Novo impasse ao fim de 90 rondas negociais. Oposição acusada de querer "privatizar" Forças de Defesa e Segurança, por impor controlo de postos de comando do exército e da polícia.
O Governo moçambicano e a RENAMO voltaram a registar um impasse sobre o desarmamento do braço armado do movimento, no quadro das negociações que se arrastam desde 2012.
"Dissemos à RENAMO que o prazo para a integração das suas forças residuais está a aproximar-se do fim. E que não há avanços", disse aos jornalistas o vice-chefe da delegação do Governo - Gabriel Muthisse, no final da 90.ª ronda negocial, na segunda-feira. Muthisse acusa a RENAMO de pretender alegadamente "privatizar" as Forças de Defesa e Segurança moçambicanas, ao condicionar o desarmamento do seu braço armado à entrega de postos de comando no exército e polícia. "O Governo não pode estar em condições de poder aceitar uma definição que privatiza as FDS para duas partes. O entendimento do executivo é que todo o moçambicano, independentemente da sua pertença ou militância política, pode assumir postos de comando", declarou o vice-chefe da delegação do Governo.
Gabriel Muthisse lamentou o facto de o impasse entre as duas partes prevalecer a menos de duas semanas do fim da Equipa Militar de Observação da Cessação das Hostilidades Militares, constituída por peritos militares estrangeiros e moçambicanos, para a fiscalização do desarmamento da RENAMO. Por seu turno, o chefe da delegação da perdiz - Saimone Macuiane, reiterou a exigência do partido de que só aceitará o desarmamento depois da aprovação de um modelo de integração e enquadramento, que garanta a partilha de comando no exército e na polícia. "Hoje, a nível das Forças Armadas de Defesa de Moçambique já existem ramos em que nem sequer há um oficial proveniente da RENAMO a comandar uma secção, isso não é bom para a harmonia", afirmou Macuiane, na conferência de imprensa realizada no final da ronda negocial.
O chefe da delegação do principal partido de oposição acusou o Governo de estar a movimentar o exército em algumas partes do país, considerando os alegados desdobramentos uma violação do Acordo de Cessação das Hostilidades Militares, assinado a 5 de setembro de 2014. O referido acordo prevê o desarmamento do braço armado da RENAMO e encerrou cerca de ano e meio de confrontos entre o movimento e as FDS moçambicanas no centro do país, provocando um número indeterminado de mortos e feridos e milhares de deslocados na região.
RDP
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