Depois de
todo o cataclismo que coloriu a IX legislatura, esperava-se que esta decorresse
num clima de maior serenidade e responsabilidade face aos enormes desafios de
reafirmar a nossa soberania e reconquistar o espaço que nos é conferido por
direito na Sociedade das Nações.
Entretanto, urge
sublinhar que, colocando-se à jeito de ser manipulado pelo Presidente do PAIGC
e deixando transparecer mais uma vez a sua gritante incapacidade de gestão dos
assuntos do Estado, o actual Primeiro-ministro e Ministro das Finanças,
desperdiçou uma soberana oportunidade de deixar um marco positivo da sua
passagem por este mundo e conquistar um lugar de honra no pódio da história
moderna da Pátria de Amílcar Cabral e dos nossos Gloriosos Combatentes da
Liberdade da Pátria.
Chamado à
liderar um Governo que tinha como essencial, a organização das eleições
legislativas, inicialmente previstas para o passado dia 18 de Novembro de 2018,
em vez de criar um espaço politicamente neutro, propício à um diálogo
abrangente e reconciliador entre todas as forças vivas do País, visando o
estabelecimento de um clima de entendimento e de confiança mútuos, daquela
irmandade profundamente enraizada na nossa tradição secular e dos princípios
básicos da nossa vizinha que genericamente nos define como uma grande família, Aristides
Gomes deixou-se envolver nas querelas políticas que já vinha arrastando há mais
de três anos, desgastando os fundamentos da nossa sociedade e colocando a prova
os limites da tolerância do nosso povo.
Fazendo-se
rodear essencialmente de assessores e conselheiros oriundos das fileiras do
PAIGC (como se de um Governo do PAIGC se tratasse), Aristides Gomes falhou de
forma categórica o objectivo de sarrar as feridas do passado e de apelar à um
novo começo no panorama político nacional, criando um ambiente de desconfiança
por parte dos demais autores políticos, que passaram à encará-lo como parte do
conflito um agente parcial ao serviço do PAIGC e dos seus interesses,
retirando-lhe confiança política e negando-lhe o benefício da dúvida.
Infelizmente,
o tempo acabou por ditar o seu veredicto, dando razão aos que acreditavam que
Aristides Gomes não estava minimamente preparado para os desafios inerentes à
missão que lhe foi confiada e cujo sucesso dependia essencialmente da sua
capacidade e disponibilidade de rejeitar a sua identidade partidária e se
identificar com os interesses nacionais, construindo pontes e espaços de
diálogo e entendimento, que possibilitem o estabelecimento de um clima de aproximação
e cooperação entre as partes desavindas, remetendo para a história o estado de
crispação, de profunda desconfiança e intolerância que caracterizavam as
relações socais e políticas nos últimos quatro anos de vida do nosso povo.
A verdade é
que não existem registos históricos de um Governo que em tão curto espaço de
tempo, tenha tido um desempenho tão horrível e prejudicial à sociedade e cujo
desastroso legado ficará para sempre gravado na memória do nosso povo, por ter
agudizado drasticamente a crise política, criando as premissas para o turbilhão
de graves acontecimentos pós eleitoral que ameaçam os esforços investidos no
trilho do retorno à normalidade constitucional.
Comprometendo-se
com o PAIGC e com a satisfação dos seus interesses, Aristides Gomes, enquanto
chefe do pior governo de que temos memória, nem sequer se deu à tarefa de
disfarçar o seu posicionamento político e as suas motivações ao longo de todo o
processo constante na agenda que lhe foi confiada pela Sua Ex.ª Sr. Presidente
da República, Dr. José Mário Vaz, acabando por se constituir cúmplice da maior
e mais descarada fraude eleitoral da nossa história.
Acredito que
a forma vergonhosa e tendenciosa como as eleições e demais processos à elas anexos
(recenseamento, acto da votação, contagem dos votos, anúncio dos resultados,
etc.), foram realizados, deixavam antever momentos difíceis no período
pós-eleitoral na Guiné-Bissau.
Associados
ao péssimo desempenho do Governo de Aristides Gomes no capítulo das eleições,
convém ainda referir a forma desastrosa como lidou com “dossiers” muito
importantes, relacionados com questões de interesse vital para a nossa
sociedade, como a Educação; a Saúde; o Pagamento de Salários; a Apreensão de
760 kilos de droga nas vésperas das eleições e que supostamente foram
destruídos, para logo à seguir a polícia senegalesa apreender 72 kilos de droga
proveniente da Guiné-Bissau; o arroz doado ao País pela República Popular da
China, que o Primeiro-ministro decidiu propositadamente trazer à praça pública,
mais uma vez em prol dos seus interesses pessoais e dos interesses do PAIGC,
tentando atingir a pessoa de Sua Excelência o Presidente da República, através
do seu homem de confiança (Botché Candé), sem se preocupar com a imagem e a
reputação do nosso País e do nosso povo, seriamente prejudicados aos olhos dos
nossos parceiros de desenvolvimento, sempre disponíveis para acudir às nossas
solicitações, sobretudo da própria República Popular da China, cujo Embaixador
ficou profundamente indignado com a possibilidade das suas doações ao nosso
povo serem canalizadas para fins ilícitos, com as devidas consequências.
É
simplesmente inconcebível que o Primeiro-ministro que é simultaneamente o
Ministro das Finanças de um País, cujo Governo não consegue pagar salários; não
tem como salvar o Ano Lectivo; não consegue garantir assistência médica à sua
população; regista o maior índice real de desemprego de toda a África; é
rotulado de plataforma do tráfico internacional de drogas; que em virtude do
seu precário desempenho económico-financeiro, levou o País à uma situação
deplorável e de insustentabilidade político-financeira; que imbuído de má-fé,
remeteu ao esquecimento o Projecto “Mon
na Lama” do Presidente da República, Dr. José Mário Vaz; etc. etc.
E hoje,
quando o País aguarda impacientemente por uma explicação plausível e
esclarecedora, que ajude a perceber as razões deste cataclismo nacional, esse
Primeiro-ministro elege como prioridade das prioridades o caso do arroz doado
pela República Popular da China, como se a Guiné-Bissau não fosse um País agrícola
por excelência.
A MINHA CONVICÇÃO É DE QUE, APESAR DESTE E DE
OUTROS DRAMAS, A GUINÉ VAI ACONTECER!
O
Conselheiro de Estado
Dr. Alfredo Quissengue
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