José Eduardo dos Santos volta a ser candidato único à liderança do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder desde 1975, mas é a sua sucessão que alimenta as horas que antecedem o congresso de Luanda.
O VII congresso ordinário do partido, aguardado com grande expectativa, decorre entre 17 e 20 de agosto, com o interesse concentrado sobre as opções em face da anunciada sucessão. Entre vários membros do atual Governo e os filhos, Isabel dos Santos e Filomeno dos Santos, a imprensa local tem vindo a colocar vários nomes para cima da mesa, mas tão pouco o modelo de transição do poder é conhecido, tendo em conta as eleições gerais agendadas para agosto de 2017.
Fontes do partido em Luanda preferem não arriscar qualquer cenário, sendo certo que tudo estará dependente da opção a tomar pelo próprio José Eduardo dos Santos, sobre o seu sucessor: Diretamente da carreira política do partido ou de fora, do empresariado, como os filhos.
"Ao nosso VII congresso, vai ser apresentada a moção de estratégia do líder do partido, que é um documento em que será definido o rumo a seguir pelo partido e pelo Estado, para realizar as aspirações do povo angolano e construir um futuro melhor para todos", sublinhou o líder do MPLA, a 09 de agosto, na última intervenção antes da reunião magna do partido.
"Este documento também vai servir de guia para preparar melhor o partido para os próximos desafios e assim vencer as eleições gerais de 2017. Temos de continuar a trabalhar bem para manter a confiança do povo angolano", declarou.
No poder há praticamente 37 anos, após a morte, em setembro de 1979, do primeiro Presidente angolano, António Agostinho Neto, o líder do MPLA e chefe de Estado fez em março o anúncio que desde logo condicionou o partido: "Em 2012, em eleições gerais, fui eleito Presidente da República e empossado para cumprir um mandato que nos termos da Constituição da República termina em 2017. Assim, eu tomei a decisão de deixar a vida política ativa em 2018".
Contudo, o que José Eduardo dos Santos estrategicamente não clarificou até agora foi em que moldes será feita a sua saída da vida política ou mesmo se ainda estará disponível para concorrer às eleições gerais de 2017, antes da sua retirada.
Apesar do anúncio, feito na abertura de uma reunião ordinária do Comité Central do MPLA, já então convocada para preparar este congresso ordinário do partido, no mesmo dia acabou por ser aprovada a recandidatura de José Eduardo dos Santos ao cargo, formalizada quase 04 meses depois.
Como nenhuma outra candidatura apareceu até 14 de julho, José Eduardo dos Santos volta a concorrer sozinho nas eleições a realizar neste congresso. Com uma lista única ao Comité Central também definida, na qual entra o filho José Filomeno dos Santos mas que não inclui Isabel dos Santos, perceber os moldes da candidatura do MPLA às eleições de 2017 afigura-se como o grande motivo de interesse dos 04 dias de congresso e sobretudo das intervenções do presidente do partido.
A esta questão, que em Luanda ninguém arrisca responder com certezas, coloca-se também saber se José Eduardo dos Santos pretende voltar a encabeçar a lista, independentemente da sua anunciada saída em 2018, e nesse cenário também o número dois, face à aparentemente fragilizada posição de Manuel Vicente.
É que o atual vice-Presidente de República liderou antes a petrolífera estatal Sonangol, que se encontra uma profunda crise financeira - desde junho liderada por Isabel dos Santos -, e as investigações da Justiça portuguesa à sua atividade tiveram eco igualmente em Angola.
Lusa/Conosaba
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