Os artesãos da Guiné-Bissau pediram hoje estabilidade política para que o país possa receber turistas que comprem as peças "inigualáveis e inconfundíveis" que são criadas pelos guineenses.
Segundo Alexandrina Mané, uma das responsáveis da Associação de Produtores e Promotores de Arte (APPA), "a estabilidade política é vital neste momento" e o país necessidade de "ter mais turistas".
A dirigente da associação, que representa 222 artesãos, acredita que a partir da legalização da APPA, o ano passado, a associação "tem pernas para andar" no sentido de dinamizar um setor que a própria diretora-geral do Artesanato, Catarina Taborda, admite ter "um potencial enorme" para o Produto Interno Bruto (PIB) na Guiné-Bissau.
"A Guiné é um país pequenino, mas se trabalhar bem o turismo, o artesanato entra, encaixa-se perfeitamente, e o país e os artesões ganham", referiu Mané, piscando o olho às companhias áreas que operam na Guiné-Bissau, sobre o que devia ser o seu papel na promoção do artesanato guineense.
Por causa das restrições das bagagens, os turistas preferem cada vez mais comprar peças leves para evitar excesso de carga, defendeu Alexandrina Mané, que fala em prejuízos enormes para os artesões, que, disse, têm nos objetos maiores a "parte do leão do seu negócio".
Alexandrina Mané e Catarina Taborda são as duas caras visíveis do trabalho da afirmação local e promoção além-fronteiras do artesanato da Guiné-Bissau.
As duas mulheres têm a particularidade de serem ex-emigrantes na Europa e só recentemente terem regressado ao país. Sonham ver o artesanato a ser comprado mais pelos guineenses e ainda a afirmar-se nos mercados internacionais com o rótulo oficial: Made in Guiné-Bissau.
Enquanto Alexandrina Mané tenta juntar os artesões, levar a Câmara Municipal de Bissau a entregar em definitivo à AMPA a feira onde atualmente se compra o artesanato na capital guineense e criar no local um museu, Catarina Taborda trata do lado legal do setor.
A diretora-geral, em funções desde julho último, já conseguiu fazer aprovar uma legislação sobre o setor - que aguarda pela promulgação do Presidente guineense - e já levou o artesanato do país a três feiras internacionais (Brasil, Canárias e Cabo Verde).
Ainda neste mês de janeiro, conta estar na Fitur (Feira Internacional do Turismo) em Espanha. Contando com a APPA, a luta de Catarina Taborda passa agora pela criação de uma carteira profissional para os artesões guineenses.
Mas, antes Catarina Taborda, quer recensear todos os artesões da Guiné-Bissau "para saber onde estão, quem é que são e o que fazem", já que, defendeu, existe um certo equívoco dos empregadores que pensam que só é artesão quem esculpe objetos em madeira.
A diretora-geral do Artesanato quer mudar aquela perceção e fazer com que o artesanato passe a contribuir para o PIB da Guiné-Bissau a partir de um trabalho de sustentabilidade que fará com que quem lá trabalhe tenha rendimentos suficientes ao ponto de construir, por exemplo, a sua própria casa, observou.
Alexandrina Mané vê "um outro senão".
Os artesões mais velhos estão a desaparecer sem transmitir os seus conhecimentos aos mais novos, o que, disse, ser um perigo que a associação tenta inverter, incentivando cada vez mais os jovens a gostarem do setor, nomeadamente as raparigas.
A diretora-geral do Artesanato enaltece o facto de algumas escolas da Guiné-Bissau estarem já a ministrar cursos ensinando técnicas artesanais.
Portugal é um dos principais destinos do artesanato feito na Guiné-Bissau, disse Catarina Taborda, embora, na maioria dos casos, sem certificação oficial.
Conosaba/Lusa
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