O vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, foi um dos maiores defensores da política de vistos "gold".
Os investigadores da Operação Labirinto realizaram escutas em que foram ouvidas altas figuras do Estado português a pedir favores relacionados com vistos e passaportes. O vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, fala esta quinta-feira no Parlamento sobre a polémica dos vistos "gold".
Lisboa - A Operação Labirinto, como foi baptizada a investigação da Polícia Judiciária sobre práticas criminosas na concessão de vistos "gold" em Portugal, detectou políticos e magistrados a pedir favores, segundo a edição desta quinta-feira do "Diário de Notícias".
A Polícia Judiciária, segundo a mesma fonte, ouviu durante quase um ano conversas do ex-director do SEF - Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Manuel Palos. Os pedidos pessoais envolviam a emissão de vistos e a renovação de passaportes, sem oferta de contrapartidas.
Manuel Palos é um dos 11 arguidos da Operação Labirinto, estando detido em prisão preventiva, tal como quatro dos outros suspeitos. O seu envolvimento, bem como o do presidente do Instituto dos Registos e Notariado (IRN), António Figueiredo (que entretanto se demitiu), levou à demissão do ministro português da Administração Interna, Miguel Macedo.
As solicitações feitas ao longo de um ano ao ex-director do SEF tinham várias origens: há desde políticos a magistrados e outros altos quadros do Estado, de acordo com o "Diário de Notícias".
A todos, segundo fonte judicial, Manuel Palos respondia "à portuguesa", isto é, agilizava. Durante o interrogatório, foi confrontado com um desses pedidos. Tratava-se de apressar vistos para dois investigadores da Fundação Champalimaud, refere o mesmo jornal.
Na Operação Labirinto os arguidos são suspeitos, entre outras práticas criminosas, de corrupção, tráfico de influência e branqueamento de capitais envolvendo a atribuição de vistos "gold". Este tipo de vistos são autorizações de residência em Portugal atribuídas a cidadãos estrangeiros que façam no País aquisições de imóveis superiores a 500 mil euros.
Muita da procura por imóveis acima desse valor tem sido gerada por investidores chineses, mas também angolanos e brasileiros. Ao obter o visto "gold", o cidadão estrangeiro ganha acesso a uma maior facilidade de circulação na União Europeia.
Um dos principais defensores da medida dos vistos "gold" como forma de atracção de investimento estrangeiro para Portugal foi o vice-primeiro-ministro português, Paulo Portas.
Paulo Portas será ouvido esta quinta-feira à tarde na Assembleia da República, na comissão parlamentar de Economia, precisamente a propósito do caso dos vistos "gold".
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