O secretário-geral da ONU, António Guterres, quer que as autoridades da Guiné-Bissau "demonstrem rapidamente" o seu compromisso na luta contra o tráfico de droga com a aplicação do plano aprovado em 2019 pelo anterior Governo.
"É essencial que as autoridades nacionais demonstrem rapidamente o seu compromisso com a luta contra o tráfico de drogas, em particular apoiando a plena implementação do plano de ação estratégico nacional validado em dezembro de 2019", refere António Guterres, no último relatório sobre a situação política no país, a que a Lusa teve hoje acesso.
Segundo António Guterres, o atual contexto político, aliado ao prolongado estado de emergência devido à pandemia provocada pelo novo coronavírus, "parece criar um ambiente propício ao reagrupamento das redes de tráfico de droga e do crime organizado e ao reinício das suas atividades".
O secretário-geral da ONU considera também que a forma como os anteriores chefes de instituições de segurança nacional foram substituídos "podem ter tido um impacto negativo no funcionamento eficaz daquelas instituições".
"Também encorajo a comunidade internacional a continuar a apoiar o país na luta contra o flagelo do narcotráfico e do crime organizado", disse, salientando que a ONU vai continuar a analisar o impacto da nova dinâmica política e da pandemia sobre o narcotráfico e crime organizado para "que os narcotraficantes não explorem a situação".
No relatório, António Guterres denuncia que em 14 de março um cidadão português foi detido pela PJ no aeroporto de Bissau com 83 cápsulas de cocaína, mas que foi libertado por agentes da Guarda Nacional.
"As primeiras conclusões revelam que o suspeito regressou a Portugal. Além disso, após denúncias a UNIOGBIS (gabinete político da ONU na Guiné-Bissau) e a UNODC (agência da ONU contra a droga) estão a monitorar a investigação em andamento e a verificar o manifesto dos passageiros do avião com a ajuda da Interpol em Portugal", afirma.
Em 2019, a Guiné-Bissau fez as duas maiores apreensões de sempre de cocaína no país, no âmbito de duas operações, que culminaram com a condenação de várias pessoas a penas entre os 04 e os 16 anos de prisão.
O Conselho de Segurança da Guiné-Bissau vai voltar a reunir-se este mês para analisar a situação no país.
Depois de a Comissão Nacional de Eleições ter declarado Umaro Sissoco Embaló vencedor da segunda volta das eleições presidenciais, o candidato dado como derrotado, Domingos Simões Pereira, líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), não reconheceu os resultados eleitorais, alegando que houve fraude e meteu um recurso de contencioso eleitoral no Supremo Tribunal de Justiça, que não tomou, até hoje, qualquer decisão.
Umaro Sissoco Embaló assumiu unilateralmente o cargo de Presidente da Guiné-Bissau em fevereiro e acabou por ser reconhecido como vencedor das eleições pela CEDEAO, que tem mediado a crise política no país, e restantes parceiros internacionais.
Após ter tomado posse, o chefe de Estado demitiu o Governo liderado por Aristides Gomes, saído das eleições legislativas de 2019 ganhas pelo PAIGC, e nomeou um outro liderado por Nuno Nabian, líder da Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), que assumiu o poder com o apoio das forças armadas do país, que ocuparam as instituições de Estado.
O programa de Governo de Nuno Nabian foi aprovado no parlamento da Guiné-Bissau com o apoio de cinco deputado do PAIGC.
Conosaba/Lusa
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