sexta-feira, 6 de março de 2015

CRIANÇAS DA GUINÉ-BISSAU INTERCEPTADAS NA FRONTEIRA POR SUSPEITA DE TRÁFICO DE MENORES

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Um grupo de 54 menores entre os cinco e os 14 anos distribuídos por cinco viaturas estavam prestes a sair pela fronteira do Senegal

Um grupo de 54 crianças da Guiné-Bissau foi hoje intercetado na fronteira com o Senegal, em Cambajú, por se suspeitar de tráfico de menores, disse à agência Lusa fonte da guarda fronteiriça.

As crianças, com idades entre os cinco e 14 anos, estavam distribuídas por cinco viaturas onde viajavam escondidas "debaixo dos bancos e debaixo de panos, o que levantou suspeitas", descreveu à Lusa a alferes Rosa Djata, da Guarda Fronteiriça.

Os adultos que as acompanhavam eram pais de algumas delas e justificaram-se dizendo que iam até uma cerimónia religiosa numa aldeia do Senegal em que as crianças iam ser benzidas por um mestre corânico - líder de uma escola do Alcorão, livro de leituras islâmicas sagradas.

Situações semelhantes já aconteceram em que os pais acabam por "deixar os filhos com esses mestres", referiu Rosa Djata.

Os menores acabam depois na mendicidade e a viver sem condições (crianças conhecidas como "talibés"), muitas vezes sem conhecimento dos pais, pedindo nas ruas para pagar as despesas dos alegados chefes corânicos.

Depois de terem sido travadas na fronteira, as 54 crianças e os adultos tiveram de fazer meia-volta e foram conduzidos pela Guarda Nacional para o centro de acolhimentos de Bafatá - segunda cidade do país, no centro da Guiné-Bissau.

No entanto, ao centro só terão chegado 32 crianças (12 do sexo feminino), enquanto as outras fugiram pelo caminho, disse à Lusa fonte daquela estrutura.

Os que lá chegaram vão permanecer no centro por um período que pode ir até 72 horas e em que as diferentes autoridades e instituições da área vão fazer registos da ocorrência.

Depois, "o caso será entregue ao Ministério Público", explicou Malam Biai, responsável pelo espaço.

Os casos de crianças intercetadas ao serem levadas para alegadas escolas do Alcorão em países vizinhos, mas que na realidade acabam na mendicidade ou exploradas noutras atividades, são recorrentes.

Após um caso semelhante, em novembro de 2013, Bubacar Djaló, presidente da União Nacional dos Imãs (líderes religiosos islâmicos) da Guiné-Bissau, disse à agência Lusa que a melhor estratégia para lutar contra o tráfico de crianças passa por um trabalho entre os defensores dos direitos dos menores e os chefes islâmicos.

O líder muçulmano propõe que "ao invés de se gastar dinheiro" no combate e na vigilância àqueles que tentam levar as crianças, sejam criadas escolas do Alcorão e centros de acolhimento na Guiné-Bissau que seriam entregues aos imãs.

Em 2014, a Associação dos Amigos da Criança (AMIC) da Guiné-Bissau lidou com os casos de 108 crianças que tinham sido traficadas, 32 dentro do país, 76 da Guiné-Bissau para o Senegal.

dnoticias.pt

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