quinta-feira, 10 de abril de 2025

Restituição do IIº Fórum de Dakar: LIGA DENUNCIA QUE PESSOAS SUBMETIDAS AO TRATAMENTO DE HEMODIÁLISE NO PAÍS MORREM QUASE TODAS

O presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, Bubacar Turé, revelou que todas as pessoas que foram submetidas ao tratamento de hemodiálise, na Guiné-Bissau, praticamente morreram todas e disse que, enquanto uma organização defensora dos direitos humanos, a Liga vai continuar a denunciar e acompanhar esses problemas.

Bubacar Turé, que falava na abertura dos trabalhos do seminário de restituição do segundo Fórum dos média de Dakar, realizado em dezembro de 2024, sobre a luta contra a violência nas mulheres e meninas em África, questionou se essas mortes terão a ver com um nexo de causalidade de falta de preparação dos técnicos dos serviços de hemodiálise ou não, uma inquietação que o moveu a desfiar os jornalistas a investigarem estas e mais outras situações à volta do sistema nacional e dos direitos humanos.

Na sua comunicação, Bubacar Turé disse ter alertado as autoridades sobre a complexidade do serviço de hemodiálise que acabara de ser inaugurado recentemente na Guiné-Bissau, sobretudo no concernente à capacidade do país e dos técnicos ou recursos para suportar e lidar com “este serviço tão importante para as pessoas que padecem de problemas de hemodiálise”.

“Os nossos serviços de Pediatria são um caos, a maternidade apresenta graves problemas. Temos informações de enfermeiros e enfermeiras que vendem e contrabandeiam medicamentos que são doados pelos parceiros internacionais. Temos também informações de kits e outros materiais hospitalares que são roubados e vendidos no mercado negro. Tudo isso são questões de interesse público que os jornalistas devem investigar profundamente e trazer ao público para alertar o governo para que possa cumprir as suas responsabilidades”, desafiou.

Desfiou também os jornalistas a investigarem desvios de materiais, de medicamentos que são contrabandeados e outras atrocidades que ocorrem nos hospitais, bem como as mortes misteriosas nos hospitais da Guiné-Bissau.

Bubacar Turé disse que o sistema nacional de saúde está sistematicamente disfuncional e cheio de improvisos, com infraestruturas em ruínas, uma situação que disse estar associada à insuficiência de profissionais.

Para o presidente da Liga, essas condições não só representam uma ameaça à saúde pública como também colocam em risco a vida aos profissionais de saúde.

“Sem exagero nenhum, o Sistema Nacional de Saúde da Guiné-Bissau encontra-se, não só neste momento, mas permanentemente num estado disfuncional e de improvisos, por o Estado e os sucessivos governos nunca terem investido devidamente para o seu funcionamento. 

Nunca foram alocados recursos financeiros suficientes para permitir o funcionamento do sistema, permitindo que os cidadãos com problemas de enfermidades possam ser atendidos convenientemente não só nos atendimentos pelos especialistas, como também no fornecimento de medicamentos e no acompanhamento dos problemas de saúde que os utentes apresentam, de forma global”, reforçou.

O presidente da Liga defendeu uma investigação séria sobre “o colapso no sistema nacional de saúde”, os problemas “estruturais greves” que o sistema enfrenta, como uma das medidas de pressão para que as autoridades nacionais e o governo, no seu todo, para uma assunção completa das suas responsabilidades.

O ativista dos direitos humanos disse que os problemas financeiros nunca devem ser tidos como desculpas para colocar o Sistema Nacional de Saúde na situação em que se encontra, razão pela qual tem de haver esforços conjuntos, porque existem problemas que o sistema enfrenta que poderiam ter sido ultrapassados se houvesse uma vontade política de todos os atores e intervenientes, com vista a resolução gradual desses problemas.

MINISTRO DE SAÚDE DESAFIA PRESIDENTE DA LIGA E GUINEENSES EM GERAL A DENUNCIAREM O CONTRABANDO DE MEDICAMENTOS
Em reação às denúncias, o ministro da Saúde Pública, Pedro Tipote, desafiou o presidente da Liga Guineense a apresentar provas dos fatos das denúncias feitas relativamente ao funcionamento do sistema nacional de saúde e de contrabando de medicamentos, bem como de desvio de materiais e mortes misteriosas.

“Lanço um desafio a todos que têm informações de provas dos crimes que possam ser cometidos no sistema de saúde que sejam públicos, denunciados e entregues ao Ministério Público, para que as averiguações sejam feitas e responsabilizar os seus responsáveis. O Disse e bem o presidente da Liga. Não se pode deixar as pessoas morrerem. e Estamos aqui para trabalhar para o bem-estar desse povo. Gostaria que as informações e as denúncias que escutei do presidente da Liga fossem entregues ao Ministério Público para que sejam averiguadas as veracidades dessas informações e denúncias, primeiro, e depois responsabilizar as pessoas envolvidas nos crimes de matar, de vender e de subtrair materiais e alguns materiais para vendê-los no mercado negro”, desafiou.

Por: Filomeno Sambú
Conosaba/odemocratagb

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