Bissau, 01 mai 2019 (Lusa) - As duas centrais sindicais da Guiné-Bissau exigiram hoje ao Governo o aumento do salário mínimo dos trabalhadores da Função Pública para 153 euros, ou vão iniciar uma onda de greves a partir da próxima semana.
Em discursos para assinalar o Dia do Trabalhador, perante cerca de três centenas de servidores públicos, em Bissau, os líderes da União Nacional dos Trabalhadores da Guiné (UNTG), Júlio Mendonça, e Malam Ly, da Confederação Geral dos Sindicatos Independentes (CGSI) avisaram o Governo que "ou há aumento do salário mínimo ou há greves".
As duas centrais sindicais prometem paralisar a Função Pública entre nos dias 07,08 e 09 deste mês e sucessivamente, "semana sim, semana não", se não houver um aumento salarial e cumprimento de outras exigências dos trabalhadores.
Júlio Mendonça, da UNTG, defendeu "ser muito pouco" o aumento do salário mínimo nacional, assumido pelo Governo em agosto passado, quando subiu de 46 para 75 euros mensais, tendo em conta os aumentos das taxas decretadas pelo executivo e o custo de vida.
O sindicalista defendeu ser possível ao Governo guineense pagar "um bom salário a todos os funcionários públicos" com as riquezas que disse existirem no país e que são mal distribuídas.
O líder da UNTG citou o exemplo do Presidente da Guiné-Bissau, que disse receber "mais ou menos o mesmo rendimento" que o homólogo norte-americano.
Mendonça notou que, entre os 37 pontos do caderno reivindicativo entregue ao Governo desde janeiro, constam dois temas que são inegociáveis, nomeadamente aumento do salário mínimo nacional e a subida da pensão de sobrevivência dos funcionários reformados da Função Pública.
O dirigente sindical frisou que 50% daqueles pontos do caderno reivindicativo dizem respeito aos diplomas legais, pelo que são de aplicação imediata, sob pena de as centrais sindicais avançarem com as greves.
Malam Ly, da CGSI, defendeu que a greve geral na Função Pública também está relacionada com os quatro meses de salários em atraso no setor público da comunicação social, incumprimento de acordos assinados entre Governo e professores, ameaças de privatização dos Portos da Guiné e falta de condições de trabalho para os técnicos da meteorologia, aeroporto, entre outros serviços estatais.
Os dois líderes sindicais observaram que se a justiça guineense atuasse "de forma séria, perante os governantes corruptos" o Estado estaria em condições normais de pagar "bons salários e dar melhores condições" laborais aos funcionários públicos.
Conosaba/Lusa
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