O coordenador do Movimento para a Alternância Democrática da Guiné-Bissau (Madem-G15), Braima Camará, afirmou hoje que o seu partido está disponível para dialogar para encontrar soluções inclusivas para o país.
"Desde as eleições legislativas que o Madem participa sempre com espírito de diálogo e entendimento para encontrar soluções inclusivas”, afirmou Braima Camará.
O coordenador do Madem-G15 falava depois de um encontro com o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, que convocou hoje os partidos com assento parlamentar para analisar a situação política do país e as recomendações da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental de formação de um novo Governo, que respeite os resultados das eleições legislativas, até 22 de maio.
“O desenvolvimento só é possível se nos sentarmos e todos dialogarmos”, salientou Braima Camará.
O Madem-G15, foi o segundo partido mais votado nas legislativas, e assinou um acordo de incidência parlamentar com o Partido de Renovação Social (PRS), terceira força mais votada, e com a Assembleia do Povo Unido – Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB).
A APU-PDGB assinou inicialmente um acordo de incidência parlamentar com o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que venceu as legislativas sem maioria, mas acabou por denunciar o acordo e juntar-se ao Madem-G15 e ao PRS. Esta decisão dividiu o partido e há três deputados, dos cinco eleitos, que continuam a apoiar o acordo com o PAIGC.
Nas declarações aos jornalistas, o PRS, através do seu dirigente Jorge Malú, disse que comunicou ao chefe de Estado que mantém a aliança com o Madem-G15 e a APU-PDGB.
Questionado sobre a disposição da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), de nomeação de um novo Governo até 22 de maio, Jorge Malú disse que estão a ser tomadas “disposições internas”, mas “respeitando as leis internas da Guiné-Bissau”, salientando que há uma nova maioria no parlamento.
A CEDEAO reconheceu a semana passada Umaro Sissoco Embaló como vencedor das eleições presidenciais da Guiné-Bissau e recomendou a formação de um Governo, que respeite os resultados das eleições legislativas, até 22 de maio.
A Guiné-Bissau tem vivido desde o início do ano mais um período de crise política, depois de Sissoco Embaló, dado como vencedor das eleições pela Comissão Nacional de Eleições, se ter autoproclamado Presidente do país, apesar de decorrer no Supremo Tribunal de Justiça um recurso de contencioso eleitoral apresentado pela candidatura de Domingos Simões Pereira.
A União Europeia, União Africana, ONU, Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e Portugal elogiaram a decisão da organização sub-regional africana por ter resolvido o impasse que persistia no país, mas exortaram a que fossem executadas as recomendações da CEDEAO, sobretudo a de nomear um novo Governo respeitando o resultado das anteriores legislativas.
Simões Pereira, líder do PAIGC, não aceitou a derrota na segunda volta das presidenciais de dezembro e considerou que o reconhecimento da vitória do seu adversário é “o fim da tolerância zero aos golpes de Estado” por parte da CEDEAO.
Umaro Sissoco Embaló demitiu o Governo do primeiro-ministro Aristides Gomes (PAIGC), que mantém o apoio da maioria no parlamento da Guiné-Bissau, e nomeou outro liderado por Nuno Nabian, tendo considerado na semana passada que esta nomeação respeita a Constituição do país.
O Supremo Tribunal de Justiça remeteu uma posição sobre o contencioso eleitoral para quando forem ultrapassadas as circunstâncias que determinaram o estado de emergência no país, declarado no âmbito do combate à pandemia provocada pelo novo coronavírus.
Conosaba/Lusa
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