sábado, 11 de julho de 2015

«OPINIÃO» 'SER DIRIGENTE DESPORTIVO'

Kecói Queta

Cumpre aos dirigentes definirem projectos de trabalho a curto, médio e longo prazo, relacionados com a história da modalidade no clube respectivo e tipo e personalidade demonstrados pelos diferentes membros do colectivo de trabalho constituído. O futuro desse projecto está estreitamente dependente de se conseguir uma consolidação cada vez maior no âmbito das relações desportivas, estruturais, organizacionais, relacionais e disciplinares, quer individualmente quer por sectores específicos de acção.

Existe a necessidade de aprofundar uma relação estreitamente entre o passado, o presente e o futuro de qualquer clube ou equipa, pelo que se torna extremamente difícil fazer vingar projectos de trabalho constantemente alterados ao sabor do improviso e das circunstâncias fortuitas da competição.

Organização, disciplina e muito trabalho representam o segredo do êxito. Quando maior for a organização e disciplina, maiores são as hipótese de obtenção da vitoriarias.

Máximo de comunicação e respeito mútuo entre os componentes da equipa. Sem consideração e respeito entre os dirigentes e os restantes elementos do grupo de trabalho não há entreajuda possível, não há orgulho colectivo na imagem da equipa.

Entre os dirigentes que mais directamente colaboram com o treinador, distingue-se os chamados seccionistas. A importância de trabalhar com os seccionistas só é de facto reconhecida no momento preciso em que deparámos com alguns dos maus…Melhor dizendo, nem sempre (quase nunca!) Sabemos valorizá-los como justificam!  
  
A ingratidão da sua tarefa reside no facto de, embora a sua posição no grupo de trabalho seja definida como de dirigente, o seccionista de sentir «dividido» no meio do triângulo formado pelo director, o treinador e os atletas, onde todos lhe «exigem» fidelidade e dedicação.

Um seccionista de «boa qualidade» cedo descobre que a eficácia do seu desempenho depende respectivamente de saber dar resposta às tarefas que o director lhe aponta (libertando este o mais possível da generalidade de intervenções executivas habitualmente existentes ao redor de uma equipa), enquadrar (antecipar sempre que possível!) e solucionar todo o tipo de apoios de que o treinador necessita para levar a cabo os treinos, os jogos, as deslocações, etc, e «satisfazer» os atletas em toda a sua enorme gama de «exigências» típicas de quem gosta de ver-se «mimado» no seu exigente dia-a-dia de treinos, viagens, competições, etc.  
      
Os dirigentes “pessoas com sensatez de entendimento e com sensibilidade prática que, com orgulho, sem exibicionismo, dirigem a realização de um trabalho sólido”, exigindo-se-lhes competências como sejam:

- Crença nas virtudes e nos valores do desporto, como corolário de uma longa ligação á actividades desportivas.
- Saber ouvir e dialogar, excluindo todos aqueles que fazem da participação no desporto um exercício ditatorial.
- Capacidade para motivar e estimular os que os rodeiam e para a direcção das diversas pessoas que consigo colaboram.
- Consciência de responsabilidade, seriedade, frontalidade e disciplina de trabalho.
- O Desempenho de uma função de dirigente de topo (num clube, associação ou federação) exige: 
- Conhecer a essência do desporto e da modalidade desportiva em causa, entendendo bem as suas implicações culturais, sociais e económicas.
- Estar informado dos aspectos fulcrais do processo de formação do rendimento desportivo desde a formação de base e detecção de talentos, passando pelas etapas intermédias de fomento, consolidação e desenvolvimento de talentos, até às etapas finais da expressão plena de rendimento desportivo.
- Compreender as mediadas e apoios necessários à prática desportiva, nomeadamente de ordem médica, psicológica e pedagógica.
- Conhecer o sistema desportivo nacional nas suas vertentes legais, estruturais, funcionais e institucionais.
- Conhecer o movimento desportivo internacional nos seus aspectos fundamentais.

Os dirigentes desportivos, ao assumirem cada vez mais um lugar central no contexto dos sujeitos do desporto, devem por isso ser “questionados e postos em causa no plano ético e moral dos seus comportamentos, exigindo-se-lhes formação inicial e contínua, “para que o desporto seja um sistema moralmente bom”!

Não andar com chicote ou pistola em punho feito “cowboi trinitá” e dizer: não vou pedir desculpa, nada disso, meu senhor. Errar é humano, pedir desculpa é do grande homem. Todo o grande homem foi outrora um Zé Ninguém que desenvolveu apenas uma outra qualidade: a de reconhecer as áreas em que que havia limitações e estreiteza no seu modo de pensar e agir. Aprendeu a sentir cada vez melhor aquilo em que a sua pequenez e mediocridade ameaçavam a sua felicidade.


Obs: Próximo Bloco: Como formar uma equipa do futebol 

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