Por: yanick Aerton
Este artigo não visa a ninguém, mas sim trata-se de um olhar sobre alguns comportamentos que merecem ser revistos, no quadro da governação ou da assunção de alguma responsabilidade importante em empresas participadas ou noutras estruturas ligadas ao Estado.
Considera-se de atitude de infantilidade e de falta de profissionalismo, quando alguém é nomeado e chega a um departamento pensando que nada tinha sido feito antes, ou pura e simplesmente, desvaloriza aquilo que foi feito até essa data.
Como decisão sensata, deve aproveitar tudo o que de bom foi feito e corrigir aquilo que entende não ter interesse ou importância para o colectivo.
A humildade deve ser a maior virtude, sobretudo daquele que se encaixa no retrato retro.
O que está a ser feito hoje em termos de realizações podia ter sido feito há muito, caso houvesse maior grau de engajamento e de patriotismo da parte daqueles que tiveram a oportunidade de exercer no passado. Não é porque não tivessem feito algo, mas podiam ter feito mais, se não estivessem preocupados em servir-se em vez de servir, função para a qual tinham sido nomeados, na base da confiança política.
É de grande honestidade aplaudir o que está a ser feito hoje pelas novas autoridades, o que é uma obrigação do colectivo governamental. Mas também devemos reconhecer que os que antecederam também tinham tentado fazer aquilo que estava ao seu alcance, e se calhar estavam a actuar em ambientes políticos que não lhes eram favoráveis, razão pela qual não conseguiram fazer mais.
No entanto, se formos recuar no tempo, concluímos que sobre este povo foi cometido descaradamente um grande pecado, pois os governantes da altura tinham todas as condições para que Guiné-Bissau fosse um autêntico Eldorado, um autêntico oásis neste deserto chamado África Ocidental.
Mas o mais importante agora é o facto de ter sido diagnosticadas as omissões ou falhas e ter-se a noção clara daquilo que deve ser feito.
O advento das novas autoridades vem como uma resposta as várias interrogações, entre as quais, sobre se de facto Guiné-Bissau é um pais viável, tendo em conta a má gestão das importantes ajudas recebidas nos primeiros anos da independência?
Yes, we can. Dizia o Barack Hussein Obama.
Por isso, uma vez virada a página da instabilidade política, os Guineenses sem exceção, devem encarar com muita seriedade e responsabilidade as tarefas de desenvolvimento para criar o tão adiado bem-estar das populações.
Fomos a uma competição, e no fim alguém ganhou. Mas isso não significa que essa vitória seja um cheque em branco para se continuar a cometer desgovernações que perpetuam o status quo. Daí a necessidade de uma disciplina de ferro e uma justiça célere e dura capaz de combater a corrupção.
Foi eleito um Presidente da República, ambicioso e com excelentes relações no mundo fora.
Foi nomeado um governo determinado a mudar a imagem da Guiné-Bissau, um governo que traz a juventude e a experiência;
Temos uma sociedade civil interventiva e atenta aos acontecimentos;
Temos uma população bem politizada que olha para este regime como o realizar do tão almejado sonho do Amílcar Cabral;
Temos um Presidente da República que em nenhum momento hesitaria em tomar medidas para afastar qualquer elemento que não esteja à altura do cargo para que foi nomeado ou se comporte em régulo ou chefe de posto.
Perante tudo isso, o que é que falta para o país arrancar, de facto?
Todos estariam de acordo de que é A FALTA DE CONFIANÇA ENTRE OS IRMÃOS GUINEENSES.
E o que é preciso fazer para que os Guineenses se reencontrem para transformar o país em Eldorado?
A receita é bastante simples.
Seguindo o conselho do Presidente da Gâmbia, o Presidente Umaro Sissoco Embaló deve ser o mais tolerante possível. Com isso, aconselha-se que o Presidente da República:
Envie uma delegação para Portugal a fim de convencer o DSP a voltar ao país para continuar as suas actividades políticas;
Que cessem todas as hostilidades entre o regime e a oposição, sobretudo aquelas atitudes menos plausíveis, como os insultos, programas radiofónicos que se assemelham a “rádio mil colinas”, que insistentemente agudizam as contradições;
Que sejam promovidos programas televisivos e radiofónicos onde são debatidas as questões de interesse, não puramente partidário, mas nacional;
Que o Presidente da República proceda a inclusão do PAIGC no governo, mas não a custa de dilatação do mesmo, mas sim através de uma remodelação cirúrgica que tenha em conta o peso de cada partido representado na Assembleia Nacional Popular;
Que o PAIGC abandone essa reivindicação que sabe de antemão que nunca será satisfeita, porque irrealista.
Com este cenário, a Guiné-Bissau será o país frequentável na nossa sub-região e não só.
Isso não significa que os partidos políticos vão abdicar das suas actividades, pelo contrário, estarão mais activos a controlarem-se no governo, garantindo assim ao país uma governação que vá ao encontro das aspirações do heróico povo Guineense.
Reflectíamos sobre esta ideia, com o espírito de Guinendade.
Peace and love!
P.S.:
A referência que se fez aqui em relação ao mano DSP, e o facto de ele ser parte do problema. Da mesma forma que podia ser também parte da solução Não é que seja o mais importante, mas o partido que dirige continua a ser a maior força política do país (veja-se a configuração da ANP).
Esta é a minha modesta opinião, no quadro da liberdade de expressão que me garante a CRGB e demais leis.
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