Viagem para Lisboa terá sido autorizada pelo Presidente Sissoco Embaló
A ministra da Justiça e Direitos Humanos do Governo da Guiné-Bissau demitido a 27 de fevereiro partiu esta terça-feira à tarde para Lisboa. Ruth Monteiro embarcou num voo da TAP fretado para repatriar portugueses retidos no país africano por causa da pandemia de covid-19.
A partida foi complicada. Houve várias tentativas de proibir a saída da advogada, que tem nacionalidade portuguesa além de guineense. Terá sido o Presidente Umaro Sissoco Embaló a autorizar pessoalmente a sua partida.
Monteiro, que chegou a acumular a pasta dos Negócios Estrangeiros, já tentara pelo menos duas vezes viajar para Portugal, na última semana de março. Na altura lançou através das redes sociais um “pedido de socorro”, por se ver alvo de limitações à livre circulação após ter dado entrevistas. Garantia ter a integridade física e vida em risco.
A ex-ministra foi convocada pela justiça guineense e dispôs-se a comparecer, embora convicta da “absoluta ilegalidade” das ações da Procuradoria, que acusou de atuar a mando de Embaló. Este venceu as eleições presidenciais de 2019, com 53,55% dos votos, mas os resultados foram contestados pelo candidato que com ele disputou a segunda volta, Domingos Simões Pereira.
CEDEAO PEDE NOVO GOVERNO E REVISÃO CONSTITUCIONAL
A embaixada de Portugal em Bissau manteve-se em contacto com Monteiro. Esta militante do partido Movimento Patriótico (sem representação parlamentar) apoiou nas presidenciais Simões Pereira, do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC). Quinta-feira passada a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) reconheceu a legitimidade da eleição de Embaló, do Movimento para a Alternância Democrática (Madem 15).
O novo Presidente foi empossado numa cerimónia a 27 de fevereiro, contestada pelo PAIGC, cujo Governo o novo chefe de Estado exonerou, substituindo o primeiro-ministro Aristides Gomes por Nuno Nambian. Vários políticos que não reconheceram a vitória de Embaló referiram atos de intimidação, reforçados por presença militar e policial em Bissau.
Os chefes de Estado e Governo da CEDEAO, que reúne 15 países (incluindo a Guiné-Bissau), pediram Embaló que nomeie um novo primeiro-ministro e forme Governo o mais tardar até 22 de maio. Insistem ainda na necessidade de rever a Constituição e submetê-la a referendo no prazo de seis meses. O Governo português acompanhou a posição da CEDEAO e pediu estabilidade institucional no país africano lusófono.
Conosaba///expresso.pt/
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