A Liga Guineense dos Direitos Humanos alertou hoje que existem casos de fome e subnutrição em várias regiões do país e pediu às autoridades e aos parceiros internacionais para adotarem um plano conjunto de contingência
ALiga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) alertou hoje que existem casos de fome e subnutrição em várias regiões do país e pediu às autoridades e aos parceiros internacionais para adotarem um plano conjunto de contingência.
“A LGDH lança um vibrante apelo às autoridades nacionais e aos parceiros internacionais no sentido de convergirem as sinergias com vista à adoção urgente de um plano de contingência contra a fome na Guiné-Bissau e o seu consequente e imediato financiamento”, pede a organização, em comunicado divulgado à imprensa.
A Liga refere que as suas unidades locais de alerta registaram 650 famílias em “situação de insegurança alimentar grave em várias regiões do país”.
“As regiões de Oio, Quinará, Tombali e Bafatá e alguns bairros periféricos de Bissau, havendo casos de famílias inteiras a passar vários dias sem comer”, salienta a Liga.
Segundo a organização, as principais causas da insegurança alimentar estão relacionadas com o “impacto direito das medidas de prevenção da covid-19 no mundo e na Guiné-Bissau, em particular, afetando sobremaneira a campanha de caju, base da economia nacional”.
A Guiné-Bissau tem 1,8 milhões de habitantes. Cerca de 80% da população do país depende direta ou indiretamente da comercialização e exportação da castanha de caju, que está parada por falta de compradores no terreno.
“Esta triste realidade com que a população guineense se depara, sobretudo nas zonas rurais, tende a agravar-se nos próximos tempos, caso não foram adotadas, com caráter de urgência, as medidas de mitigação dos efeitos da covid-19 na economia, tais como a concessão de apoio às famílias mais vulneráveis do país”, sublinha.
A Guiné-Bissau registou até hoje 50 contaminações pela covid-19, três das quais já foram dadas como curadas.
A covid-19 atingiu a Guiné-Bissau num momento em que o país vive mais um período de crise política, depois de o general Umaro Sissoco Embaló, dado como vencedor das eleições pela Comissão Nacional de Eleições, se ter autoproclamado Presidente do país, enquanto decorre no Supremo Tribunal de Justiça um recurso de contencioso eleitoral apresentado pela candidatura de Domingos Simões Pereira.
Umaro Sissoco Embaló tomou posse numa cerimónia dirigida pelo vice-presidente do parlamento do país Nuno Nabian, que acabou por deixar aquelas funções, para assumir a liderança do Governo nomeado pelo autoproclamado Presidente.
O Governo demitido por Umaro Sissoco Embaló, o do primeiro-ministro Aristides Gomes, mantém o apoio da maioria no parlamento da Guiné-Bissau.
O Governo liderado por Nuno Nabian ocupou os ministérios com o apoio de militares, mas Sissoco Embaló recusa que esteja em curso um golpe de Estado no país e diz que aguarda a decisão do Supremo sobre o contencioso eleitoral.
Na sequência da tomada de posse de Umaro Sissoco Embaló e do seu Governo, os principais parceiros internacionais da Guiné-Bissau apelaram a uma resolução da crise com base na lei e na Constituição do país, sublinhando a importância de ser conhecida uma decisão do Supremo Tribunal de Justiça sobre o recurso de contencioso eleitoral.
O Supremo Tribunal de Justiça remeteu uma posição sobre o contencioso eleitoral para quando forem ultrapassadas as circunstâncias que determinaram o estado de emergência no país.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 164 mil mortos e infetou mais de 2,3 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 525 mil doentes foram considerados curados.
Conosaba/Lusa
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