sábado, 8 de fevereiro de 2025

Tabaco moído para infecções vaginais: TRATAMENTO DESCONHECIDO POR MÉDICOS AMEAÇA VIDAS DE GESTANTES E PROVOCA ABORTOS INDESEJÁVEIS



A utilização do tabaco moído (Tababá) para o tratamento de infecções vaginais ou aumentar a capacidade de fertilidade na mulher é uma prática desconhecida e não recomendável pelos médicos.

Os ginecologistas entrevistados pela equipa de produção do Boletim Info Drogas do Observatório Guineense da Droga e da Toxicodependência e retomado por O Democrata, repudiaram a utilização desta droga para o tratamento de quaisquer as infecções vaginais e muito menos para resolver o problema da infertilidade, aconselhando as mulheres e gestantes a recorrem sempre aos médicos especialistas para consultas e tratamento dos problemas de infeções.

O aumento do uso deste produto (tabaco moído), que os médicos consideram uma droga, para o tratamento de infeções vaginais preocupa a sociedade em geral e, particularmente, os ginecologistas que são confrontados com os casos de gestantes que sofrem abortos indesejáveis, por causa da utilização constante de tabacos moídos na vagina, fato que mereceu destaque do Boletim Informativo do Observatório Guineense da Droga e da Toxicodependência, ouvindo os especialistas sobre o risco e perigo que este produto representa para a saúde das mulheres e em particular para as grávidas.

MÉDICO: “UMA MULHER GESTANTE DE TRIGÉMEOS SOFREU ABORTO INDESEJÁVEL POR CAUSA DO TABABA”

O jovem médico ginecologista, Aldjuma Colibali, explicou que consultou uma grávida e de acordo com a ecografia realizada daria à luz a trigêmeos. Frisou que a gestante utilizava tabaco moído antes da gravidez e mesmo estando grávida continuou a introduzir o tabaco na vagina para o efeito de tratamento.

“Um dia, essa mulher foi ao consultório. Disse-me que estava com dores de barriga. Pedi-lhe para tirar as roupas para observá-la. Observei e encontrei Tababá na vagina. Avisei-a que se continuasse a usar o tabaco moído perderia os bebés. Respondeu-me que fez vários anos sem se engravidar, depois de vários tratamentos, apenas quando foi aconselhada a usar o Tababá é que ficou grávida do seu marido, razão pela qual não poderia deixar de usá-lo”, explicou o médico, adiantando que ainda assim insistiu que ela deixasse de usar o tabaco moído, como já estava grávida, pelo menos até dar à luz. Segundo o especialista, a mulher recusou acatar as recomendações, por ter sido recomendada a manter a prática, tendo insistido a aconselhar-lhe a deixar o uso de tababá, porque este produto poderia levá-la a um aborto indesejável.

Contou que depois de cinco e seis meses ela perdeu a gravidez.

Segundo Dr. Aldjuma Colibali, a mulher queria que, depois da limpeza da barriga, escondesse a verdade do marido, mas não aceitou e explicou tudo, por ser ela a principal responsável pelo aborto indesejável, por causa da negligência sobre o uso do Tababá.

Revelou que consultou também três grávidas que usavam o tabaco moído, mas que acabaram por perder a gravidez.

“Eu consultei várias mulheres grávidas, mas entre elas, três acabaram por perder a gravidez, porque usavam o Tababá. Havia mulheres que utilizavam este produto, mas já deixaram de utilizá-lo porque acataram os conselhos médicos. As três mulheres não acataram a recomendação, por isso perderam a gravidez. Entre as mulheres consultadas, uma delas deu à luz, mas a sua criança enfrenta neste momento graves problemas de pele, porque “a mãe usava o produto por excesso”.

O médico tem recebido pacientes que usam o tabaco moído. Aliás, revelou que examinou uma terceira mulher e viu que esta usava o Tababá e teve que aconselhá-la para parar, reconhecendo que é difícil uma mulher que tem o hábito de usar o tabaco moído parar, porque “algumas dizem que não conseguem dormir sem usar o Tababá”.

MÉDICO REVELA QUE HÁ TRÊS PERÍODOS DO DIA QUE AS MULHERES USAM TABABÁ

O médico ginecologista revelou que há três períodos do dia que as mulheres usam Tababá: algumas usam-no quando dormem, porque depois de usá-lo não conseguem ficar de pé e outras preferem depois do almoço.

Questionado se o tabaco pode tratar algumas infecções, o técnico respondeu que não há literatura que sustente que o tabaco cura alguma coisa, lembrando que nos maços de cigarros estão as informações de que o cigarro é prejudicial à saúde, que fará quando o tabaco sofre alterações ou tiver à mistura outras substâncias. O especialista não tem dúvidas de que o uso do Tababá é um risco para a saúde humana.

Questionado sobre as principais doenças apresentadas pelas pacientes que utilizam o tabaco moído, respondeu que “na sua maioria apresentam aquilo que chamam de Cervesitio, provocam inflamação, a vagina torna-se frágil e vulnerável à contaminação.

“Não posso especificar a doença causada pelo tabaco, porque a maioria das mulheres que examinamos ou que foram à consulta e entrevistamos não apresentaram outras doenças sexualmente transmissíveis, para além daquelas infeciosas. Não digo todas, mas tenho uma mulher doente que diagnostiquei, que me disse que usa o produto há três anos. Esta senhora apresenta a doença de Sífilis, mas a maioria que examinamos apresenta infecções. Não sei se o tabaco pode causar mais doenças sexualmente transmissíveis, mas com certeza, transmite infeções”, garantiu.

“Pensava que as mulheres não utilizavam Tababá nas ilhas. Estive nas localidades da região de Cacheu, norte do país, pude provar que o uso deste produto foi perpetuado nessas zonas e chega ao setor de Calequisse. Nas zonas de Empada, Bafatá e Gabú também”, disse, apontando a região de Oio como uma das regiões onde as mulheres usam mais o tabaco moído, sobretudo nos setores de Mansoa e Bissorã. Hoje em dia, o uso do Tababá é um problema grave de saúde pública na Guiné-Bissau.

Disse que se os médicos explicaram o que acontece naquela zona, os resultados são gritantes. A maioria dos óbitos que ocorrem na zona é por causa do Tababá. Nessas localidades, o produto é comercializado até nas feiras populares (lumo). Neste sentido, recomendou às usuárias a não aceitarem que sejam incentivadas a usar o que não conhecem ou nunca consumiram, apenas o que conhecem ou que procurem informar-se junto dos técnicos da área para saber se é bom ou não, antes de fazê-lo.

Ouvido pela equipa de reportagem do Boletim, o especialista em ginecologia, Elísio Júnior Baldé Ferreira, Diretor de Serviço de Saúde Sexual e Reprodutiva, desaconselha as mulheres a usarem “o tabaco moído” para o tratamento de infecções, por este método de excitação não ter a dosagem fixa.

O especialista afirmou que há teorias construídas pelas usuárias do “tababá”, segundo as quais o método serve para o tratamento de infecções, tornar estreito o canal vaginal e estimular o prazer sexual.

Dr. Elísio indicou como efeitos colaterais do uso do “Tababá” o desmaio, vômito, perda de consciência, tonturas, pelo que aconselhou as mulheres a procurarem um médico ou um especialista em caso de uma infeção.

In Boletim Info Drogas
Conosaba/odemocratag

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