quarta-feira, 5 de março de 2025

Guiné-Bissau aguarda pedido de desculpas da CEDEAO


Reação do Ministro dos Negócios Estrangeiros, Cooperação Internacional e das Comunidades, Carlos Pintos Pereira em relação a recente missão da CEDEAO ao país.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau afirmou hoje que o país aguarda uma retratação pública por parte da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) que "quis faltar ao respeito" às autoridades.

Em conferência de imprensa de balanço das visitas ao estrangeiro do Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, Carlos Pinto Pereira aproveitou para abordar a recente polémica que envolve a CEDEAO e o país.

de regresso ao país, Umaro Sissoco Embaló afirmou na segunda-feira ter ordenado a expulsão de uma missão "de alto nível político" que a CEDEAO enviou a Bissau para ajudar a classe política a alcançar consenso à volta do calendário eleitoral.

Aguardamos da parte da CEDEAO uma retratação pública", disse hoje o chefe da diplomacia guineense, para quem o nome do país foi "vilipendiado na praça pública" pela atitude da missão.

Para Carlos Pinto Pereira a missão "não tem o direito de faltar ao respeito" às autoridades guineenses pelo que, disse, o Governo "está inteiramente ao lado da posição do Presidente".

"Não podemos admitir que as leis e as autoridades do país sejam desrespeitadas", sublinhou, dizendo não compreender de onde saiu a ideia de que a missão da CEDEAO iria elaborar um roteiro de transição na Guiné-Bissau.

Para o chefe da diplomacia guineense, a missão enviada a Bissau pela organização oeste africana não é de alto nível, por ser liderada por um embaixador e só poderia ser de alto nível se fosse dirigida por um ex-Presidente ou por um chefe de Estado em funções.

Pinto Pereira sublinhou ainda que o desrespeito maior foi quando a missão da CEDEAO recebeu uma delegação de deputados em nome da Comissão Permanente da Assembleia Nacional Popular dirigida por Fernando Dias.

"Toda a gente sabe que a Comissão Permanente é dirigida pelo seu presidente, que neste caso é a Satu Camará Pinto", afirmou Pereira, em alusão à terceira vice-presidente do parlamento, que desde setembro tem dirigido a instituição.

As autoridades destituíram Domingos Simões Pereira, lider da coligação PAI-Terra Ranka, da liderança do parlamento e colocaram Camará Pinto naquelas funções.

O chefe da diplomacia guineense considerou que qualquer contacto que a missão da CEDEAO pudesse fazer seria através dos serviços do Protocolo do Estado e também em nome do parlamento, por intermédio de Satu Camará.

Carlos Pinto Pereira disse que a Guiné-Bissau "não admite falta de respeito, nem da CEDEAO nem de qualquer outra organização" e afirmou que o Presidente do país já anunciou que convocará eleições legislativas e presidenciais para 30 de novembro.

A delegação da CEDEAO esteve na Guiné-Bissau, entre 21 e 28 de fevereiro, tendo revelado que deixou o país na madrugada de 01 de março sob ameaça de expulsão por parte do Presidente guieense.

O chefe de Estado não gostou que a missão tivesse alterado o programa inicial e decidido ouvir a coligação que reúne partidos contestatário do regime, a API Cabas Garandi.

A missão acabou por ouvir, também, a comissão permanente deposta do parlamento, depois de a coligação PAI-Terra Ranka recusar reunir-se com a CEDEAO sem que esta comissão fosse incluída nas audiências.

A substituição da liderança do parlamento ocorreu alguns meses depois de o Presidente ter dissolvido, em dezembro de 2023, a Assembleia de maioria Terra Ranka, liderada pelo PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde).

O líder da coligação e do PAIGC, Domingos Simões Pereira, assumiu a presidência da Assembleia e entregou a Geraldo Martins a liderança do Governo deposto meio ano depois da posse e substituído por um de iniciativa presidencial.

Simões Pereira encontra-se fora da Guiné-Bissau e, apesar de afastado da Assembleia, tem feito reuniões 'online' da comissão que presidia e que acabou por ser ouvida pela CEDEAO, sem a presença do líder.

Lusa

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