Cerca de 5,3 milhões de eleitores foram chamados este domingo, 18 de Outubro de 2020, às urnas para escolher entre 12 candidatos às presidenciais, dos quais se destacam o Presidente cessante Alpha Condé, 82 anos que briga um terceiro mandato consecutivo, apesar de fortes oposições no seu país e do outro lado, o seu rival direto, Cellou Dalein Diallo, 68 anos.
As mesas de voto fecharam no final da tarde e, neste momento, a Guiné-Conacri sustém a respiração dada a tensão que se tem vivido nos últimos meses à medida que se ia aproximando o escrutínio, num país onde as transições políticas acontecem frequentemente na dor.
Com 12 a 13 milhões de habitantes, a Guiné-Conacri é um dos mais pobres do mundo, apesar da importante dimensão dos seus recursos em bauxite, ferro, diamantes e petróleo. Instável de forma crónica, esta antiga colónia francesa que se tornou independente em 1958, foi dirigida durante mais de 25 anos com pulso de ferro por Ahmed Sékou Touré, cujo regime foi responsável da morte ou desaparecimento de 50 mil pessoas e do exílio de milhares de outras. Depois da sua morte em 1984, um militar, Lansana Conté toma o poder e conserva-o em virtude de eleições consideradas fraudulentas, até falecer em 2008. Ao cabo de uma transição política, dão-se as primeiras eleições democráticas do país em 2010, um escrutínio que marca a chegada de Alpha Condé ao poder.
Este último tornou hoje pela terceira vez consecutiva a concorrer à presidência, frente a Cellou Dalein Diallo que derrotou nas duas anteriores eleições em 2010 e 2015.
Após a adopção em Março, através de um referendo, de uma Constituição remodelada por iniciativa de Alpha Condé, ficou aberta a via até então vedada de um terceiro mandato para o Presidente que só recentemente admitiu que era candidato à sua própria sucessão, apesar de uma forte oposição reprimida ao preço de dezenas de mortos.
Eterno opositor, longos anos exilado em França, “o professor” que se atribui a reconstrução de um país que encontrou em ruínas quando chegou ao poder em 2010, tem vindo porém a ser colocado em questão pela oposição que denuncia designadamente atropelos aos Direitos Humanos, a repressão policial, a corrupção, assim como o seu desempenho económico, pontos sobre os quais o seu principal adversário neste escrutínio, Cellou Dalein Diallo, apelou a “virar a página de 10 anos de mentiras”.
Nesta campanha em que não foram raros os conflitos entre os apoiantes dos diversos candidatos, o analista guineense Rui Landim viu o reflexo de um mal-estar existente na sub-região e constatou igualmente a expressão de tribalismos.
No caso de não haver um vencedor logo na primeira volta deste escrutínio, as autoridades eleitorais prevêem a organização de uma segunda volta no dia 24 de Novembro. As presidenciais deste Domingo são as primeiras de uma agenda eleitoral densa na África do oeste com presidenciais previstas no próximo dia 31 de Outubro na costa de Marfim, o Burkina Faso, o Gana e o Níger prevendo igualmente eleger um novo presidente até ao final do ano.
In rfi
Conosaba/odemocratagb
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