Para: ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA
Durante o período que durou a Guerra Colonial/Ultramar(1961-1975) goram mobilizados para Angola,Moçambique e Guiné,aos serviço do Estado Português,cerca de um milhão de homens,portugueses.
Muitos destes Militares portugueses mantiveram durante o conflito,relações com mulheres locais,que resultaram em filhos que foram deixados para trás,hoje são homens e mulheres que por causa das suas origens,carregam histórias de amargura,descriminação racial exclusão social e pobreza. Nos países de origem há quem lhes chame de "restos de tuga".
A Internacional Network for Interdisciplinary Research on Children Bor of War (Rede Internacionalde Pesquisa Interdisciplinar sobre Crianças Nascidas da Guerra) constitui um grupo de investigadores de vários países que se umiu em 2006 para estudar o problema transversal das "crianças nascidas da guerra" que resultaram desde relações amorosas a prostituição e violações,e propor soluções politicas tentando sensibilizar desde Governos nacionais ás Nações Unidas, notando que o direito à identidade está na Declaração Universal dos Direitos do Homem.
A sua ultima Recomendação foi:"Os filhos nascidos da guerra sofrem com a falta de conhecimento em relação aos seus Pais biológicos.Os Governos,assim como as Instituições nacionais e internacionais são incentivados a pôr em pé medidas que garantam o seu direito à identidade."Os abaixo assinados entre os quais se incluem vários ex-combatentes da Guerra Colonial/Ultramar,vêm por este meio solicitar ao Governo português que conceda a estes filhos de pais Portugueses que,na maior parte dos casos,nunca irão ter a oportunidade de vir a conhecer,os seus pais biológicos o seu direito legítimo à Nacionalidade,na esteira do que já teve lugar com o Decreto Lei Nº 30-A/2015 de 27 de Fevereiro,em que o Estado português passou a permitir a concessão da nacionalidade Portuguesa aos descendentes de judeus safarditas obrigados a sair de Portugal,há cinco séculos atrás,num acto que se quis de reparação histórica.
Conceder aos filhos africanos de militares portugueses a Nacionalidade dos seus pais desconhecidos seria uma forma de dignificar as suas difíceis vidas e um acto de justiça que ajudaria a fechar este ciclo da História de Portugal.
ORDEM MILITAR DA TORRE E ESPADA, DO VALOR, LEALDADE E MÉRITO É A MAIS IMPORTANTE ORDEM HONORÍFICA PORTUGUESA.
Capitão Graduado “Comando”, João Bacar Jaló, nasceu a 2 de Outubro de 1929, em Banir, freguesia de Cacine, concelho de Catió/Guiné Portuguesa. Incorporado como voluntário em 1 de Março de 1949, na 2ª Companhia Indígena de Caçadores. Licenciado em 11 de Junho de 1951, como 1º cabo. Em 11 de Setembro de 1962 é nomeado Chefe dos Caçadores Nativos, onde pela sua actuação valorosa em combate é condecorado com a medalha da Cruz de Guerra de 4ª Classe, em 1964. Por Portaria de 8 de Junho de 1965 é graduado em Alferes de 2ª linha, e nomeado Comandante da Companhia de Milícias nº 13. Em 26 de Dezembro de 1966 é graduado em Tenente de 2ª linha. Em 1965 é condecorado com a Cruz de Guerra de 2ª classe. Em finais de 1969 frequenta um curso com vista à formação de unidades de “Comandos” africanos. Em 13 de Fevereiro de 1970 é nomeado comandante da 1ª Companhia de Comandos Africana, cujo curso frequenta com aproveitamento, terminando em 15 de Julho de 1970. É condecorado com a medalha de Ouro de Serviços Distintos, com palma, a título póstumo. Faleceu em combate em 16 de Abril de 1971.
TCOR "CMD" MARCELINO DA MATA
Tenente-Coronel do SGE “Comando”, Marcelino da Mata, nasceu a 7 de Maio de 1940, em Ponta Nova, freguesia de Buba, concelho de Fulacunda.
Alistado e incorporado, como voluntário, em 3 de Janeiro de 1960, com a especialidade de condutor auto. Promovido a 1º Cabo em 2 de Agosto de 1963, e colocado no Pelotão de Comando e Serviços do Quartel-General, em Bissau.
Pertenceu, como voluntário, ao Grupo de Comandos reduzido, que participou na Operação “Tridente”. Frequentou com aproveitamento o 1º Curso de Comandos, realizado no CTIG, integrando o Grupo de Comandos “Panteras”.
Pela sua actuação em combate é condecorado com a medalha da Cruz de Guerra de 2ª classe, em 1966.
Promovido por distinção a Furriel do QP. Em 01 de Setembro de 1966 pede transferência para o Batalhão de Caçadores nº 1887, passando a comandar uma Secção do Grupo de Combate tipo “Comandos” “Os Roncos”. É condecorado com a medalha da Cruz de Guerra de 1ª classe. Em 30 de Setembro de1967 é promovido a 2º Sargento.
Em 24 de Junho de 1969 é transferido para a16ª Companhia de Comandos.
Em 01 de Setembro de 1971 é colocado no COE/CCFAG e promovido a 1º Sargento. Em 26 de Outubro de 1972 é colocado, por conveniência de serviço, na 1ª Companhia de Comandos Africana. Transferido para o Batalhão de Comandos nº 11, em Setembro de 1974 e em 1 de Maio de 1975, no Regimento de Comandos.
É promovido por distinção a Alferes do SGE, contando a antiguidade a 1 de Agosto de 1973.
Na situação de reforma extraordinária, desde 19 de Dezembro de 1980.
Um comando não foge
António Mamad Camará, antigo comando que combateu por Portugal, mostra a fotografia com o fato de cerimónia.
No dia em que a guerra acabou voltou para casa. E ficou à espera. Esperou que os portugueses se lembrassem dele. Viu centenas de companheiros serem perseguidos, fuzilados e enterrados em valas comuns. Não fugiu. E ninguém mais se lembrou dele. Um comando não foge. Mas pode chorar
Traídos. Perseguidos. Esquecidos. Os militares guineenses que lutaram por Portugal antes do 25 de Abril não mereciam o que lhes fizeram. Se quisermos ser justos, os guerrilheiros pela libertação estão hoje no mesmo estado de abandono que os que serviram no exército colonial. Mas a diferença é que a ex-tropa portuguesa, nomeadamente as forças especiais, tiverem que sobreviver a uma purga brutal, de assassínios, fuzilamentos e ostracismo que durou até 1980. Pelo menos.
Nem todos fugiram. António Mamadu Camará esteve em todas as grandes operações. No ‘Mar Verde’ que entrou na Guiné-Conacri. Na terrível Ametista Real, lá para cima em Guidaje que se infiltrou no Senegal, na zona de Cumbamori, para atacar uma base do PAIGC e que foi das mais fatais de sempre para os comandos. Porque haveria de fugir? Quando a independência chegou foi para casa, em Nova Lamego, rebatizada Gabu. E ficou à espera. Principalmente que o Estado português se lembrasse dele ou que os seus irmãos dos comandos o contactassem. De casa viu o que fizeram aos seus camaradas.
Conosaba//expresso
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