Lusa
A deputada não inscrita Joacine Katar Moreira considerou hoje que todos estão em perigo "quando a extrema-direita se sente impune", alertando que as ameaças racistas começam pelos "bodes-expiatórios" até atingir "o coração da democracia".
"Estamos todas e todos em situação de perigo quando a extrema-direita se sente impune”, declarou a deputada Joacine Katar Moreira, uma das visadas num ‘e-mail’ com ameaças enviado esta semana à associação SOS Racismo.
Numa declaração à agência Lusa, a deputada alertou que as ameaças antidemocráticas e de cariz racista “começam sempre pelos bodes-expiatórios até atingir o coração da democracia, capturando as suas instituições”.
“A História já nos provou que não podemos ser cúmplices, com o nosso silêncio, passividade e morosidade, dos ataques àqueles que constituem os alvos mais fáceis da nossa sociedade”, apontou Katar Moreira.
A deputada não-inscrita considerou ainda que luta contra o racismo “exige posicionamentos políticos inequívocos em defesa dos Direitos Humanos” por parte dos dirigentes e representantes políticos e de toda a sociedade.
Salientando ser alvo deste tipo de ameaças e tentativas de intimidação desde a sua eleição em 2019, Joacine considera que ainda há tempo para “lutar por uma sociedade mais justa, mais igualitária, que reforce — e não fira de morte — os valores democráticos”.
“Foi para isso que fui eleita e é este o meu compromisso político, imune a quaisquer ameaças ou condicionamentos”, vincou.
Joacine deixou um apelo ao governo para que “seja célere” na adoção das iniciativas legislativas aprovadas na última sessão legislativa de combate ao racismo — da autoria da deputada, do BE e do PS.
“Mais do que nunca precisamos de sinais concretos de que temos o Estado do nosso lado no combate contra tudo o que não dignifique a democracia e não contribua para o ambiente de justiça social”, apelou.
Nos últimos dias, três deputadas e sete ativistas foram alvo de ameaças por uma autoproclamada “Nova Ordem de Avis — Resistência Nacional”, que reivindicou também uma ação junto à associação SOS Racismo, levando o Governo a condenar estas ações como “uma ameaça à própria democracia” que deve indignar “todos os democratas”.
As deputadas do Bloco de Esquerda visadas no ‘email’ são Beatriz Gomes Dias e Mariana Mortágua, mas a deputada não inscrita (ex-Livre) Joacine Katar Moreira também é visada, tal como o dirigente do SOS Racismo Mamadou Ba e Jonathan Costa, da Frente Unitária Anti-Fascista, entre 10 cidadãos.
O Ministério Público instaurou um inquérito-crime ao assunto, um dia depois de o dirigente da SOS Racismo Mamadou Ba ter prestado declarações na Polícia Judiciária. e ter confirmado a receção, juntamente com mais nove pessoas, de uma mensagem de correio eletrónico a estipular o prazo de 48 horas para abandonar o país.
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