Foto/arquivo
Proteger e plantar é sinónimo de uma vida sustentável e saudável
O ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Abel Gomes da Silva, apontou as queimadas, o desmatamento ilegal e a exploração desenfreada como os piores comportamentos que geram problemas ambientais da atualidade, porque devastar as florestas e os recursos naturais comprometem o equilíbrio da natureza, disse a 23 de agosto durante o “lançamento oficial da campanha nacional de repovoamento florestal” 2020-2021 na Região de Oio, Setor de Bissorã e na povoação de Imbunhe e N’Cor sob o lema: “Proteger e plantar como sinónimo de criar uma vida sustentável e saudável.”
Como consequência de todas estas causas, registou uma forte variação das chuvas em termos de tempo de duração com tendência para uma diminuição; um aumento das temperaturas médias, dos ventos e da seca poderão concorrer para o registo de calamidades e desastres ecológicos; a sedimentação das terras baixas e das rias, especialmente no interior do país, alterando profundamente a localização, a disponibilidade e o acesso às terras aráveis.
Abel da Silva apelou à promoção e o alargamento da campanha nacional de repovoamento florestal para todo o território nacional, bem como imprimir maior rigor e perseverança na proteção e fiscalização dos recursos naturais.
A delegação conheceu importantes ações no quadro da Direção-Geral das Florestas e Fauna, essas atividades visam vedar e reflorestar, este ano, mais 650 hectares de perímetro florestal em todo o país.
Outrossim, graças aos esforços e sacrifícios internos dos quadros técnicos florestais e juventude local, as ações de vedação previstas, só na Região de Oio, preveem 200 hectares como zona mais invadida, fustigada e que sofreu a maior pressão nestes últimos anos, seguido de Bafatá e demais regiões, mas com muita pena, por razões de ordem financeira, só se conseguiu vedar 23 hectares do campo de N’Cor, Setor de Bissorã, ato inédito desde a independência nacional.
Este responsável lembrou que a programação nos anos anteriores tinha como preocupação desenvolver ações de reflorestação para atingir, como se previa, 5.000 hectares em todo o território nacional num determinado período, mas não acredita que alguma planta tenha sido semeada nas matas, não obstante o muito dinheiro que dizem ter sido gasto no repovoamento florestal, sem que haja evidências visíveis que provem isso.
Está previsto que, para cada campo florestal vedado com torre de vigilância construído num dado perímetro, deve ser instituído um comité de gestão constituído por populares locais.
Sem meios ser-nos-á difícil concretizar os objetivos preconizados, pelo que esperem ter o apoio por parte do Governo e demais parceiros.
Para atingir a meta do nível zero de degradação da terra até 2030, o repovoamento florestal ou a reflorestação são atos patrióticos de cada cidadão ou sociedade em geral e que devem ter como objetivo uma gestão sustentável dos recursos florestais, salvaguardando a estabilidade e o equilíbrio dos ecossistemas, do ponto de vista ambiental, da resiliência e adaptação às mudanças climáticas.
Se cada indivíduo ou cada família semear uma planta por ano e garantir os seus cuidados, em pouco tempo o país retomará o seu nível de arborização de terra verde.
Por seu turno, o ministro do Ambiente e da Biodiversidade, Viriato Cassamá, disse que este ato é nobre e tem um significado importante, porque espelha a necessidade de todo um esforço a ser feito na Guiné-Bissau para restaurar os ecossistemas florestais degradados, ato que inscreve ações de conservação e melhoramento do património florestal enquanto recurso biológico tão importante para a vida quotidiana.
Para Cassamá, a definição das florestas no âmbito do Protocolo de Quioto, que é uma adenda da Convenção Quadro da Nações Unidas para as Alterações Climáticas, a Guiné-Bissau é toda ela florestal, o que constitui uma vantagem do país nas negociações internacionais do clima no âmbito deste acordo e “ponta de lança” no cumprimento do Acordo de Paris.
No país, os recursos florestais são um bem precioso, pois eles são a alavanca para o desenvolvimento social, criação de riqueza e do bem-estar das populações.
Viriato Cassamá registou com atenção a necessidade de se criar, com alguma celeridade, a célula responsável pelo seguimento e avaliação da implementação da Estratégia e Plano de Ação Nacional para Diversidade Biológica.
Por sua vez, a ministra da Mulher, Família e Solidariedade Social, Maria da Conceição Tavares, afirmou que as mulheres cumprem um papel essencial na conservação das florestas. Dependendo do contexto, realizam tarefas específicas nas comunidades a que pertencem.
Tavares apelou a todas as mulheres rurais e não só no sentido de plantarem e protegerem árvores a fim de combater as mudanças climáticas e construir economias e paisagens rurais saudáveis, uma vez que estas práticas poderão promover a restauração de florestas, conservação de paisagens e aumentar a resiliência a impactos climáticos como as secas.
A representante da FAO, Yannick Rosoarimanana, frisou que existem 12 razões pelas quais as florestas são importantes: elas são uma fonte de renda; abrigam 80 por cento de toda a biodiversidade terrestre; são de importância vital para a saúde; fornecem-nos oxigénio; garantem 75 por cento de água doce e regulam a precipitação em todo o mundo; árvores e florestas são condicionadoras de ar natural; florestas contribuem para a diminuição do aquecimento global; protegem-nos de desastres; verifica-se menos inundação nas áreas florestais; os mangais protegem as costas de tsunamis e também limitam o risco de deslizamentos de terras, avalanchas e tempestades de areia; purificam o solo, a água e o ar.
Segundo Rosoarimanana, infelizmente a vossa bela floresta está a desaparecer devido a vários motivos: por um lado, o desmatamento voluntário durante décadas em benefício do cajueiro que produz a castanha de caju; por outro, a exploração ilegal e o tráfico paralelo de madeiras preciosas que não beneficiam a maior parte das populações.
A Guiné-Bissau é um dos cinco países prioritários para esta iniciativa “mão na mão” na África Ocidental.
O papel da FAO é apoiar com vista a melhorar a capacidade do país na avaliação do papel que as florestas desempenham na segurança alimentar, energia e adaptação às mudanças climáticas, bem como na implementação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e ajudá-lo a mobilizar um maior investimento para uma floresta sustentável.
O diretor-geral, Bernardo Braima Mané, mais conhecido por “Braima Cubano”, acrescentou que este trabalho é um sacrifício conjunto dos quadros técnico e que chegou o momento de mudar de paradigma em prol da conservação da natureza.
Em nome das mulheres horticultoras da vila de Imbunhe, Umo Bonqué agradeceu os trabalhos dos técnicos florestais, e apelou às jovens meninas no sentido de trabalharem afincadamente para o desenvolvimento agrícola e proteção dos seus campos.
Adelina Pereira de Barros
Conosaba/nô pintcha
Sem comentários:
Enviar um comentário