Os deputados que participaram hoje na reunião da comissão permanente do parlamento da Guiné-Bissau não chegaram a acordo sobre a proposta do presidente do parlamento de criar uma comissão para angariar fundos e fiscalizar o combate à covid-19.
Em declarações aos jornalistas no final do encontro, o deputado Hélder de Barros, do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), disse que "não houve consenso" no encontro, que visava também marcar uma sessão para o mês de maio.
"Isso não tem sentido. Existe um Governo que está a dialogar com a comunidade financeira internacional, como é que se vai criar outra comissão para a angariação de fundos?", questionou o deputado Abdu Mané, do Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15).
O deputado do Partido de Renovação Social (PRS) João Alberto Djata considerou também que o Governo já criou uma comissão interministerial e se a Assembleia Nacional Popular quer participar na luta contra a covid-19 deve procurar mecanismos para integrar aquela comissão.
O presidente da Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau, Cipriano Cassamá, propôs hoje a criação de uma comissão para angariar fundos e fiscalizar a prevenção e combate à pandemia provocada pelo novo coronavírus no país.
"É urgente e prioritário encontrar uma solução consensual sobre a criação de uma comissão de operacionalização, angariação de fundos e fiscalização da luta contra a covid-19, que deve congregar todos os atores nacionais e parceiros internacionais vocacionados", afirmou Cipriano Cassamá, na abertura de uma reunião da comissão permanente do parlamento.
A Guiné-Bissau regista 46 casos de covid-19, três dos quais recuperados.
Em termos de distribuição geográfica, 31 casos foram registados em Bissau, 10 em Canchungo, na região de Cacheu, e cinco na região de Biombo.
No âmbito do combate à pandemia, a Guiné-Bissau já prolongou o estado de emergência até 26 de abril e endureceu algumas das medidas para combate à prevenção da doença, à semelhança do que aconteceu em alguns países do mundo.
A covid-19 atingiu a Guiné-Bissau num momento em que o país vive mais um período de crise política, depois de o general Umaro Sissoco Embaló, dado como vencedor das eleições pela Comissão Nacional de Eleições, se ter autoproclamado Presidente do país, enquanto decorre no Supremo Tribunal de Justiça um recurso de contencioso eleitoral apresentado pela candidatura de Domingos Simões Pereira.
Umaro Sissoco Embaló tomou posse numa cerimónia dirigida pelo vice-presidente do parlamento do país Nuno Nabian, que acabou por deixar aquelas funções, para assumir a liderança do Governo nomeado pelo autoproclamado Presidente.
O Governo demitido por Umaro Sissoco Embaló, o do primeiro-ministro Aristides Gomes, mantém o apoio da maioria no parlamento da Guiné-Bissau.
O Governo liderado por Nuno Nabian ocupou os ministérios com o apoio de militares, mas Sissoco Embaló recusa que esteja em curso um golpe de Estado no país e diz que aguarda a decisão do Supremo sobre o contencioso eleitoral.
Na sequência da tomada de posse de Umaro Sissoco Embaló e do seu Governo, os principais parceiros internacionais da Guiné-Bissau apelaram a uma resolução da crise com base na lei e na Constituição do país, sublinhando a importância de ser conhecida uma decisão do Supremo Tribunal de Justiça sobre o recurso de contencioso eleitoral.
O Supremo Tribunal de Justiça remeteu uma posição sobre o contencioso eleitoral para quando forem ultrapassadas as circunstâncias que determinaram o estado de emergência no país.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 137 mil mortos e infetou mais de dois milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 450 mil doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Conosaba/Lusa
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