segunda-feira, 31 de agosto de 2020

REITORA DA UNIVERSIDADE CATÓLICA É DA OPINIÃO DE QUE FALTA DUMA VISÃO CLARA SOBRE A INTRODUÇÃO DA LÍNGUA ÁRABE PODE TER MESMOS RESULTADOS COM A LÍNGUA PORTUGUESA

A Reitora da Universidade Católica da Guiné-Bissau defendeu que a falta de uma visão clara e de um sistema que explica como a introdução da língua árabe irá funcionar e das matérias, pode ter os mesmos resultados com o que teve a língua portuguesa no país.

Zaida Pereira que falava numa entrevista exclusiva à Radio Sol Mansi, disse que não se pode responder por exclusão de parte no que tem a ver com a importância ou não da introdução da língua árabe, mas o que se pode dizer é que o curriculum é uma visão de um país sobre um projecto, isso não o torna neutro, por isso, a falta de uma visão, de matérias e dos docentes podem provocar o mesmo resultado que é vista na língua portuguesa no nosso país.

“A vantagem ou desvantagem da introdução da língua árabe é resposta que não se pode dar por exclusão das partes. Nesta questão do sistema de ensino, mais precisamente na questão do curriculum, o que é importante entender é que qualquer aspecto mal explicitado, pode criar mal-estar. O curriculum é sobretudo uma visão que as autoridades têm de um determinado projecto cultural, social e politico, logo não é neutro. Ou seja o curriculum é um projecto de sociedade pensado e ainda qualquer projecto curricular não é neutro, tem sempre uma visão de projecto da sociedade”, explicou a Reitora

A Reitora recordou ainda que a implementação de um curriculum enquanto um projecto para uma sociedade, a sua implementação deve responder algumas perguntas dependendo de projecto económico e social do seu país.

““ Quando pensar curriculum enquanto projecto para uma sociedade, tem que pensar integra-lo dentro do conjunto estruturado de elementos. Dentro deste conjunto estruturado, tem que haver uma visão integrada de definir em qual nível deve ser introduzido (nível pré-escolar, básico, secundário ou universitário) ” diz para depois acrescentar que “ por outro lado deve-se questionar se é obrigatório ou é facultativo dependendo da visão e do projecto existente para a sociedade e do projecto económico e social do próprio país”.

A Reitora questionou igualmente com que professores serão leccionado a língua árabe e com que materiais? “ Porque se não tiver manual para acompanhar, será impossível”. 

Para a Reitora Zaida Pereira a visão do governo sobre a implementação do ensino árabe no país não é clara.

“ É necessário muito mais informações relativamente a este assunto. Não sei a nível do sistema, em que nível será introduzido e para qual estrutura. Por exemplo, temos estruturas de ensino formal, informal e não formal” diz adiantando que as escolas madrastas e corânicas são estruturas em principio de ensino não formal, portanto se é nesse nível que será introduzido, não sabemos”.

Para a Reitora da universidade católica da Guiné-Bissau o nível de aprendizado da língua portuguesa na Guiné-Bissau é claramente insuficiente porque falta os matérias neste caso, o livro. O país teve duas gerações inteiras sem livros e ausência de formação contínua dos docentes. E se não foram compridos os requisitos exigidos na implementação de um curriculum, os resultados podem ser piores que a língua portuguesa. 

Por: Nautaran Marcos Có/ Julinha Sana Sambu/radiosolmansi com Conosaba do Porto

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