domingo, 16 de novembro de 2014

MOVIMENTO REAJUSTADOR 14 DE NOVEMBRO POSITIVO OU NÃO É SEMPRE UM MARCO NA NOSSA HISTÓRIA



O golpe de Estado chamado Movimento Reajustador, realizado 14 de Novembro 1980, tinha sido previsto para 16 de Novembro dia das FARP, por ser descoberto pela segurança do Estado sofreu de imediato alteração. Pois, a segurança do Estado tinha todas as informações só não foi frenado porque estava em causa o Comissário Principal/ comandante Nino Vieira.

A intervenção direta do A. Buscardini no dia 14 de Novembro em casa do João Bernardo Vieira, fez com que fosse antecipado para a própria noite ou sejam dois dias antes da data prevista.
O Movimento Reajustador tinha como objetivo afastar Presidente Luís Cabral e os próximos, nunca a rutura que se deu a posteriori com o decorrer do golpe. Aparecimento em cena do Rafael Barbosa, Aristides Menezes e outros colocaram em causa o que estava preconizado. O maior imprevisto foi Rafael Barbosa ter feito o Primeiro discurso antes do General Nino Vieira, lendo um texto que nada tinha a ver com o itinerário e os objetivos estabelecidos pelo Movimento Reajustador como o próprio nome dizia. Sabemos que foram imediatamente afastados da cena, estes dois últimos tratados como impostores, as suas atitudes comprometera o cenário do golpe de Estado. 

No início não havia intenção de romper com Cabo Verde, até porque o Nino Vieira, no seu primeiro discurso reconhecia a autoridade de Aristides Pereira como Secretário-geral do PAIGC e convidou-o na qualidade do mesmo a deslocar-se à Bissau de imediato para resolução da contenda.

Todavia, Aristides Pereira, "(um aparte é preciso dizer que o Nino foi sempre menino bonito de Aristides Pereira, antes, durante e depois do Golpe 14 de Novembro sempre se mantiveram como Pai e filho") dizia Aristides Pereira concorda, mas os restantes dirigentes em Cabo Verde recusaram, temendo o risco e propuseram a ilha de Sal, como alternativa, receando o pior da parte do Movimento Reajustador, foi recusada a proposta e deu-se a rotura total.

Grandes emoções, manifestações popular até proclamação dita a segunda Independência da Guiné-Bissau, contra a primeira república e cabo-verdianos, no computo geral contra os "burmedjos" mesmo os que nada tinha com cabo-verdianos.

Aliás, de salientar que esta campanha foi de imediato estancada para evitar linchamentos e o pior, também, porque a maioria dos dirigentes do Movimento Reajustadores, eram casados com burmedjos ou cabo-verdianas. Comandante Manecas dos Santos, apesar de não fazer parte na genesi do golpe, foi chamado pelo Nino Vieira quando já tinha atravessado para Cumeré na companhia de malogrado João da Costa, este último acabou preso e Manecas feito homem de confiança do Nino Vieira pelas ligações de combate e homens de armas.

Ora bem, desta descrição narrativa passamos aos factos de 14 de Novembro põem fim a um projeto de Estado na gestação estrutural ou seja um Estado politicamente “socialismo” a moda dos países que abertamente apoiaram a luta de libertação nacional, feito a mão de ferro até porque o sentimento do assassinato de A. Cabral, marcara as mentes dos dirigentes quanto ao conceito do inimigo onde a tolerância era Zero.
A verdade é que a primeira república politicamente cometeu muitas barbaridades, execuções sumárias, muitos apanhados a noite, imediatamente executados, designadamente os que serviram os comandos africanos. Situações essas mesmo depois do golpe de Estado de 14 de Novembro esperava-se algo, todavia, nada se avançou em matéria de esclarecimento da verdade aos familiares enlutadas destas execuções ainda hoje por explicar.

Economia e Desenvolvimento

No quadro económico, o novo Estado ou seja a primeira república tinha apesar de poucas experiências um plano estratégico a curto, médio e longo prazo. O Estado era dono e gestor de quase tudo. A corrupção que era o espelho dos países africanos recém independentes para isso criou-se desde logo, uma estrutura ligada a segurança do Estado sob tutela directa de Sub-Comissário António Buscardini, actuando fortemente junto das instituições dando mostras de combater todos os desvios da coisa pública. As instituições eram pressionadas a realizarem balanços comerciais feitas as empresas públicas e outras.Foi um governo empreendedor, todos os sectores conheciam projetos de desenvolvimento tais como: Bolama a pequena e famosa fabrica de sumos e computas em curso estava uma fabrica de bandas e de descasque de castanha de caju, Bissau uma cintura de pequenas industrias tais como Fabricas de plástico, montagens de carros, Metalomecânica e outras.(fábrica de leite Blufo de enchidos ,de colchões, fabrica de camisas Bambi) Gabu, Fabrica cera e tratamento de mel, assim como Cilos para incentivos ao trabalho, conservação de produtos agrícolas. Bafatá, fábrica de telhas e tratamento de algodão. Também nos grandes centros das regiões foram erguidas centrais termelétricas de grandes capacidades com apoio da União soviética, em Bafata, abastecia as duas regiões, assim como, em Oi também foram colocados as mesmas centrais para o mesmo fim, em Bissau a nova central tinha sido iniciado nas zonas dita de “Cesar Medina” que com 14 de Novembro acabara por não ser concluída. Para não falar do projetos autoestrada transnacional, estudos Porto de Buba estudos de barragem de saltinho etc.

O grande complexo de Cumeré que para o tempo da existência do país e a nossa própria dimensão, era um gigante, aplaudidos por uns e criticados por outros, permitir-nos-ia transformar um serie de produtos agrícolas, obviamente, o incentivo a diversidade dos novos produtos agrícola, tendo um mercado nacional certo para o seu escoamento, mas tarde perspectivava-se a exportação. Com este projeto gigante para a dimensão da Guiné Bissau permitir-nos-ia evitar a exportação para o Senegal de uma série de produtos agrícola como matérias primas, preparando o produto já acabados.
Transportes conheceu uma resposta imediata com apoio da Suécia fornecendo-nos os autocarros urbanos e regionais " Empresa Silo Diata" Continente às Ilhas foi criada Rodo-fluvial com barcos como Cassaca " e outros garantiam ligações ilhas ao continente como incentivo à pesca, outros produtos e o turismo essencialmente, assim como, mais liberdade de circulação tirando as ilhas de total isolamento. Ora o país no plano económico conforme disse estimulava a produção, criando postos de trabalhos e outros mais. 

O sector das pescas conheceu o ponto alto com mais de 5 grandes empresas Semapesca, Guialp, Estrela do Mar, pescas artesanais em Bubaque etc.

Em jeito do Balanço a primeira república tinha um projetos de desenvolvimento, a cidade de Bissau tinha um plano diretor,projecto “Bissau 20 anos depois “projectados com ajudas dos arquitetos estrangeiros e os nossos apesar de poucos na altura. Todos estes projetos incomodaram os Presidentes Guiné Conakri e do Senegal que não viram com bons olhos o complexo de Cumeré e a dinâmica imprimida rumo ao desenvolvimento. O Presidente Seku Turé estava no poder há muitos anos nada de concreto tinha feito para o desenvolvimento e o bem estar do seu povo, acabaram por respaldar o Golpe de Estado, assim como, a União Soviética que via com maus olhos a grande aproximação do Presidente da Luís Cabral aos países de norte da Europa e a Holanda, tendo estes últimos implementados uma serie de projetos de apoio ao desenvolvimento. 

Politicamente o Movimento Reajustador que condenara os assassinatos como atropelo aos Direitos Humanos, fuzilamentos arbitrários, nepotismo, a corrupção e ambição do poder do Presidente Luís Cabral nada conseguiu mudar.

O poder do General João Bernardo Vieira, visto como um grande comandante e homem do povo conheceu rapidamente algumas discórdias entre seus pares, Comandante Paulo correia que tinha uma visão mais realista de desenvolvimento e já com um conceito mais aberto da sociedade se posso dizer já naquela altura estudante e as suas profundas amizades com jovens e académicos podia-se considerar um “proto-democrata",” entrou em rota de colisão com o Nino Vieira e os demais, foi retirado como Ministro das Forças Armadas para o Ministério da agricultura, João Bernardo Vieira influenciado pelo Yafai Camara, sem se aperceber foi distanciando dos valores proclamado em 14 de Novembro de 1980 e dos que melhor podiam o ajudar, itinerou-se para o poder absoluto ”chefe” como lhe chamavam.

No campo económico, o regime criado pelo 14 de Novembro de 1980,não conseguiu manter a dinâmica económica iniciada na primeira republica, acabaria por desmantelar as fábricas, sem concursos públicos, passagens arbitrárias para as mãos dos seus amigos, camaradas e os próximos do seu poder. Vendas das fábricas aos ministros, dirigentes políticos e amigos. As mesmas foram premeditadamente desvalorizadas e vendidas aos desbaratos.
Caso Cumeré maquinas vendidas e retiradas na calada da noite para o Senegal negócios de poucos entre poucos do poder de então.


A retirada do Estado na economia de forma abrupta sem um estudo prévio, recomendações, as alternativas acauteladas culminou na macabra liberalização económica com as consequências gravosas. 

Pois, o país ainda hoje, recente deste devaneio e pesadas responsabilidades percorrendo até os dias de hoje como pesada herança aos atuais governantes que terão que as corrigir em particular o seu Primeiro-ministro, sendo que, as expectativas de boa governação é grande. 

O regime caracterizou-se pelo Estado do senhor todo-poderoso e um poder todo absoluto. 
Para terminar quanto aos crimes já falei de 17 de Outubro para além de tantos outros, este é o mais marcante do regime criado pelo Movimento Reajustador e espera-se incansavelmente que se faça justiça a todos os familiares para uma verdadeira reconciliação nacional.

Por: Eduardo Monteiro




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