segunda-feira, 6 de abril de 2015

«FORMAÇÃO DE TÉCNICOS DESPORTIVOS» 'FICÇÃO OU REALIDADE?'

              Kecói Queta

Se todos aceitamos este princípio noutros campos de actividade, como seja o sector da escolaridade ou da formação profissional porque não transmitir idêntica atitude para o desporto? 

Não se pode negar o que é óbvio em termos de desenvolvimento: a formação dos quadros humanos é, e será sempre, um factor importante para este desenvolvimento. Não apenas formação restrita do técnico desportivo, mas a formação numa perspectiva alargada: a dos praticantes, dirigentes, massagistas etc

Todavia, a absolutização do princípio da formação dos técnicos a factor decisivo ou, até no contexto actual da situação desportivo nacional, a factor determinante comporta algumas dúvidas e não menos mal- entendido.

Basta que entendemos no seguinte: depende o desenvolvimento económico do País da qualidade da formação dos economistas?

Depende a adopção de uma política de justiça social em que o direito seja instrumento de aplicação de princípios humanizantes e democráticos da qualidade da formação dos advogados?

Depende de acabar com o analfabetismo da qualidade da formação dos professores de Português?

É claro que sim e é também claro que não.

É claro que sim porque, em qualquer sector da actividade social, o êxito de determinadas politicas passa também pela qualidade da formação dos técnicos que as implementarão.

É claro que não, sempre e quando o factor formação adquire carácter predominante ignorando-se que ele é mais reflexo de opções prévias do que propriamente origem dessas opções.

O País poderá dispor do melhor escola dos técnicos e outros quadros desportivos, qual actualização e conhecimento são do mais elevado nível, mas que serão sempre desaproveitados se as outras medidas não forem tomadas.

Porque não é da responsabilidade dos técnicos haver estádio e parques desportivos a crescer de forma desordenada, ilógica e irracional.

Porque não é da responsabilidade dos técnicos as práticas de alto rendimento continuarem confinadas a medidas que estão muito aquém do que atletas e treinadores desejariam. 

Estas palavras não devem ser entendidas como se a formação de quadros estivesse à altura necessidades de desenvolvimento do desporto nacional, e ao fim ao resto, o problema residisse tão-só na adopção de medidas ao nível dos restantes factores do desenvolvimento desportivo.

Pelo contrário: Reconhecemos que as carências são enormes o que exige o recurso a medidas especiais e urgentes capazes de dar ao desporto nacional os quadros que lhe são necessários.

O que pretendo mostrar que a formação não pode ser entendida como uma peça separada de uma política integrada de desenvolvimento do desporto e que, por sua vez ela própria, a formação, e aos seus diferentes níveis, tem de possuir um mínimo de unidade, harmonia e coerência com os objectivos previamente definidos.

Mas em simultânea com esse reconhecimento podemos interrogar-nos se se tem sabido, por um lado, valorizar os quadros desportivos que já temos e, por outro, se os temos sabido aproveitar.

Tem o trabalho e os êxitos desportivos de alguns técnicos desportivos nacionais sido capazmente avaliados?

Têm, nos diferentes níveis da administração pública desportiva, sido adoptados como critério de recrutamento, a qualidade, a competência e a experiência dos respectivos agentes?

Considero que o problema da formação, da especialização e da qualificação dos nossos técnicos desportivos é um assunto de extrema acuidade que a todos, que ao desporto se encontram ligados, respeita.

Trata-se de um problema reconhecidamente complexo.

Por isso não sou adepto dos que nesta situação, que em meu entender é de alguma indefinição, responsabilizam por inteiro as políticas oficias seguidas no sector.

Os governos, os diferentes governos, os ministérios os diferentes ministérios, têm realmente responsabilidades pelo que fazem e pelo que não fazem.

Não necessita a vida desportiva nacional de quem a pense e repense, de quem a discuta com clareza e o rigor do raciocínio aberto, atento e competente? 

Por isso entendo que nesta matéria há alguns princípios que importa destacar: Torna- se necessário restruturar e regulamentar a formação, a especialização e qualificação dos técnicos desportivos;

A formação dos técnicos desportivos não se pode resumir à formação dos técnicos das práticas desportivas de alto rendimento, mas deve ser extensível à formação de técnicos de outras expressões da prática do desporto; os conteúdos da formação têm de estar adequados e harmonizados à função que os técnicos irão desempenhar; toda a formação tem de articular os níveis de formação inicial e contínua na salvaguarda da competência técnica, pedagógica e científica; não pode haver formação sem investigação; não pode haver formação sem qualidade, sem rigor e sem competência.

O futuro exigirá que os técnicos desportivos estejam à altura de novas responsabilidades e de novas necessidades que o movimento desportivo irá colocar. E nessas responsabilidades os técnicos desportivo do futuro deve englobar alguém que seja, acima de tudo, uma pessoa de cultura, tecnicamente bem apetrechado, humanamente rico, socialmente informado, conhecedor das realidades do seu tempo, tolerante a face às diferenças mas profundo na captação e interpretação dos factos sócias e desportivos. 


Obs, Próximo artigo: Estádio olímpico de Mansoa



"Selecção da Guiné-Bissau (1985 Senegal)" 

De Esq para direita " de pé"
Bula, Sabino, Júlio Carbon, Mapa Nbancu, João Carlos, Quinzinho, Ussumane Sala, Matchon, Pier.

"Em Baixo"
Blata, Kecoi Queta, Pedro Una, Bibiano, Futre Tchalino, Ciro e Saliu de Mansoa!! — com Kekoi,Sabino FAARPPedro Una UDIBMapa SportingJoão Carlos UDIBQuinzinho UDIBYanick Niro Dupret MirandaCiro JoséUssumane Sala e Mamaçalho.

1 comentário:

  1. Tinhamos uma selecção invejável e temida por outras selecções da subregião. Bons tempos. Continue a dar trabalhar, mesmo de longe, para o desporto guineenses. Já deste o teu precioso contributo como jogador e agora estás a falar do que muito bem sabes. Continua, talvez um dia serás ouvido e os teus conhecimentos serão aproveitados para o bem do nosso desporto. Abraços, mano! Nené/Epi

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