O líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, afirmou hoje que compreende a decisão do Presidente da Guiné-Conacri em mandar fechar a fronteira entre os dois países, em vésperas de eleições presidenciais.
Na sua já habitual mensagem semanal para os militantes do PAIGC, transmitida em vídeo, a partir de Portugal, onde se encontra desde março, Domingos Simões Pereira explicou, que, apesar de ter ficado preocupado com a medida decretada pelo presidente Alpha Condé, a compreende.
"Dentro de pouco tempo, menos de um mês, vai haver eleições na Guiné-Conacri, um país vizinho (da Guiné-Bissau) e que decidiu fechar as suas fronteiras com a Guiné-Bissau, Senegal e Serra Leoa. Fiquei preocupado, mas compreendo", observou Simões Pereira.
O líder do PAIGC referiu que a medida vai no sentido de evitar "movimentos de desestabilização e de adulteração" das eleições presidenciais.
De acordo com Simões Pereira, há informações que apontam que o Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embalo, "declarou de forma aberta e expressa" o seu apoio a um candidato nas eleições da Guiné-Conacri.
"O mais preocupante ainda é quando se ouve dizer que está em preparação um contingente de pessoas que vão sair da Guiné-Bissau, do Senegal e da Serra Leoa para irem à Guiné-Conacri com o propósito de aumentar o número de pessoas que vão votar no candidato que escolheram", disse o líder partidário.
Sem abordar a questão de forma explícita, o líder do PAIGC refere-se ao grupo étnico fula a que pertencem Umaro Sissoco Embaló, os presidentes do Senegal (Macky Sall) da Gâmbia (Adama Barrow) e Cellou Dalien Diallo, principal opositor do Presidente Alpha Condé nas eleições da Guiné-Conacri.
"É claro que a Guiné-Conacri aprendeu a lição com o que aconteceu na Guiné-Bissau e decidiu fechar a sua fronteira", sublinhou o líder do PAIGC, chamando a atenção sobre um problema que, considerou, merece uma análise séria por ser "muito grave".
Domingos Simões Pereira pediu para que o assunto seja tratado de forma urgente e lembrou que no passado foi mal compreendido disse ter informações de técnicos do Ministério da Justiça guineense que diziam ter provas de um processo fraudulento de legalização de estrangeiros em vésperas das eleições presidenciais na Guiné-Bissau, no final do ano passado.
"É bastante preocupante saber que um determinado grupo social tem pessoas com cinco nacionalidades diferentes, o que lhes permite movimentarem-se para validar eleições em países diferentes. Isso não traz a paz, traz conflito", declarou o líder do PAIGC.
Domingos Simões Pereira chamou a atenção para o facto de a Guiné-Bissau ter de "parar de exportar confusão e problemas" para países vizinhos e frisou que Umaro Sissoco Embaló tem que começar a mostrar obra.
"É chegada a hora de iniciarmos o trabalho para provarmos ao povo que somos melhores de que o Presidente cessante ou melhor do que aquela pessoa que queria ser Presidente", notou Simões Pereira, que foi adversário de Embaló na segunda volta das eleições presidenciais guineenses, em dezembro do ano passado.
Conosaba/Lusa
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