Uma vez eliminado o perigo de Sanders, o establishment político se sente mais seguro.
Sem nenhuma dúvida, os Estados Unidos estão vivendo uma situação política de enorme importância para todo o mundo, que terá como consequência algumas mudanças, ao menos na postura desse Estado federal dos dentro da ordem (e talvez seria melhor dizer desordem) internacional. A novidade neste caso, é a existência de um candidato (Donald Trump) que surpreendeu a estrutura de poder político e de seus aliados, por representar uma sensibilidade política que tal establishment percebe como ameaçadora.
É interessante mostrar que há elementos comuns e semelhanças históricas entre o que aconteceu na Europa nos Anos 30, com o surgimento do nazismo e do fascismo neste continente, e o que ocorre agora nos Estados Unidos. Também lembrar que a história nunca se repete mimeticamente. O que ocorreu uma vez não se reproduz posteriormente de forma idêntica, mas sim pode-se observar elementos similares, situações comuns entre aquelas de oito décadas atrás e as de agora.
O que acontece hoje nos Estados Unidos?
A forma como os meios de comunicação apresentam a situação política naquele país é um fato a se analisar. Os candidatos aparecem no centro da atenção midiática, foi o que se viu nas primárias de cada partido (o Democrata e o Republicano), e o mesmo ocorre agora na corrida presidencial definitiva, com os candidatos Donald Trump (republicano) e Hillary Clinton (democrata). Desta maneira, a grande atenção midiática se voltou às características pessoais de Trump e Clinton. Assim, Trump conseguiu atrair muito mais a atenção, se apresentando como um político atípico, que rompe com todos os modelos de comportamento convencional, o que o transforma numa personalidade sumamente midiática e teatral, que confronta e ridiculiza a cultura do “politicamente correto”, mostrando seu desprezo às minorias e às mulheres, as que apresenta como os máximos beneficiários das políticas sociais federais, destinadas a corrigir a discriminação racial e de gênero que existe no país. Suas coletivas de imprensa se transformaram em verdadeiros shows teatrais, nos quais o candidato Trump, em tom provocador e claramente desafiante, se apresenta como o defensor da classe trabalhadora branca contra o establishment político e midiático do país. A enorme atenção midiática a este candidato reflete o interesse por uma figura fora do comum. Como bem disse um dirigente da maior cadeia televisiva dos Estados Unidos (CBS), “Trump poderá ser um desastre para o país, mas tem sido excelente para a indústria televisiva”. Na verdade, o grande paradoxo é que Trump foi claramente promovido pelas maiores empresas de mídia dos Estados Unidos, especialmente as de televisão. Por quê? O leitor não é poderá entender isso apenas acompanhando as notícias dos jornais, das rádios ou da televisão, que apenas se centram nas personalidades dos candidatos e não em seus conteúdos.
As razões do surgimento de Trump e do seu sucesso
Os meios de comunicação não deram uma resposta adequada a esta pergunta. Para respondê-la, se necessita analisar a situação social e econômica dos Estados Unidos e a grande deterioração do Estado de bem-estar e da qualidade de vida da classe trabalhadora, causado predominantemente pelas políticas públicas defendidas pelo governo federal, tanto por parte do Executivo (incluindo todos os governos desde os Anos 80) como pelo Legislativo (a Câmara de Representantes e o Senado, ambos controlados, antes pelo Partido Democrata, e atualmente pelo Partido Republicano). Um ponto em comum em todas as políticas implementadas foi a inspiração na doutrina neoliberal, iniciada por Ronald Reagan e seguida por todos os outros presidentes desde então: Bush pai, Clinton, Bush filho e Obama.
O ponto essencial de tal doutrina neoliberal é o da liberdade do mercado, o que significa favorecer a mobilidade de capitais e os investimentos a nível mundial, eliminando qualquer tipo de freio ou regulação que possa ser entendido como protecionista, ou seja, que obstaculize essa mobilidade.
Tal mobilidade favorece o mundo das grandes empresas, e esmaga as pequenas e médias, além de serem prejudiciais para a grande maioria da classe trabalhadora, ao ver seus trabalhos serem levados a outros países onde os salários são mais baixos, passou a sofrer mais com o problema do desemprego. A evidência de que o impacto dos chamados tratados de livre comércio foi sumamente negativo para o bem-estar da classe trabalhadora é enorme. Desde que o presidente Clinton assinou o tratado de livre comércio entre os Estados Unidos, o Canadá e o México – o NAFTA, por sua sigla em inglês –, o país viu quinze fábricas fechando as portas por dia, em busca de salários mais baixos e menor proteção social em outras latitudes. Como consequência, seis milhões de postos de trabalho no setor de manufaturas desapareceram. Um exemplo, entre milhares, é o da United Technologies Corporation (UTC), em Indiana, que pagava aos seus trabalhadores cerca de 20 dólares por hora. No México, passou a pagar apenas 3 dólares. A UTC despediu mais de mil trabalhadores em Indiana, e se mudou para o México. Assim, milhares de fábricas tomaram o mesmo caminho, primordialmente do setor de manufaturas, que era o ramo principal da classe trabalhadora bem paga. É importante esclarecer que, quando a UTC decidiu ir para o México, a empresa não tinha perdas ou enfrentava problemas internos. Muito pelo contrário, tinha lucros consideráveis. Mas a direção da empresa preferiu apostar por lucros ainda maiores indo para o México. O deslocamento dos postos de trabalho foram a maior causa da destruição dos empregos nos Estados industriais dos Estados Unidos – muito maior que a criada pela revolução digital ou pela robótica. Em estados como Ohio, Michigan, Pensilvânia e outros, a porcentagem da população trabalhadora do setor de manufaturas caiu fortemente desde o estabelecimento do NAFTA de forma bastante notável – em Ohio, 300 mil empregos desapareceram, e a manufatura passou de representar 24% antes do tratado a apenas 15% depois, fenômeno semelhante ao acontecido em Michigan, onde passaram de 24% a 16%, e o mesmo se viu em todos os estados industriais.
O grande custo dos tratados de livre comércio para a classe trabalhadora
A mobilidade das empresas, facilitada pelos tratados de livre comércio, foi devastadora para os trabalhadores da manufatura, que estavam entre os mais bem pagos dos Estados Unidos. Zonas inteiras desse país passaram de uma boa situação econômica a outra terrível, desastrosa. A qualidade de vida de grandes setores da classe trabalhadora, especialmente a manufatureira, foi afetada negativamente. Na verdade, a esperança de vida da classe trabalhadora branca se reduziu durante esses anos de neoliberalismo.
Daí nasceu a enorme irritação dessa classe trabalhadora com o establishment político, principalmente o establishment federal, o qual é percebido, corretamente, como um instrumento da classe corporativa – os diretores, proprietários e assessores das grandes corporações ou empresas que levaram os empregos para fora do país –, todos se beneficiando enormemente da globalização das empresas, enquanto destruíam o bem-estar dos trabalhadores estadunidenses.
Claro, esses investimentos nos países com salários mais baixos tampouco beneficiaram os trabalhadores dos países “pobres”, receptores de tais indústrias, pois ainda que seja certo que tais investimentos criaram empregos, também há de se considerar que destruíram muitos mais, ao provocarem a destruição das pequenas e médias empresas locais, que não puderam competir com as grandes empresas procedentes dos países “ricos”, pois as leis do livre comércio sempre favorecem os que tem mais poder econômico. E as empresas locais, por força das novas legislações, ainda perderam a proteção legal que beneficiava sua inserção e manutenção nos mercados internos. A doutrina neoliberal varreu com todo tipo de protecionismo.
Também deve-se recordar que todos os países desenvolvidos foram protecionistas em seu momento, quando a prioridade era apostar no desenvolvimento econômico interno. Mesmo hoje em dia, muitos dos tais países “ricos” são altamente protecionistas. A incorporação dos países subdesenvolvidos nos tratados de livre comércio impôs a eles a eliminação de medidas todas as medidas protecionistas, criando relações de desequilíbrio no mercado que nunca mais se reordenaram, e condenando-os ao subdesenvolvimento.
A vitória de Trump nas primárias republicanas era previsível (e poderia vencer também as presidenciais contra Hillary Clinton)
Neste contexto, podemos entender o sucesso eleitoral do candidato Trump. Durante as primárias do Partido Republicano, ele foi o único candidato que exigiu a eliminação dos tratados de livre comércio, desde o NAFTA até o novo tratado TPP, entre os Estados Unidos e os países do Pacífico, utilizando uma narrativa antiestablishment e acusando o governo federal de facilitar tais tratados, discurso que o tornou bastante atrativo para a classe trabalhadora estadunidense. Sua postura inclui também uma crítica a outra dimensão do governo federal: ele gosta de repetir que as políticas públicas antidiscriminatórias para as minorias (negros e latinos) são financiadas pelos impostos da classe trabalhadora branca. Para entender a capacidade dessa crítica se mobilizar a classe trabalhadora branca, é preciso ser consciente de que o sistema fiscal estadunidense tem uma grande capacidade redistributiva vertical, ou seja, das rendas superiores às rendas inferiores. Por isso, as classes populares entendem, equivocadamente, que na verdade o efeito redistributivo é do tipo horizontal, da classe trabalhadora branca à negra.
Os benefícios sociais públicos nos Estados Unidos não são universais. Significa dizer que nem todos os cidadãos ou residentes têm direito a eles, e o que determina isso é o nível de renda, o que os transforma em programas assistenciais, voltados aos pobres, humildes e necessitados – entre os quais, a população negra e latina está super representada. Essa situação faz com que o Estado seja percebido como assistencialista para com os negros (aos que se presume pobres) com programas financiados pelos brancos. E nesta percepção, o Partido Democrata é considerado um favorecedor dessas políticas sociais de tipo assistencial, não universais, orientadas a facilitar a integração das minorias e das mulheres dentro da ordem estabelecida. É aí onde a linguagem e a narrativa de Donald Trump, claramente avesso ao politicamente correto, empregando um tom provocativo, se transforma num elemento mobilizador potente, por seu conteúdo antiestablishment. Por mais que seus argumentos estejam baseados em muitos erros de percepção, como o de assumir que a maioria dos pobres nos Estados Unidos são negros ou mulheres, o que não é verdade. Em realidade, a maioria é formada por homens brancos. (Nota tradução: tentei confirmar esta última afirmação pesquisando na internet, mas não encontrei nenhuma estatística que o confirme, para vocês terem em conta se manter isso ou não, o texto original diz: “este argumento se basa en muchos errores de percepción, tales como asumir que la mayoría de pobres en EEUU sean negros o mujeres, lo cual no es cierto. En realidad, la mayoría de pobres son blancos y hombres”)
Os paralelismos entre os Estados Unidos de hoje e a Europa dos Anos 30
Para os que vivemos – como foi o meu caso – a juventude enfrentando ditaduras fascistas, como a liderada pelo general Franco na Espanha, é fácil detectar um fascista quando o vemos. Pois bem, Donald Trump tem características bastante semelhantes às do fascismo europeu: um nacionalismo extremo de carácter racista e machista, defensor da suposta superioridade moral do país, profundamente autoritário, caudilhista e antidemocrático, que alega representar o trabalhador sem voz, aquele que se sente explorado pelo establishment político do país. Sua aparição como fenômeno político responde a uma situação de grande questionamento da legitimidade do mesmo establishment. E é esse o ponto em comum com o que ocorreu na Europa nos Anos 30.
O surgimento do nazismo e do fascismo foi uma consequência da Grande Depressão. A enorme rejeição ao sistema capitalista por parte do mundo operário fez surgir movimentos de contestação, alguns de sensibilidade socialista, outros de sensibilidade comunista, que ameaçaram as estruturas do poder econômico e financeiro da Europa. Foi neste contexto que apareceu um movimento nazista e fascista, com a intenção de destruir e substituir tais movimentos de contestação. E para isso, utilizou linguagens, discursos e símbolos próximos aos daqueles partidos. Há de se recordar que o nazismo se autodefiniu como “nacionalsocialismo”, utilizando argumentos que estavam enraizados no ideário do movimento operário. Na Espanha, por exemplo, as cores do partido fascista eram as cores do movimento anarcossindicalista.
Hoje, a enorme crise social, causada pela imposição de políticas públicas neoliberais e que afetou negativamente a qualidade de vida da classe trabalhadora, levou a que um setor do eleitorado profundamente antiestablishment pudesse ser facilmente canalizado por Trump e pelo candidato democrata Bernie Sanders, os únicos que falam de e para a classe trabalhadora. A grande diferença entre os dois é que enquanto os grandes meios deram grande visibilidade a Trump – que nunca chegou a ameaçar diretamente a classe capitalista, e que propõe políticas tributárias claramente favoráveis aos lucros derivados do capital – Bernie Sanders foi silenciado, pois sua mensagem socialista entrava em claro conflito com a tal classe capitalista. Na verdade, canalizar a raiva do eleitorado através de Trump era um dos objetivos dos meios de comunicação, justamente para evitar que isso se desse através de Sanders.
A classe capitalista – conhecida nos Estados Unidos como classe corporativa – prefere uma pessoa de dentro do establishment, como Hillary Clinton, que um candidato como Trump, especialmente por causa da imprevisibilidade deste último. Porém, era claro que dentro do cenário interno democrata era preciso frear Sandres de qualquer forma.
O Partido Democrata pode ganhar as eleições?
A outra grande surpresa do ano político, maior até que a de Trump, foi a candidatura de Bernie Sanders, um personagem independente que decidiu se apresentar nas primárias do Partido Democrata. Ele ganhou as primarias do partido em 22 dos 50 estados, recebendo quase a metade de todos os delegados eleitos durante as primárias do Partido Democrata. A novidade de Sanders se dava porque ele sempre foi um socialista, e assim se apresentou, sem medo ou atitude defensiva. Na Câmara de Representantes e no Senado, ele foi durante muitos anos a voz mais potente na defesa da classe trabalhadora e outros componentes das classes populares. As propostas econômicas e sociais defendidas por sua candidatura tinham preceitos socialistas, tendo como elementos essenciais o incremento do salário mínimo a 15 dólares por dia, assim como a suspensão de todos os tratados de livre comércio, o aumento da cobertura do sistema de saúde pública, enfatizando a universalidade dos direitos sociais e trabalhistas, rompendo assim a filosofia institucional dominante nas políticas sociais do Estado federal, que são de caráter assistencial e benéfico, e não universais. Foi também altamente crítico com respeito à política exterior estadunidense, dirigida por sua rival Hillary Clinton durante o primeiro mandato de Obama. Definitivamente, a candidatura de Sanders foi a mais progressista já vista no país desde a de Jesse Jackson Senior, em 1988.
A altíssima adesão a Sanders foi a grande notícia ocultada pelos grandes meios de comunicação, que claramente favoreciam Hillary Clinton. O candidato socialista teve contra si a direção do seu próprio Partido Democrata. Apesar disso, Sanders conseguiu o apoio do eleitorado de até 45 anos, faixa etária onde ele receber apoio massivo.
As limitações das políticas identitárias: o ressurgimento da classe trabalhadora frustrada
O candidato Sanders mudou a estratégia das forças progressistas dos Estados Unidos, que desde os Anos 80 deixaram de enfatizar a estratégia de mobilização das classes populares, baseada na ideia de que o país possui estruturas de classes claramente em conflito entre si. A vitória do mundo empresarial, cuja conta era paga com o suor da classe trabalhadora, era algo considerado evidente demais para merecer maior discurso. Em lugar disso, as forças progressistas decidiram destacar as políticas identitárias a favor das minorias e das mulheres, com o objetivo de favorecer sua integração dentro del sistema político-econômico dominante. As instituições do governo federal, em resposta a esta estratégia, conseguiram integrar as minorias e as mulheres dentro das instituições, através das medidas antidiscriminatórias. A eleição de um cidadão negro para a presidência do país mostra o sucesso dessas políticas antidiscriminatórias, e algo semelhante ocorreria se Hillary Clinton fossa eleita a primeira mulher presidenta do país. Mas essa integração ao sistema estabelecido não mudou o nível de vida da maioria dos negros e das mulheres nos Estados Unidos, menos ainda aos que pertencem à classe trabalhadora, e isso teve, como consequência, uma mudança nas relações de classe social. Perceber a importância deste cenário é o segredo do sucesso da candidatura de Bernie Sanders, que enfatizou a linguagem de classes sociais, assim como as medidas visando beneficiar a classe trabalhadora. Por isso o seu apoio entre os trabalhadores, não somente os brancos, e especialmente os mais jovens. Sua popularidade mostrou as enormes limitações das políticas identitárias diante da ausência de uma política de classes prioritária. Apesar desta popularidade, Sanders não pode se sobrepor ao aparato do Partido Democrata, que facilitou a vitória da candidata que destacou os temas identitários sobre os temas de classe. Isso permitiu a Trump monopolizar o tema de classe nesta nova fase da campanha, apresentando Hillary Clinton como a representante do establishment político federal do país, o que, considerando a biografia pessoal da candidata, é difícil de rebater. Por outra parte, o candidato Trump, hoje apoiado pelos setores mais reacionários da classe corporativa, é também vulnerável, por suas origens e práticas – sendo suas propostas fiscais enormemente favoráveis aos interesses de tal classe corporativa. De qualquer forma, o caso é que será muito difícil para Clinton, irremediavelmente percebida como representante do establishment, a tarefa de capitalizar a vulnerabilidade de Trump. Não há dúvidas de que seria mais fácil para Bernie Sanders expor as falsidades de Trump, pelas ideias defendidas por sua candidatura. Algumas pesquisas inclusive mostravam simulações onde se via como o socialista venceria Trump por porcentagens maiores que a pequena diferença demonstrada por Clinton atualmente.
O que acontecerá?
Uma vez eliminado o perigo de Sanders, o establishment político se sente mais seguro, e também se sente mais seguro com Clinton que com Trump, que se opõe a um grande amálgama de forças, incluindo os progressistas, que temem a redução da já escassa democracia existente naquele país, que seria ainda mais reduzida com a vitória de Trump. Por outro lado, a vitória de Hillary Clinton entre os democratas foi acompanhada de uma guinada à esquerda para conseguir o apoio dos votantes de Sanders. Se 30% de eleitores de Bernie Sanders mudarem seu voto e votarem por Trump, ele ganharia as eleições. Por isso vemos os gestos de Clinton para a esquerda, incluindo propor um aumento do salário mínimo – ainda que num patamar bem abaixo do prometido por Sanders –, a denúncia dos tratados de livre comércio – embora sem prometer anulá-los –, seu distanciamento dos afãs intervencionistas – os mesmos que ela promoveu como titular do Departamento de Estado e que resultaram em desastres no Iraque e na Líbia – e sua promessa de reduzir a presença em conflitos militares no exterior. É provável que muitos eleitores de Sanders decidam votar por ela em novembro, mas isso não é uma certeza, e muito menos é certo que isso se dará de forma unânime ou majoritária. Outro fator da estratégia de Clinton é a orientação para conseguir o apoio dos republicanos moderados, o que gera certa ambiguidade e desalenta o eleitorado sanderista, que poderia ajudar a dar a vitória a Trump caso opte pela abstenção. Por outro lado, os meios de comunicação, que vinham sendo relativamente favoráveis a Trump, agora se opõem com toda a intensidade à sua candidatura, mostrando suas grandes incoerências e deteriorando sua credibilidade entre amplos setores da população estadunidense. Se abre toda uma série de incertezas, que aumenta ainda mais a grande instabilidade do cenário em que o país vive devido à sua situação política. É uma lástima que os meios não informem melhor sobre o que acontece, para que se possa entender o que se passa neste momento nos Estados Unidos.
* professor de Ciências Políticas e Políticas Públicas da Universidade Pompeu Fabra.
Tradução: Victor Farinelli com Conosaba
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