O objectivo principal
do desenvolvimento é o homem. No plano da economia, interessa a satisfação das
suas necessidades materiais, mas também o respeito pela sua dignidade e o seu
papel de construtor da sua terra.
A busca das
estratégias alternativas de desenvolvimento toma assim um relevo particular: as
alternativas podem ser mais ou menos realistas ou aplicáveis, mas a busca é de
todos nós.
Os problemas do
desenvolvimento são muitos e já foi dito por muitos, que na Guiné-Bissau tudo é
prioritário. No entanto não se pode enfrentar tudo ao mesmo tempo, e em cada
etapa do desenvolvimento devemos concentrar-nos nos objectivos, que mais podem
fazer avançar o conjunto da economia.
A Economia da Guiné-Bissau
é frágil, e continuará a sê-lo por muitos anos. Não há saltos, nem milagres
possíveis e o amanhã depende do esforço paciente e organizado, no dia-a-dia, de
cada metro de terra agrícola recuperado, do “camião” reparado, de cada criança
que aprende a ler, do operário que domina uma nova técnica.
O longo esforço de
construção da economia, exige um ambiente democrático, de paz, liberdade e tolerância.
Estas vivências são incompatíveis com a multiplicação de privilégios, com a
impaciência de quem quer desde já gozar os frutos que só existirão para todos no
futuro, com a prepotência do funcionário que se esquece, que está a serviço do
povo, com a leviandade de quem quer marcar a sua presença através de obras de
prestígio irreais.
O desenvolvimento
democrático, necessita de um desenvolvimento participado, no qual o conjunto
dos trabalhadores agrícolas, operários, dos serviços e intelectuais, sintam que
participam não só no resultado, com justiça social, mas também nas definições
politicas e suas opções.
Não há desenvolvimento democrático sem
planificação. Apenas esta permite que os representantes do povo eleitos, possam
efectivamente influir sobre a alocação dos recursos, e aprovar ou rejeitar e ou
modificar iniciativas antes que estas sejam tomadas, antes mesmo do facto
consumado. Somente o Planeamento, amplamente divulgado e discutido, pode
tornar-se a plataforma de união nacional que aponta o que o governo deve fazer
pelo país, bem como o programa em torno do qual, toda a sociedade decide orientar
e coordenar os seus esforços.
O Plano materializa-se com realizações
técnicas, utilizando cada vez mais racionais capacidades de trabalho, optimizando
os recursos naturais e os equipamentos. Mas é, antes de tudo, o documento
político fundamental em torno do qual se deve organizar a construção do país.
Ao elaborar o Plano, teve-se em mente
um instrumento político: que possa ser criticado, modificado ou alterado pelos
representantes eleitos do povo. Que cada trabalhador possa também através dele,
sentir e entender qual a sua participação na construção do seu futuro e que a
justiça social na distribuição dos frutos do esforço colectivo, se torne
instrumento de união nacional.
Bem-haja!
Dr. Sancum
Camará
Sem comentários:
Enviar um comentário