quinta-feira, 13 de agosto de 2020

INUNDAÇÕES NA GUINÉ-BISSAU SÃO CONSEQUÊNCIA DE DESRESPEITO HUMANO PELO AMBIENTE - MINISTRO DO AMBIENTE E DA BIODIVERSIDADE

O ministro do Ambiente e da Biodiversidade da Guiné-Bissau, Viriato Cassamá, disse hoje à Lusa que as inundações em várias zonas urbanas do país são "consequência da ação de desrespeito humano pelo meio ambiente", sobretudo nas zonas húmidas.

Especialista em alterações climáticas, Viriato Cassamá referiu que há vários anos que chama a atenção das populações e das autoridades do país sobre a necessidade de serem adotadas outras formas de lidar com o ambiente e que as consequências estão a ser sentidas neste momento.

"Eu vinha, já há bastante tempo, a chamar a atenção aos cidadãos de Bissau e às instituições que fazem a gestão do espaço no sentido de se ter cuidado na cedência de terrenos", afirmou Viriato Cassamá, antigo responsável pelos programas de alterações climáticas na Guiné-Bissau.

O ministro notou que os seus apelos para "um cuidado redobrado" na cedência de terrenos em zonas húmidas, bem como o uso de betão para construção dos canais de drenagem de água, "não eram ouvidos no passado".

"Tem havido uma ocupação desenfreada e descontrolada das zonas húmidas que é a zona de excelência de recarga de aquíferos, isso faz com que a água que cai das chuvas que devia entrar para o subsolo provoque inundações", observou o especialista ambiental, formado em Portugal.

De acordo com o prognóstico pluviométrico feito pelo Instituto Nacional de Meteorologia da Guiné-Bissau, nos meses de agosto e setembro "vai chover muito", adiantou Viriato Cassamá, prevendo, desta forma, mais estragos nas zonas urbanas e campos de cultivo.

O governante considerou ser normal que haja relatos da população sobre a presença de crocodilos em ambientes urbanos, porque, notou, o nível da água do mar subiu e os canais de drenagem das águas pluviais estão entupidos pela ação humana.

"O que se deve fazer é repensar melhor a forma de ocupação de espaços conforme as regras internacionais", advogou Viriato Cassamá, apontando para um plano estratégico em preparação agora que é o ministro do Ambiente, impondo regras claras para a gestão integrada das zonas costeiras.

Populares e motoristas queixam-se do facto de as estradas em quase todo o país estarem intransitáveis devido à quantidade de água ou pela ação destruidora das chuvas.

Com a subida da água do mar, sendo a Guiné-Bissau um "país extremamente plano, baixo até", em que a zona mais alta do território situa-se nas colinas do Boé, no leste, com um pico de 250 a 260 metros de altura, uma acentuada queda de chuvas "pode deixar tudo inundado", observou o ministro.

Conosaba/Lusa

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