terça-feira, 18 de janeiro de 2022

Miguel de Barros: “POLÍTICAS PÚBLICAS DO PAÍS NÃO FAVORECEM O POTENCIAL DA JUVENTUDE”


O Secretário Executivo da Organização não Governamental Tiniguena, Miguel de Barros, afirmou que a Guiné-Bissau dispõe de políticas públicas que não favorecem o aproveitamento do potencial humano e económico, sobretudo, da juventude.

Miguel de Barros fez essa afirmação esta terça-feira, 18 de janeiro de 2022, no lançamento do “Prémio Nô Pega Tesu” do primeiro concurso de empreendedorismo da ONG Tiniguena, para premiar iniciativas de valorização dos produtos locais.

Na sua intervenção Miguel de Barros criticou o setor privado guineense que acusou de não ter tido uma intervenção eficaz em termos de promoção do emprego voltado ao setor primário.

O também sociólogo referiu que mais de 30% da população em idade escolar não consegue entrar no sistema escolar, por isso a fragilidade do sistema do ensino guineense tende a condicionar a capacidade de mobilização do emprego.

O projeto “Prémio Nô Pega Tesu”, segundo Miguel de Barros, tem como finalidade incentivar boas práticas no âmbito do empreendedorismo no setor primário, reconhecer as iniciativas voltadas à valorização dos produtos locais, dinamizar as economias locais e estimular a empregabilidade dos jovens e mulheres em diferentes contextos.

A iniciativa irá premiar o melhor projeto num valor estimado em 1.000.000 de francos CFA e para personalidade juvenil empreendedor em 750.000 mil francos CFA. Os candidatos podem concorrer com os projetos em qualquer categoria de cadeia de valor no setor da produção, transformação, divulgação, comercialização, entre outros.

O ativista referiu que a debilidade do sistema educativo, económico e financeiro obrigou a promoção do emprego na Guiné-Bissau a ser direcionada ao setor informal e para outros serviços.

Barros explicou que o projeto vai trabalhar nos serviços voltados para as comunidades, mas também potenciadores de uma economia de escala. A iniciativa terá também uma atenção especial para as mulheres e jovens, que “são marginalizados dentro da lógica do acesso à renda”.

“Os jovens que vivem numa longa transição para vida adulta, muitas vezes não têm a possibilidade de estímulo para começar um negócio, não existe nenhum banco de crédito voltado para os jovens, não existe nenhum banco de fomento voltado para a iniciação para as atividades económicas dos jovens. E mesmo nos períodos de carência que isso poderia acarretar, não existem estímulos neste sentido” criticou.

O Secretário Executivo da Tiniguena lamentou o facto do governo ter tido preocupações em formalizar muitas empresas, sem dar assistência para garantir que as empresas criadas não desapareçam.

Barros garantiu que, através do Prémio Nô Pega Tesu, serão capazes de dar financiamentos e as melhores propostas selecionadas terão o acompanhamento durante 6 meses de implementação.

No mesmo ato, o diretor-geral da Juventude, Namir Silva Morgado, enfatizou que o Estado guineense deve estar à altura de acompanhar a evolução das atividades desenvolvidas pelos jovens, saber quantas organizações juvenis existem na Guiné-Bissau e identificá-las.

Namir Silva disse que o projeto está enquadrado na política nacional da juventude que visa empoderar a classe jovem economicamente para que possa ser mais liberais e autónomos com vista a explorar as suas potencialidades.

Silva Morgado disse acreditar que a juventude guineense está disposta a trabalhar e a ajudar no desenvolvimento do país, mas o que falta é a capacidade organizativa de poder aproveitar, de forma substancial, as suas potencialidades.

Por: Djamila da Silva
Foto: D.S
Conosaba/odemocratagb

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