A Frente Popular convidou o povo guineense, sobretudo a juventude, a dar um salto patriótico e vencer o medo e aderir massivamente à mega manifestação nacional convocada para o dia 25 de maio de 2025.
Em comunicado à imprensa para assinalar um ano depois da repressão policial contra uma manifestação pacífica nacional convocada pela Frente Popular, resultando na detenção de 93 cidadãos nacionais entre os quais 14 mulheres, incluindo uma grávida, a organização condena mais uma vez “com veemência a odiosa violência” contra todos os ativistas no dia 18 de maio de 2024 e reitera a sua inabalável determinação em lutar e traduzir os atores destes hediondos crimes à justiça.
Neste particular, a Frente Popular informa a opinião pública nacional e internacional de que os procedimentos de queixa contra os titulares do Ministério do Interior e demais autores morais e materiais nas instâncias internacionais estão em fase muito avançada, sendo as notificações para breve.
“Reiterar o seu inequívoco compromisso em prosseguir a luta ao lado de todos os patriotas guineenses até ao resgate efetivo da República, através da restauração plena da ordem constitucional, condição essencial para o exercício das liberdades fundamentais e do respeito pela vontade popular e consequentemente” lê-se, afirmando que os espancamentos perpetrados por milícias encapuzados e filmados, sob ordens expressas do “regime autocrático encabeçado por UmaroSissoco Embaló”, resultaram em ferimentos graves, sequelas, aborto, além de danos psicológicos causados às vítimas, muitas delas ainda sob seguimento e cuidados médicos.
“À semelhança de vários ataques criminosos semelhantes contra mais de três centenas dos nossos concidadãos, dentro e fora do país, o regime ditatorial pretendia com a cruel repressão coletiva de 18 de maio, aterrorizar os ativistas, intimidar a população, reduzir a nossa organização ao silêncio e impor uma psicose generalizada de medo, perpetuar a cíclica impunidade e consolidar o absolutismo e a ditadura na Guiné-Bissau” lembrou.
“A inédita mobilização de centenas de agentes de repressão, as ordens de sucessivas prevenções nos quartéis e nas unidades paramilitares após cada anúncio de manifestação da Frente Popular, além de provar a intolerância deste regime ao exercício das liberdades de reunião e manifestação devidamente plasmadas na Constituição da República e nos instrumentos internacionais assinados e ratificados pelo Estado da Guiné-Bissau, confirma igualmente a sua brutal hostilidade aos princípios estruturantes do Estado de direito democrático” insistiu, acusando o atual regime de ter beneficiado de cumplicidade de diferentes entidades que, em nome de proteção de interesses particulares, preferem sacrificar o povo guineense, rasgar a Constituição da República, destruir a democracia, desmantelar as instituições democráticas, desvirtuar a memória histórica, enterrar o edifício ético moral e consagrar o poder absoluto, alimentado por uma teia de corrupção nunca vista na Guiné-Bissau.
“Aliás, o confinamento das liberdades fundamentais, a supressão do exercício democrático do poder, a confiscação da vontade popular, acompanhados por uma agenda propagandista alimentada pelo erário público, visam desviar a atenção do povo guineense severamente afetado por uma penúria insustentável, nomeadamente, o aumento generalizado dos preços de produtos de primeira necessidade no mercado, a fome, o empobrecimento das famílias, o forte fluxo migratório de guineenses, em particular de jovens formados à procura de melhores condições de vida, o endividamento público exponencial, o aumento da insegurança, da violência doméstica e do crime organizado” vincou a organização.
Sobre o Supremo Tribunal de Justiça, a Frente Popular considera “encenação e autêntica burla eleitoral sem piada” as recentes “pseudo eleições” no Supremo Tribunal de Justiça, as quais pretendem consolidar o golpe institucional inaugurado com a invasão armada deste órgão de soberania em novembro de 2023, por um grupo de homens encapuzados, supostamente a mando de Umaro Sissoco Embaló.
Por fim, a organização alertou as forças de defesa e segurança sobre os “perigos de manipulação e instrumentalização de agendas políticas e partidárias inconfessas”, pondo em crise o caráter republicano destas instituições vitais da democracia guineense.
Refira-se que a Frente Popular e o Movimento cívico “Pó de Terra” agendaram para o dia 25 de maio, dia de África, uma manifestação pacífica para exigir, entre outros pontos, a reposição da ordem constitucional no país.
Por: Tiago Seide
Conosaba/odemocratagb.