O advogado guineense Luis Vaz Martins admitiu hoje que algumas agências das Nações Unidas no país podem estar a sofrer pressões para entregarem o antigo primeiro-ministro do país, Aristides Gomes, refugiado nas instalações da organização em Bissau desde fevereiro.
Demitido das suas funções pelo atual Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, Aristides Gomes pediu proteção pessoal na sede da Uniogbis (agência da ONU para consolidação da paz na Guiné-Bissau) e que deve encerrar definitivamente em dezembro.
Aristides Gomes tem sido acusado pela justiça guineense de ter, alegadamente, cometido crime económico e peculato, durante o período em que liderou o Governo do país, mas os seus advogados sempre negaram as alegações.
De acordo com os advogados do político, o magistrado Juscelino Pereira "tentou forjar" um suposto despacho em que atribuía a decisão ao Tribunal de Relação, em como Aristides Gomes estava com uma medida de coação que o obriga a não se ausentar do país, com risco de fuga por ter dupla nacionalidade, guineense e francesa.
O presidente do Tribunal de Relação, o juiz Tijane Djaló desmentiu que aquela instância tenha produzido qualquer despacho nesse sentido e esclareceu que não existe nenhum processo em curso contra Aristides Gomes naquele tribunal.
O coletivo de advogados que defendem Gomes apresentaram hoje uma queixa-crime contra Juscelino Pereira a quem acusam de "falsificação, prevaricação, usurpação de função pública, sequestro e mais crimes".
Em nome do coletivo de advogados, Luís Vaz Martins, antigo presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, disse aos jornalistas que aguardam que o Ministério Público atue contra o magistrado, mas se não o fizer admitem avançar para outras instâncias tanto no país como no estrangeiro.
Sobre o facto de Aristides Gomes estar na sede da Uniogbis, que está prestes a fechar as portas, Vaz Martins afirmou que o coletivo está a analisar a situação, embora tenha a consciência de que aquela agência da Organização das Nações Unidas "esteja a sofrer muita pressão do poder político para entregar" o ex-primeiro-ministro, enfatizou.
"Estamos em crer que as agências da ONU não estão a levar de forma fiel o que se passa em relação a este processo que é uma perseguição política mais do que algo de ilegal que o nosso constituinte tenha feito", defendeu Vaz Martins.
Conosaba/Lusa
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