora de mudar de atitude: mexer na ferida de alguém, só se for para ajudar a curar!
Aliás, Dom Lampra sem demora vai tomar posse oficialmente, legalmente e publicamente como Bispo da Diocese de Bissau ainda neste ano segundo como estão prescritos nos livros de Direito Canónico e de Ritual de Liturgia da igreja católica.
Só uma autoridade séria e digna de tal título, é que se investe desta forma. Quem tem ouvidos ouça e quem tem boa mente reflita.
Finalmente, uma consideração digna de registos e que deve nos interpelar a todos, sejam Cristãos, Animistas ou Muçulmanos: Diz o presidente da República que o lugar dos religiosos deve ser nos respetivos templos lá onde está Deus. Aqui vamos sublinhar duas notas:
Primeira: Seu conceito da presença de Deus, precisa ser redefinido, pois, Deus está em toda a parte e nós rezamos, insistentemente, para que este Deus da bondade também esteja presente nos palácios políticos e edifícios de todos os órgãos do Estado, mas, pelos vistos, o chefe do palácio da presidência, até já assume a ausência de Deus em seu ambiente de trabalho. Talvez por isso é que quer ver o Bispo longe, que nem diabo quando corre da cruz;
Segunda: se os imames, padres e pastores devem ficar nas igrejas, templos e mesquitas o que está fazendo o imame no conselho de estado?
A Guiné-Bissau é um país de boa convivência religiosa até existem estudos que nos podem lucidar acerca da força e do peso dos poderes políticos e religiosos na gestão comunitária e recomendações em como os esforços conjugados devem ser administrados ao serviço do desenvolvimento.
Vamos com calma, porque o nosso pote é de barro e as estradas estão esburacadas.

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