quinta-feira, 10 de abril de 2025

JOVENS QUADROS GUINEENSES CONSIDERAM PREMATURA ADOÇÃO DE SISTEMA DE ESTUDOS SUPERIORES LMD

O ministro da Educação e Ensino Superior da Guiné-Bissau, Henry Mané, pretende implementar no país o sistema LMD (Licenciatura, Mestrado e Doutoramento), uma iniciativa que o presidente da Rede de Jovens Quadros disse na quarta-feira, 09 de abril de 2025, ser prematura.

“Do nosso ponto de vista, achamos que é prematura essa iniciativa do Governo. Temos problemas em assegurar a consistência de licenciaturas na Guiné-Bissau. Ainda não é sólida”, observou Joelson Tavares.

O presidente da Rede de Jovens Quadros rebateu desta forma as conclusões de um encontro mantido recentemente entre o ministro da Educação e Ensino Superior guineense com dirigentes de duas universidades do Senegal em visita a Bissau.

Responsáveis da Universidade Católica da África Ocidental (UCAO) e da Universidade Assane Seck, ambas de Ziguinchor, a capital da província senegalesa de Casamansa, visitaram Bissau com a finalidade de discutir com o Governo guineense a possibilidade de estenderem o sistema LMD à Guiné-Bissau.

Devido à escassez de universidades na Guiné-Bissau, centenas de alunos do país frequentam instituições do ensino superior em Ziguinchor e noutras cidades do Senegal.

O ministro guineense da Educação e Ensino Superior mostrou-se recetivo à ideia, tendo admitido que a implementação do sistema LMD irá impulsionar o desenvolvimento científico do país.

O presidente da Rede de Jovens Quadros da Guiné-Bissau discorda da ideia com base na situação atual do ensino do país.

“Há muitos formados, com certificações, mas o nosso sistema ainda tem muitas carências, estamos com falta de recursos humanos, não temos professores com qualidades para licenciarem nesse sistema, [em] que devem ter, no mínimo, um doutoramento”, precisou Joelson Tavares.

O responsável frisou que, atualmente, o corpo docente das universidades e escolas superiores guineenses é composto por “licenciados que dão aulas em cursos de licenciatura”.

“O país tem, neste momento, um pouco número de professores com título de doutores”, notou Joelson Tavares, para sublinhar que o Governo não devia avançar com o sistema LMD.

O dirigente da Rede de Jovens Quadros guineenses antevê “uma catástrofe total”, se a iniciativa for avante, advertindo que será vista como “um negócio”, já que, para se ter uma licença para lecionar o sistema LMD, será preciso pagar “cinco milhões de francos CFA [cerca de 7.600 euros]”.

Joelson Tavares afirmou ainda que, no Senegal, um universitário tem aulas durante quase todo o dia, enquanto na Guiné-Bissau o tempo letivo não ultrapassa cinco horas diárias.

“Não é preciso correr, antes de andar”, enfatizou Tavares.

Confrontada com as questões levantadas pelo presidente da Rede de Jovens Quadros guineenses, fonte do Ministério da Educação e Ensino Superior afirmou que a ideia da implementação do sistema LMD “ainda vai a estudos”.

In lusa

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