sexta-feira, 5 de junho de 2015

«OPINIÃO» DIPLOMACIA ECONÓMICA E SUA IMPORTÂNCIA NA ESCOLHA DOS PARCEIROS

A estabilização política e social de qualquer país com potencialidades económicas em termos de recursos naturais e de matérias-primas favorece de per si o investimento direto estrangeiro.
Contudo, tal investimento agrega, para além do valor acrescentando que oferece à economia, um conjunto de “vícios…” e de procedimentos que importa acautelar no processo de seleção dos parceiros, sendo importante salvaguardar, custe o que custar, o princípio de partilha dos interesses comuns.
Comecemos por uma diplomacia económica forte na vertente ética da relação com os parceiros privados, nomeadamente empresas e pessoas singulares que procuram o mercado guineense com potencial de negócios e de rentabilidade dos seus investimentos. Essa diplomacia que apelidamos de econ almewjaESTAR SOCIAL DAS PA DAS PAOPSE REPETEMómica e estratégica deverá ser capaz de gerar parcerias sérias e responsáveis, de estimular o emprego e de fomentar a criação de riqueza e bem-estar social das populações.
Ponderar uma iniciativa dessa natureza conduziria, automaticamente, à criação de um “Observatório de Cooperação Estratégica e Empresarial”, ou qualquer outro nome que se lhe queira atribuir, enquanto instrumento capaz de proceder à análise prévia das empresas ou de empresários que cumpram os requisitos de transparência administrativa e fiscal no país de origem, podendo o mesmo funcionar de forma independente e em perfeita parceria com as instâncias públicas dos países que tenham relações de cooperação económica.
Na verdade, é importante acautelar a avalanche e apetite voraz para o mercado nacional, de forma descontrolada e desorganizada, por parte de determinados grupos de interesses ou indivíduos com processos pendentes na justiça e autoridade tributária dos seus respetivos países, por dívidas fiscais ou práticas de crimes de natureza económica. Estas situações são comuns e ocorrem quando existe um manancial de oportunidades e um mercado que desponta, podendo potenciar, às vezes, algumas práticas lesivas aos interesses nacionais por via de negócios obscuros e duvidosos.
Na ausência de uma estrutura de monitorização, o controlo deste processo significa, por um lado, recorrer ao expediente diplomático, através das embaixadas e seus representantes, que atuariam no quadro dessa diplomacia económica em prol do interesse nacional, zelando pela transparência e rigor nos mecanismos de atração do investimento estrangeiro que se pretende para o país. Atenção, não me refiro ao conceito da “imagem” global do país em relação à sua componente empresarial e económica, esse é um tema para desenvolver nos próximos artigos de opinião, mas sim o papel das embaixadas como agentes catalisadores do processo de definição do perfil-tipo de empresas e de empresários que o país precisa face aos objetivos previamente traçados no programa do governo e, consequentemente, do responsável pela diplomacia, em estreita colaboração com o da economia e da justiça.
Para além do expediente diplomático atrás referido, existe outra estrutura legal concebida para efeitos de representação empresarial junto dos parceiros estrangeiros, nomeadamente a câmara que dirige o setor privado guineense. Tal organismo, no âmbito da sua atividade de “procurement” entende-se que opera em perfeita sintonia e articulação estratégica com as instâncias governamentais, uma vez que o interesse público defendido justifica a acentuada participação do Estado. Portanto, importa ter presente o espírito de entreajuda e de partilha de informações estratégicas entre as duas dimensões de representação dos interesses nacionais, respetivamente pública e privada, em estreita colaboração com as autoridades locais dos países parceiros.
De facto, implementar um suporte de controlo local através de averiguação automática do cumprimento de determinados requisitos, nomeadamente o registo criminal, situação tributária e fiscal do empresário ou da empresa não é uma tarefa assim tão difícil de executar porquanto depende apenas de uma cooperação governamental em matéria de autoridade fiscal e judicial.
No entanto, convém também deixar aqui patente que promover e estimular o investimento direto, por si só, não é suficiente, o país precisa de oferecer condições para que isso seja uma realidade. Assim, do ponto de vista político e governamental é importante, por um lado, ponderar o redimensionamento das embaixadas e reforçar as mais expressivas com recursos humanos qualificados e competências em matéria técnica e financeira. Por outro, é importante reduzir o impacto das representações particulares ou Cônsul-Honorários e fazer um esforço de integração da componente associativa empresarial em matéria de estabelecimento de parcerias com as suas congéneres, e não isolada ou individualmente.
Também, importa sublinhar que a atração de investimento estrangeiro não é tão simples como aparenta, pois as empresas estrangeiras têm uma perceção desanimadora de custos de contexto, nomeadamente da burocracia, morosidade e incerteza dos processos administrativos e judiciais, deficiente coordenação entre organismos públicos intervenientes, práticas de corrupção, custos de energia, sobretudo situações de deficiente qualidade no fornecimento de energia, ausência de solução para o tratamento de resíduos industriais, custos de transporte, etc.
Portanto, atuando na origem dos problemas que caraterizam o setor público, tendo em conta as suas limitações funcionais, bem como a sua autoridade de agente regulador da iniciativa privada, possibilitará o exercício ético, organizado e disciplinado do tecido empresarial produtivo que se pretende para o país face à qualidade e tipo de investimento direto estrangeiro que mais lhe convém - suponho que deve começar pela Indústria, desde a agroalimentar até à indústria transformadora, conjugados com o fomento de atividades terciárias, nomeadamente o turismo, comércio e serviços, tendo como promotores empresas que cumpram os requisitos mínimos aceitáveis para investirem no país.
Em boa verdade, ainda temos desafios enormes pela frente e esta é uma área que importa ter em atenção, sobretudo se tivermos em conta que o investimento estrangeiro que o país tanto almeja é muito mais que uma fonte de financiamento, devendo incentivar-se o que é realizado de raiz e também traz consigo tecnologia e novos mercados e financiamento enquadrados por sistemas avançados de organização.

Lisboa, 28-05-2015


Luís Vicente

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