segunda-feira, 6 de abril de 2015

ELOGIO À GUINÉ-BISSAU PELA VOZ DE QUEM, SAINDO, ESTEVE SEMPRE LÁ


Eneida Marta, que lançou Nha Sunhu, podia ter sido outra coisa, mas é cantora. Podia ser de outro sítio, mas é de Bissau. E é isso que canta a caminho de mais uma missão da UNICEF.

"Tinha dois sonhos: ou ser polícia ou ser cantora." Não há equívocos quando a essa história olhando para o nome do disco que a guineense Eneida Marta lançou no final de março, e que a partir de hoje estará disponível nas plataformas digitais: Nha Sunhu (O meu sonho). "Não consegui ser polícia e hoje estou a ser cantora", diz. E depois: "Há o tal mito do sangue que corre pelas veias, porque eu não cresci com o meu pai, mas sempre tive essa tendência para a música". Isto por que vem de uma família de músicos, sobretudo do lado do pai, cabo-verdiano. Há ainda que dizer que a música corria dentro como fora: "Ouvia de tudo um pouco. Música de Cabo Verde, de Angola, do Brasil, músicas cubanas, fado, porque o meu bisavô é português."

Encontramo-la em Lisboa, onde vive desde 1988, quando se mudou de Bissau com a mãe e os irmãos. Quando a "arrancaram" a isso tudo que é Bissau, parecia que "a vida ficava e o corpo vinha". Então voltou ciclicamente à terra de onde lhe vem a música e de onde diz sem hesitar que é um "sítio melhor para criar os filhos". Ela, de 42 anos, tem dois, ambos criados em Portugal. "Em África tu podes ir trabalhar, mas tens o teu vizinho que vai desempenhar o teu papel sem problemas. Na Guiné Bissau tudo o que te rodeia é a tua família."

dn.pt/

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