O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, disse hoje que vai reforçar o poder tradicional no país, mas avisou que os régulos (chefes tradicionais) devem deixar de pertencer aos partidos políticos e de cometer abusos contra a população.
Após ouvir os lamentos e críticas de régulos de várias comunidades, num encontro numa unidade hoteleira de Bissau, Sissoco Embaló disse ser também descendente de régulos da zona leste do país e por isso alguém com sensibilidade para os problemas que enfrentam.
"Quero pedir-vos que deixem de ser representantes de partidos políticos nas vossas comunidades. A partir de hoje, o régulo que tiver cartão de um partido político que o queime, porque não vamos aceitar isso", disse Embaló.
O Presidente guineense exortou os régulos a fazerem respeitar-se para que possam merecer a atenção das autoridades estatais, que os querem dignificar nas suas funções junto das comunidades.
"Estou aqui para reforçar o poder tradicional no nosso país", enfatizou o chefe de Estado, exortando os régulos a terem comportamentos aceitáveis.
Umaro Sissoco Embaló disse que não vai tolerar que o régulo continue a casar, às vezes à força, raparigas de 15, 16 anos "só porque é o régulo".
"Parem de casar raparigas novas e ponham toda a gente na escola nas vossas comunidades", apelou o Presidente guineense, que prometeu ainda promover um encontro nacional com todos os elementos do poder tradicional.
O ministro da Administração Territorial e Poder Local, Fernando Dias, aproveitou a ocasião para anunciar estar "no bom caminho" a criação pelo Governo de um estatuto especial dos elementos do poder tradicional.
Fernando Dias disse que o Governo está neste momento a estudar, por exemplo, de que forma é feita a sucessão no reinado de cada grupo étnico do país.
Ainda pediu aos régulos no sentido de ajudarem o Governo a apaziguar as disputas entre comunidades ou pessoas da mesma aldeia sobre a posse de terra, um problema que disse ser recorrente em toda a Guiné-Bissau.
O ministro exortou os régulos a não esquecerem que as comunidades guineenses são habitadas por pessoas de vários grupos étnicos.
"Temos de saber que nas nossas terras hoje existe uma mistura de etnias. O régulo não pode ignorar isso e quando faz justiça não pode tomar parte de pessoas da sua etnia, quem for apanhado a atuar dessa forma será exonerado pelo Governo", avisou Fernando Dias.
No encontro, os régulos aproveitaram para pedir ao Presidente, entre outros, o reforço do seu poder de autoridade nas comunidades, melhoria das bolanhas (campos de cultivo do arroz) e ainda colaboração da justiça para acabar com o roubo do gado bovino.
Conosaba/Lusa
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