terça-feira, 19 de setembro de 2017

«OPINIÃO» A AGRICULTURA NÃO É BASE DA ECONOMIA GUINEENSE, MAS SIM É A ECONOMIA GUINEENSE. --ADULAI FATU


A Guiné-Bissau é um país que dispõe de todos os recursos necessários para uma boa produção agrícola, tendo em vista o recurso hídrico, os solos férteis, o clima favorável e sua topografia permitem que os pequenos agricultores explorem a sua propriedade sem problemas.

O governo diz que a agricultura é um sector prioritário, chave para o desenvolvimento do país, no entanto há uma grande contradição por parte dos nossos governantes no que diz respeito à pertinência deste sector, se nós temos o orçamento geral do estado que 90% do seu financiamento vem da agricultura, por que o governo disponibiliza menos de 3% do orçamento geral do estado para o mesmo sector que diz é de capital importância para o crescimento econômico.

Por tanto, cada vez mais as pessoas saem do campo para cidade, ou seja, o êxodo rural torna-se um fenômeno muito vigente no país levando o país a ter problemas graves como a densidade demográfica, o elevado índice do desemprego, a proliferação das doenças que antes não existiam nas cidades, porém se as autoridades competentes quiserem erradicar esses problemas deverão ver a agricultura como a partida das soluções assertivas e imediatas.

Deste modo, a descentralização administrativa pressupõe também o estimulo de as pessoas apostarem mais no campo ,e, de não abandonar os projetos  das zonas rurais por outras razões conhecidas, é obvio que todos os pais da nossa terra gostariam de ver os seus filhos a irem a escola, a ter as mesmas oportunidades que um filho de alguém que vive nas cidades tem, pois para resolver esses problemas o governo deve investir mais nas zonas rurais criar as escolas, os hospitais, disponibilidade de água nas lavouras, obras hídricas, por conseguinte teremos mais pessoas nas zonas rurais ao contrário do que temos hoje em dia.

As famílias guineenses que vivem da boa campanha da castanha de caju e os dinheiros arrecadados nessa campanha servem para o sustento das famílias durante cinco meses, mas pergunta-se será que não há possibilidade para as famílias produzirem outras culturas que serviriam do sustento durante sete meses que sobram?

Há uma série de cultivares que que poderiam ser desenvolvidas, tendo em vista o recurso disponível, isto é, investir na tecnologia e ciência seria um passo importante ao desenvolvimento do sector agropecuário. A cultura de café, soja, amendoim, batata doce, milho, arroz, mandioca, cacau poderiam ajudar os pequenos produtores a incrementar a mais valia, e, por que o ministério da agricultura não tem criado políticas da diversificação de produção?

Em vista disso, é muito ariscado produzir apenas uma cultura para sustentar a nossa balança comercial, como temos visto na produção de castanha de caju, no caso houver uma flutuação do preço desse commoditie a crise econômica irá nos afetar gravemente, é por isso que chegou o momento de o Ministério de Agricultura propor aos pequenos produtores as outras culturas de importância econômica.

Segundo o Rui Fonseca, encarregado da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) em Bissau, a Guiné-Bissau corre graves riscos de insegurança alimentar por não produzir outros produtos que antes produzia e exportava. A agricultura se encontra numa forma menos mecanizada com baixo nível tecnológico o que leva a ter pouca produtividade, fazendo com que os levam a sua vida no campo não puderam melhorar os seus empreendimentos agrícolas e ter o mesmo padrão da vida com as pessoas das cidades.

 A castanha de caju representa 85% da exportação feita no país, mas só que infelizmente vendemos mais bruto do que transformada o que contribui substancialmente para estagnação deste setor, todavia a transformação deste produto dentro do país amentaria mais valia para aqueles que produzem, a mão de obra e o crescimento da nossa balança comercial tenderão a aumentar.

A preocupação maior que o estado guineense deve ter nessa altura é como produzir os alimentos em quantidade e com qualidade sem comprometer a nossa biodiversidade, os nossos recursos naturais, sem poluir o ar, sem contaminar o solo e água.
O laboratório agrícola não existe ainda no país os pequenos agricultores têm reclamado que o estado não disponibiliza nenhum instrumento que possa ajudar os agricultores nas pesquisas de sementes, na análise do solo, na análise de água a ser utilizada nos campos de lavoura o que tem permito a ruptura do crescimento da nossa agricultura. O ministério da agricultura deve pôr os técnicos capacitados a disposição das aspirações, preocupações do pessoal do campo.
Esses técnicos deverão fazer a pesquisa da adaptação das culturas nativas em virtude da singularidade de cada uma das oito regiões que compõem o país, as atividades agrícolas pararam totalmente porque, nunca o governo soube colocá-las em primeiros planos e se tivesse essa área como alternativa para reduzir a fome, erradicar a pobreza teria criado as medidas promissoras.
As turbulências   no cenário político guineense influenciam drasticamente na estagnação do sector agropecuário, porque os investidores temem investir por conta dos riscos que são sujeitos, ou seja, em qualquer momento poderá ter acontecido alguma ruptura na nossa balança comercial. Outros problemas que também dificultam a circulação dos produtos agropecuários são infraestruturas logísticas como rodovias, hidrovias, ferrovias com as quais poderemos melhorar o escoamento dos nossos produtos, tanto no mercado nacional como também no mercado internacional.
A pecuária na Guiné-Bissau ainda se encontra num lugar menos privilegiado em comparação ao avanço que outros países do Mundo já conseguiram, não há inseminação artificial na reprodução dos animais, isto é, os pecuaristas não têm as raças dos animais mais rentáveis em termos de produção de leite e a carne, não há plantação de pastagens para alimentação dos animais dos pecuaristas, sem as quais dificilmente poderemos produzir a carne, o leite suficiente ao nosso mercado e vender o excedente ao exterior. Será que um país pode abastecer o seu mercado de carne se não tivesse a tecnologia e ciência?
A empresa pecuária brasileira é quase exclusivamente baseada no pasto, como componente-chave do sistema de produção, na verdade esse componente pode ser considerado a espinha dorsal do agronegócio da pecuária do Brasil e os avanços tecnológicos materializados e o aumento da base do conhecimento sobre pastagens nos últimos 20 anos como estupendos (DILERMANDO MIRANDA FONSECA, et al,2010).
É mais que certeza que o Brasil um dos países que mais produz a carne no Mundo não atingiu essa meta só por ter tido as terras aráveis, a boa condição climática, as boas pastagens, mas sim por saber conciliar todos esses fatores condicionadores com a pesquisa na tecnologia, ciência através dos agentes preparados a darem às respostas a demanda do mercado.

Anualmente o governo gasta entre 45 a 50 milhões de dólares na importação do arroz o alimento básico da dieta alimentar guineense e o consume anual é de 200 mil toneladas, no entanto o país produz apenas 100 mil toneladas.

Para tanto, o avanço desta área parte do pressuposto de criar todas as condições necessárias para que os agricultores familiares possam produzir sustentavelmente abastecendo o mercado nacional em vez, de continuarmos a importar o arroz da Ásia no preço muito elevado o que não é algo seguro ou não é do médio e longo prazo.

O projeto “mão na lama” montado por sua excelência presidente da república José Mário Vaz é de grande importância para as famílias guineenses, tendo em conta não sabemos dos processos que dão a produção do arroz que importamos.

Produção do arroz além de garantir a segurança alimentar pode também ajudar os pequenos produtores a criarem renda, alavancar a economia nacional através das receitas decorrentes do cultivo do arroz.

Para concluir, digo que a agricultura é berço dos outros sectores importantes na economia dum país, na medida que a agricultura vai se desenvolvendo os recursos proveniente dela vão sendo colocados no desenvolvimento das outras áreas como aconteceu nos países desenvolvidos e também nos países em vias do desenvolvimento, portanto a partida ao desenvolvimento da nossa nação começa indiscutivelmente na agricultura.


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