Bissau, 29 Dez 14 (ANG) – O Presidente da República lembrou as autoridades eleitas que o povo as escolheu porque acredita serem pessoas certas nos lugares indicados, pelo que suas expectativas não devem ser defraudadas.
Em mensagem à Nação por ocasião da passagem do ano, José Mário Vaz (Jomav) referiu que o país não produz riqueza suficiente para garantir o bem-estar próprio, por isso, voltou a destacar a necessidade de se “meter a mão na lama”.
Segundo o chefe de Estado, o período de graça às autoridades instituídas não pode ser alargado indefinidamente, sob o risco de se criar “frustrações e desanimo”.
Jomav qualificou 2014 como ano em que os resultados não foram “concretos e tangíveis”, mas augurou, baseando no Orçamento Geral do Estado já aprovado, que o próximo será difícil e de grande exigência, “sobretudo para aqueles que têm a responsabilidade de governar”.
O PR pediu sinais claros de cumprimento, por parte do executivo, das promessas eleitorais e o início de execução das prioridades definidas no programa do governo.
O chefe de Estado disse estar firmemente empenhado em dar cumprimento as promessas feitas durante a campanha relativamente ao respeito à Constituição da República, a defesa da integridade territorial, o não uso do território para acções de desestabilização de outros países e a produção de arroz para alimentação do povo.
José Mário Vaz disse continuar com as suas reservas sobre à pertinência do início imediato da exploração dos recursos minerais da Guiné-Bissau e manifestou-se convicto de que a agricultura e as pescas, que constituem as vantagens comparativas do pais, devem merecer, neste momento, total prioridade e constituir a base do desenvolvimento económico e social do pais.
“Quanto aos outros recursos naturais, penso que devemos preparar-nos melhor para a sua exploração, sobretudo investindo na formação de quadros guineenses nos respectivos sectores e fortalecendo o quadro institucional e de governação, de forma a geri-los com eficácia para o bem de todos”.
Insistindo no mesmo assunto, disse serem vários os exemplos no mundo em que as receitas da indústria extractiva são absorvidas por uma minoria e não chegam às populações que mais precisam.
“O que corrói o tecido económico e a coesão social”, disse, sublinhando que, lamentavelmente, em vários países, a indústria extractiva pouco contribui para as receitas orçamentais e a criação de emprego.
Chamou a atenção que, no caso concreto da Guiné-Bissau, deve-se aprender com os erros do passado recente, nomeadamente com a exploração “desenfreada” da floresta nacional.
“Ninguém sabe quantas árvores foram abatidas e equivalentes a quantos metros cúbicos, Ninguém sabe quem as exportou e a que valor o fez, uma vez que nada ficou registado nas receitas orçamentais”, lamentou o Presidente da Republica.
Prosseguiu questionando sobre o facto de até hoje, ninguém saber quantas toneladas de arreias pesadas foram extraídas de Varela, a quantidade exportada e muito menos o valor pago a nível de taxas.
Na sua opinião, significa que, legalmente, as areias pesadas de Varela não estão a ser exploradas, apesar de, na prática, se assistir regularmente a um movimento de camiões carregados deste produto.
“Resta saber para onde vão as taxas pagas uma vez que não se encontram reflectidas nas receitas orçamentais de 2014 e muito menos nas do OGE de 2015”, questionou Jomav.
Referindo-se ao que chamou de “as riquezas do nosso mar”, que apesar das suas receitas serem pequenas e de entrarem nos cofres do Estado, através do pagamento de licenças de pesca e da tão conhecida Compensação da União Europeia, Mário Vaz elogiou as autoridades responsáveis pelo sector, porque, segundo fez questão de realçar, “sabe-se o montante que entra e como é gasto. É o único dinheiro arrecadado em termos de exploração dos nossos recursos”.
O PR reconheceu as dificuldades com que se debate a população mas exortou-a a acreditar em dias melhores, nas virtudes de trabalho e a ter a coragem e inteligência de transformar essas dificuldades em oportunidades.
“Temos de ser capazes de aumentar a nossa produção para atingir a auto-suficiência alimentar e criar riquezas”, frisou o Chefe do Estado que apelou ao combate ao desemprego, e a promoção do emprego jovem.
Acrescentou que um país essencialmente jovem não pode dar-se ao luxo de desperdiçar toda a energia da juventude, afastando-a da tarefa da criação de riqueza e do impulso para o desenvolvimento.
Qualificando as mulheres guineenses de “pilares da família e principais sustentáculos da sociedade”, José Mário Vaz saudou as suas coragem e determinação.
Outrossim, reconheceu que não é concebível um desenvolvimento económico e social sustentável sem se desenvolver correctamente mecanismos que permitam superar as dificuldades que se colocam aos sectores da Educação e Saúde.
“Mulheres e Homens guineenses façamos de 2015, ano de “NÓ PRODUZI ARUZ PA NÓ CUME – MON NA LAMA”. Convido as famílias, as empresas e as ONGs a não esperarem somente pelo Estado. Cada um deve usar da sua imaginação e criatividade, para produzir riqueza para si e para a sua família”, disse a concluir.
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