terça-feira, 11 de janeiro de 2022

CEDEAO, OUTRA VEZ.


Ficar indiferente, sendo um intelectual é ser cúmplice, e sem direito a nenhuma reivindicação, porquanto as “pestanas queimadas” ao longo dos anos de estudos de nada serviram senão ao CONFORMISMO.

Em vez de optarem pela “soft diplomatic approach”, os chefes de estado dos países membros da CEDEAO escolheram o pior caminho como forma de levar a Junta Militar a reconsiderar a sua proposta de uma transição de 5 anos.

Todos nós sabemos que em negociações, cada parte procura pôr a fasquia bem alta para depois, com o desenrolar das discussões, chegar-se a meio termo. E era possível conseguir nesse processo com os novos homens fortes do Mali, o país de Kankan Musa, de Soundiata Keita, país pioneiro da organização do Estado, muito antes do advento do Colonialismo, país de homens íntegros.

As vezes, é legítimo perguntar se esses nossos representantes ao mais alto nível do Estado, pensam mesmo no sofrimento dos seus povos, e no estado de exploração em que os imensos recursos dos seus países são sujeitos pelas potencias estrangeiras?

Nenhum democrata apoia a ascensão ao poder por outras vias que não seja a das urnas, em eleições livres, justas e transparentes, baseadas em leis adotadas livremente pelos representantes dos povos nas instituições parlamentares.

Mas a questão que se coloca, é como e porque surgem os golpes de estado? A resposta foi dada há muitos anos atrás pelo eminente sociólogo Russo, Abraham Maslow, em como "não há reação, sem accao”, "não há resposta, sem estimulo”.

Quando esses chefes de estado usam e abusam dos poderes que os povos os conferem, o que podem fazer esses povos para se livrarem desses maus servidores? Absolutamente nada. E para se conseguir livrar-se deles, qual a saída? É esta a grande questão.

Por isso é que os militares, sendo filhos do povo, quando confrontados com a amarga realidade do sofrimento dos seus, resolveram pegar em armas para limpar as lágrimas, e actuar contra esses dirigentes sem escrúpulo.

Quem é que não acompanhou o último processo eleitoral no Benim?

Quem é que não assistiu a violação das constituições dos respetivos países pelos presidentes Ouattara e Alpha Conde?

Quem é que não acompanhou e ainda acompanha a family business no Togo, país onde uma família é ditatorialmente detentora do poder desde o ano de 1963, ano

Em que “El Padre” assassinado em 1963 o primeiro presidente da república, um eminente massa cinzenta e grande panafricanista, o malogrado Silvanus Olympio?

São esses que vão dar a lição de democracia à Junta Maliana? Por amor de Deus!

Que tenham pelo menos a vergonha na cara para pensarem antes de agir, como recomenda o nosso saudoso e imortal líder Amílcar Lopes Cabral.

Uma vez que aconteceu, quando podia ter sido evitado se houvesse boa governação, a Junta Maliana não deve cometer erros como os cometidos na Guiné-Bissau, com períodos de transição de 6 meses, 18 meses, etc.., durante as quais não se conseguiu fazer nada praticamente, em termos de reformas do Estado.

Se a Guiné-Bissau está hoje em dia como está, ao ponto de termos Guineenses sem a mínima qualificação a frente de instituições de estado, é porque não nos acautelarmos para que as transições fossem dilatadas e permitir levar a cabo reformas profundas que evitassem situações como a de um "pé descalço" ser nomeado para um alto cargo, e de um dia para o outro tornar-se um golden boy, ostentando fortuna, sem que uma palha se mexa, judicialmente falando.

São essas transições curtas que permitiram o SABER/KNOW HOW/CIÊNCIA, a escola ser desvalorizada, a saúde seja negada ao povo, os dirigentes estejam a viver como “Pachás”, enquanto o povo permanece na miséria e no sofrimento.

São essas transições curtas que fizeram com que os titulares dos órgãos de soberania não respeitassem o princípio da separação e independência desses órgãos e a subordinação dos mesmos à Constituição (vide nr. 2 do art 59°. da CRFB).

Daí, a razão das Juntas Militares Maliana e da Guiné Conakry merecerem o apoio dos verdadeiros patriotas panafricanistas, de forma a conduzirem as transações para permitir o surgimento de estados onde o PR não possa dispor de bilhões (dinheiro do contribuinte) para gastar como bem entender, como acontece nos países francófonos, sendo esses fundos chamados de “fonds politiques", o que não passa de roubalheira e de crime económico.

Sou anti-golpe, mas quando os líderes abusam e se julgam Louis IV, sou de opinião que devem ser “corridos”, a “mandukada” se for necessário, ou através de golpes ou de processos de impeachment.

No sta farto delis!

Por: yanick Aerton

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